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Febre hemorrágica brasileira

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O que é a febre1 hemorrágica2 brasileira?

A febre1 hemorrágica2 brasileira (FHB) é uma doença viral grave, muito rara, que causa febre1 alta, hemorragias3 intensas, insuficiência renal4, choque5 e morte. O vírus6 da FHB afeta roedores silvestres, principalmente em áreas tropicais e subtropicais do Brasil e, excepcionalmente, seres humanos.

Apenas 5 casos de febre1 hemorrágica2 brasileira constam na literatura desde a década de 1990 (primeiro caso) até 2020.

Quais são as causas da febre1 hemorrágica2 brasileira?

A doença é causada pelo vírus6 Sabiá, que pertence à família dos Arenavírus, e pode ser transmitida por contato direto com roedores infectados e seus excrementos ou saliva, bem como por contato com o sangue7, tecidos ou fluidos corporais de uma pessoa infectada.

O vírus6 tem esse nome porque o primeiro caso foi detectado próximo ao Jardim Sabiá no município de Cotia, em São Paulo.

A doença também pode ser transmitida por meio de picadas de insetos, como mosquitos. De uma pessoa para outra, a febre1 hemorrágica2 pode ser transmitida por contato direto com as secreções e excreções de pacientes infectados e que estejam com casos ativos de febre1 hemorrágica2 brasileira.

Leia mais sobre "Hemorragias3", "Choque hipovolêmico8", "Transfusão9 de sangue7", "Doação de sangue7" e "Hemostasia10".

Um pouco de história da febre1 hemorrágica2 brasileira

Os arenavírus são patógenos transmitidos por roedores com potencial para causar infecções11 de febre1 hemorrágica2 em humanos. Os vírus6 são classificados em duas categorias: Velho Mundo e Novo Mundo, com base na localização geográfica. A distribuição geográfica desses vírus6 parece depender da presença do roedor hospedeiro. Casos similares à febre1 hemorrágica2 brasileira foram registrados também na Argentina, na Bolívia e na Venezuela, fazendo acreditar que existe um Arenavírus sul-americano.

Uma precisa definição da febre1 hemorrágica2 brasileira é difícil, devido à escassez de casos, à falta de identificação do hospedeiro/vetor e à área endêmica ainda indefinida, bem como à coexistência geográfica de outras febres hemorrágicas12 virais, como febre amarela13 e febre1 hemorrágica2 da dengue14.

Apenas 5 casos da doença já foram relatados, 3 casos selvagens e 2 casos adquiridos em laboratório. A primeira infecção15 silvestre foi diagnosticada em São Paulo em 1990, em uma jovem engenheira agrônoma previamente saudável, que relatou viagem para o município de Cotia, no estado de São Paulo, 10 dias antes ao início dos sintomas16. O segundo caso selvagem ocorreu em 1999, em um paciente de 32 anos, do sexo masculino, operador de máquina de grãos de café, residente de área rural do Espírito Santo do Pinhal, no estado de São Paulo. O terceiro caso selvagem foi diagnosticado no estado de São Paulo em janeiro de 2020, em um morador de Sorocaba, previamente saudável, com exposição recente ao campo.

Um alto índice de suspeição é necessário em um paciente com doença febril e que desenvolve características hemorrágicas12.

Quais são as características clínicas da febre1 hemorrágica2 brasileira?

O período de incubação17 do vírus6, ou seja, o período que acontece entre a infecção15 e o aparecimento dos primeiros sintomas16, pode durar entre 5 e 21 dias, sendo que o paciente pode ficar totalmente assintomático durante essa janela de tempo.

Os sintomas16 iniciais da FHB incluem:

  • febre1 alta;
  • mal-estar;
  • dores de cabeça18;
  • dores musculares e outras dores pelo corpo;
  • tontura19;
  • sensibilidade à luz;
  • intestino preso;
  • sonolência;
  • pressão arterial20 baixa;
  • manchas vermelhas pelo corpo;
  • náuseas21 e vômitos22.

