Discinesia vesical - causas, características clínicas, diagnóstico, tratamento e possíveis complicações
O que é discinesia vesical1?
A discinesia (do grego: dys = anormal ou dificuldade + kinesis = movimento) vesical1, também conhecida como disfunção do músculo detrusor2, é um distúrbio da bexiga3 que afeta o funcionamento normal dos músculos4 daquele órgão e que pode levar a problemas no armazenamento e esvaziamento da urina5.
Para que a micção6 ocorra de forma eficaz, os músculos4 e esfíncteres7 da bexiga3 precisam contrair-se e relaxar-se coordenadamente.
Quais são as causas da discinesia vesical1?
A discinesia vesical1 pode ser causada por uma variedade de fatores:
- traumas na medula espinhal8, como acidentes automobilísticos ou quedas, podem afetar os nervos que controlam a bexiga3, levando à discinesia vesical1;
- a diabetes9 pode danificar esses mesmos nervos, resultando em problemas de motilidade;
- algumas doenças neurológicas, como a esclerose múltipla10 ou a doença de Parkinson11, também podem afetar os nervos que controlam a bexiga3;
- cirurgias abdominais ou pélvicas12 anteriores, como cirurgia de próstata13 em homens ou cirurgia ginecológica em mulheres, podem afetar a função da bexiga3;
- o uso de alguns medicamentos, como anticolinérgicos ou bloqueadores alfa, podem causar discinesia vesical1 como efeito colateral14;
- o estresse e a ansiedade podem levar a contrações musculares anormais da bexiga3;
- e outras condições médicas, como cistite15 intersticial16 ou síndrome17 da bexiga3 hiperativa, podem estar associadas à discinesia vesical1.
Leia sobre "Exame de urina18", "Urodinâmica", "Ultrassonografia19" e "Incontinência urinária20".
Qual é o substrato fisiopatológico da discinesia vesical1?
Normalmente, durante a fase de armazenamento, a urina5 é contida na bexiga3 pelo tônus dos complexos esfincterianos. À medida que a bexiga3 se enche de urina5, a ativação simpática contrai o esfíncter21 interno e fecha o colo22 da bexiga3. Quando a bexiga3 se enche e se dá a necessidade de micção6, há inibição do sistema nervoso23 simpático24, causando relaxamento da musculatura do esfíncter21 externo. No entanto, na disfunção vesical1, esses mecanismos não funcionam tão sincronicamente, resultando em retenção ou perdas involuntárias de urina5.
Na discinesia vesical1, pode haver uma disfunção na comunicação entre os nervos e os músculos4 da bexiga3, o que pode resultar em contrações inadequadas e ineficazes, fraqueza muscular ou falta de coordenação entre os músculos4 e os esfíncteres7 uretrais.
Em alguns casos, a discinesia vesical1 pode ser causada por uma hiperatividade do músculo detrusor2, resultando em urgência25 urinária, incontinência urinária20 e/ou micções26 frequentes. Em outros casos, a discinesia vesical1 pode ser associada a uma fraqueza dos músculos4 da bexiga3, o que dificulta a capacidade da bexiga3 de se contrair de forma eficaz para esvaziar completamente a urina5, levando a uma retenção urinária27, em que a urina5 não é eliminada da bexiga3.
Algumas condições médicas, como obstruções do trato urinário28 devido a cálculos renais, tumores ou estenoses29 uretrais, podem contribuir para a discinesia vesical1, tornando difícil ou impossível o esvaziamento adequado do órgão.
Lesões30 ou doenças que afetem o sistema nervoso23, como lesões30 na medula espinhal8, esclerose múltipla10 ou neuropatias, podem interferir na comunicação entre o cérebro31 e a bexiga3, levando à discinesia vesical1.
Fatores psicológicos, como estresse, ansiedade e outros, podem desempenhar um papel na discinesia vesical1, exacerbando os sintomas32 ou contribuindo para a disfunção da bexiga3.
Quais são as características clínicas da discinesia vesical1?
Na discinesia vesical1, os músculos4 e esfíncteres7 da bexiga3 não funcionam coordenadamente, o que pode resultar em uma série de sintomas32 e problemas urinários, tais como dificuldade em esvaziar completamente a bexiga3, micções26 frequentes e/ou urgentes, incontinência urinária20 (perda involuntária33 de urina5), dificuldade em iniciar a micção6 e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga3.
Como o médico diagnostica a discinesia vesical1?
O diagnóstico34 da discinesia vesical1 deve começar pelo histórico médico atual e passado do paciente, bem como de cirurgias anteriores e medicamentos eventualmente em uso. Em seguida, o exame físico permitirá verificar o tamanho e a forma da bexiga3 e sentir se há alguma anormalidade. Uma análise de urina5 pode ser solicitada para descartar infecções35 ou outras condições do trato urinário28 que possam causar sintomas32 semelhantes.
Estudos urodinâmicos são frequentemente usados para avaliar o funcionamento da bexiga3 e do trato urinário28 e podem incluir:
- cistometria, em que um cateter é inserido na bexiga3 para medir sua pressão e a capacidade, enquanto preenchida com líquido;
- urofluxometria, que mede a taxa de fluxo da urina5 durante a micção6;
- e estudos de pressão de fechamento, que avaliam a pressão que a uretra36 exerce sobre a bexiga3 durante a micção6.
Uma ultrassonografia19 pode ser realizada para avaliar a aparência da bexiga3 e do trato urinário28, ajudando a identificar possíveis anormalidades estruturais. A ressonância magnética37 ou a tomografia computadorizada38 podem ser usadas para obter imagens detalhadas da bexiga3 e do trato urinário28 superior. A cistoscopia39 envolve a inserção na bexiga3, através da uretra36, de um tubo flexível (cistoscópio) com uma câmera em sua extremidade para visualizar a bexiga3 internamente.
Como o médico trata a discinesia vesical1?
O tratamento da discinesia vesical1 depende da causa subjacente da condição e da gravidade dos sintomas32. O primeiro passo no tratamento é identificar a causa subjacente. Dependendo da causa, o tratamento pode resolver os sintomas32 da discinesia vesical1.
Dependendo da natureza da discinesia e das necessidades individuais do paciente, o médico pode prescrever medicamentos para relaxar os músculos4 da bexiga3 ou medicamentos que estimulam a sua contração. A fisioterapia40 pode ser útil para alguns pacientes com discinesia vesical1. Um fisioterapeuta especializado pode ensinar exercícios para fortalecer os músculos4 do assoalho pélvico41 e melhorar o controle da bexiga3. Em casos de incontinência urinária20, pode ser recomendado um treinamento da bexiga3.
Em alguns casos graves de discinesia vesical1, pode ser necessário considerar intervenções cirúrgicas, com colocação de dispositivos médicos, como marcapassos vesicais, ou procedimentos cirúrgicos para melhorar a função da bexiga3.
Quais são as complicações possíveis com a discinesia vesical1?
Diagnosticar e tratar corretamente e a tempo na discinesia vesical1 é importante porque ela tem potencial de causar infecção42 urinária e insuficiência renal43. Em pacientes com lesão44 medular, a discinesia vesical1 tem sido associada ao desenvolvimento de hidronefrose45.
Veja também sobre "Bexiga3 neurogênica", "Cistocele46 ou bexiga3 caída" e "Principais distúrbios urinários".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do TAU - Translational Andrology and Urology e da U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.