Hérnia de Spiegel
O que é hérnia1 de Spiegel?
A hérnia1 de Spiegel, também conhecida como hérnia1 ventro-lateral, é uma condição rara que ocorre quando os tecidos ou órgãos abdominais ou o peritônio2 se projetam através de um defeito na parede muscular ântero-lateral do abdômen. Ela se desenvolve na borda do músculo reto3 abdominal, que está localizado na parte lateral do abdômen, perto dos músculos4 oblíquos do abdômen.
É a mais rara entre as hérnias5 da parede abdominal6. Essa hérnia1 é assim nomeada em homenagem ao anatomista Adriaan van der Spiegel, que a descreveu pela primeira vez em 1764.
Quais são as causas da hérnia1 de Spiegel?
A hérnia1 de Spiegel pode ser devida a vários fatores:
- defeito inato do tecido conjuntivo7 da parede abdominal6;
- levantamento de peso;
- atividades esportivas;
- obesidade8;
- tosse;
- gravidez9;
- infecção10 pós-operatória;
- presença de fluido abdominal;
- dificuldade de urinar ou evacuar;
- degeneração11 da camada aponeurótica, que pode ocorrer com o decorrer da idade;
- e defeitos da síntese do tecido12 colagenoso.
A hereditariedade13 também é um fator na probabilidade de um indivíduo desenvolver uma hérnia1 de Spiegel. O quadrante inferior da parede abdominal6 pode enfraquecer também no decurso de alguma enfermidade ou trauma. Em alguns casos a hérnia1 pode ser idiopática14, dita então “hérnia ventro-lateral espontânea”.
Qual é o substrato fisiopatológico da hérnia1 de Spiegel?
A hérnia1 de Spiegel ocorre na linha de Spiegel, que é a parte da aponeurose localizada entre a linha semilunar15 e a borda lateral do músculo reto3 abdominal. Embora sua fisiopatologia16 não seja conhecida em sua totalidade, uma das teorias mais aceitas sugere que ela se desenvolve devido a uma fraqueza na camada muscular da parede abdominal6 e/ou a uma pressão intra-abdominal excessiva, levando à protrusão de órgãos internos, como a gordura17 peritoneal ou o intestino, através de uma abertura na fáscia18 (camada de tecido conjuntivo7 que envolve os músculos4) da parede abdominal6.
Essa fraqueza pode ser congênita19, resultante de predisposição hereditária; causada por traumas, como lesões20 ou cirurgias prévias na região abdominal; ou decorrer de atividades que exercem pressão crônica sobre a parede abdominal6, como o levantamento de peso excessivo, a tosse crônica, a gravidez9, entre outros fatores.
Quais são as características clínicas da hérnia1 de Spiegel?
A hérnia1 de Spiegel é incomum em crianças e mais incidente21 (embora rara) em adultos. Em geral, ela é unilateral e só muito raramente bilateral.
As pessoas com hérnia1 de Spiegel apresentam dor intermitente22 (indo e vindo), um nódulo23 ou massa e todos os sinais24 clássicos de obstrução intestinal. Podem apresentar uma protuberância quando permanecem na posição vertical, embora o desconforto às vezes possa ser confundido com uma ulceração25 péptica, em virtude da sua localização anatômica abdominal e a semelhança de alguns sintomas26. A protuberância pode ser dolorosa quando o paciente se alonga, mas desaparece quando ele está deitado em posição de repouso.
No entanto, vários pacientes não apresentam sintomas26 óbvios, mas sim uma vaga sensibilidade ao longo da área em que a fáscia18 de Spiegel está localizada. Os sintomas26, quando existem, podem incluir dor abdominal, desconforto ou sensação de pressão na região afetada.
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Como o médico diagnostica a hérnia1 de Spiegel?
A hérnia1 de Spiegel é mais difícil de diagnosticar que as demais hérnias5 abdominais, já que muitas vezes não se manifesta como uma protuberância visível sob a pele28. O diagnóstico29 de uma hérnia1 de Spiegel é tradicionalmente difícil de ser alcançado apenas pela história clínica ou pelo exame físico. Muitas vezes, ela permanece não diagnosticada até que se torne dolorosa ou que o paciente experimente complicações mais evidentes, como encarceramento, estrangulamento ou obstrução intestinal.
O diagnóstico29 definitivo é feito por meio de exames de imagens, como ultrassonografia30, tomografia computadorizada31 ou ressonância magnética32. A ultrassonografia30 ou tomografia computadorizada31 fornecerão imagens melhores para a detecção de uma hérnia1 do que uma simples radiografia.
Como o médico trata a hérnia1 de Spiegel?
O tratamento da hérnia1 de Spiegel envolve cirurgia para reposicionar os tecidos ou órgãos herniados e reparar a parede muscular enfraquecida. A hérnia1 pode ser reparada por procedimento aberto ou cirurgia laparoscópica. A cirurgia é simples e apenas defeitos maiores exigem uma prótese33 de tela.
Se o risco de encarceramento for confirmado, a cirurgia torna-se uma emergência34 médica. Hoje em dia, uma hérnia1 de Spiegel pode ser reparada através de laparoscopia35 robótica e a maioria dos pacientes pode retornar para casa no mesmo dia.
O reparo de sutura36 laparoscópica sem tela é uma abordagem descomplicada e combina os benefícios de um fechamento simples da parede abdominal6 com menores custos.
Como evolui a hérnia1 de Spiegel?
De modo geral, os pacientes que sofrem de hérnia1 de Spiegel não complicada têm um excelente prognóstico37, após a correção cirúrgica. Se ocorrerem complicações, a morbidade38 e a mortalidade39 aumentam, mas, em geral, são baixas.
Quais são as complicações possíveis com a hérnia1 de Spiegel?
A hérnia1 de Spiegel tem um alto risco de estrangulamento e quando não diagnosticada a tempo pode levar a complicações graves, como encarceramento, obstrução intestinal, estrangulamento e peritonite40. Após a cirurgia podem ocorrer infecções41, hematomas42, seroma, danos a vísceras abdominais e recorrência43 da hérnia1.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e da U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.