Conforme a doença progride, os pacientes podem desenvolver sintomas16 mais graves, incluindo:

Como o médico diagnostica a febre1 hemorrágica2 brasileira?

A FHB pode apresentar alguma dificuldade para ser diagnosticada. A primeira etapa no diagnóstico30 deve ser a avaliação clínica cuidadosa dos sintomas16 e do histórico médico do paciente.

O médico também pode solicitar exames laboratoriais, como testes de sangue7, para confirmar o diagnóstico30. Esses testes podem incluir um hemograma completo para avaliar as células sanguíneas31 e a presença de anticorpos32 específicos para o vírus6 causador da febre1 hemorrágica2 brasileira.

Além disso, outros exames, como a análise de urina33 e exames da função hepática34 e renal35, podem ser necessários para avaliar a gravidade da doença e detectar possíveis complicações.

Como o médico trata a febre1 hemorrágica2 brasileira?

Não há tratamento específico para a FHB. Os pacientes com sintomas16 graves podem precisar de internação em UTI e suporte para manter a função dos órgãos. Os tratamentos de suporte incluem a administração de líquidos, transfusões de sangue7 e cuidados para manter a pressão arterial20.

O antiviral Ribavirin mostrou-se eficaz no tratamento de alguns casos de Arenaviroses. Os pacientes que usaram a medicação tiveram um curso mais benigno da enfermidade e conseguiram sobreviver.

Como evolui a febre1 hemorrágica2 brasileira?

O prognóstico36 da FHB varia dependendo da gravidade da doença e da rapidez com que é tratada. A taxa de mortalidade37 pode variar de 20% a 50%, dependendo do surto e das condições de tratamento disponíveis. É importante notar que a FHB é uma doença rara, mas altamente contagiosa38 e potencialmente fatal, portanto, medidas de prevenção devem ser tomadas para evitar a exposição ao vírus6.

Como prevenir a febre1 hemorrágica2 brasileira?

As medidas preventivas incluem evitar o contato com roedores silvestres, usar equipamentos de proteção individual ao manusear animais, limpar regularmente as áreas onde os roedores podem viver e evitar áreas onde ocorreram surtos da doença. A conscientização sobre a doença e sua transmissão também é fundamental para prevenir sua disseminação.

Saiba mais sobre "Hemorragias3 grave", "Dengue14", "Febre amarela13" e "Febres hemorrágicas12".

 

Referências:

 As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Science Direct e da Rede D’or São Luiz.

ABCMED, 2023. Febre hemorrágica brasileira. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1436670/febre-hemorragica-brasileira.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
2 Hemorrágica: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
3 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
4 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
5 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
6 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
7 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
8 Choque hipovolêmico: Choque é um distúrbio caracterizado pelo insuficiente suprimento de sangue para os tecidos e células do corpo. O choque hipovolêmico tem como causa principal a perda de sangue, plasma ou líquidos extracelulares. É o tipo mais comum de choque e deve-se a uma redução absoluta e geralmente súbita do volume sanguíneo circulante em relação à capacidade do sistema vascular.
9 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
10 Hemostasia: Ação ou efeito de estancar uma hemorragia; mesmo que hemóstase.
11 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
12 Hemorrágicas: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
13 Febre Amarela: Doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela, que ocorre na América do Sul e na África. Os sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). A única forma de prevenção é a vacinação contra a doença.
14 Dengue: Infecção viral aguda transmitida para o ser humano através da picada do mosquito Aedes aegypti, freqüente em regiões de clima quente. Caracteriza-se por apresentar febre, cefaléia, dores musculares e articulares e uma erupção cutânea característica. Existe uma variedade de dengue que é potencialmente fatal, chamada dengue hemorrágica.
15 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
16 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
17 Incubação: 1. Ato ou processo de chocar ovos, natural ou artificialmente. 2. Processo de laboratório, por meio do qual se cultivam microrganismos com o fim de estudar ou facilitar o seu desenvolvimento. 3. Em infectologia, é o período que vai da penetração do agente infeccioso no organismo até o aparecimento dos primeiros sinais da doença.
18 Cabeça:
19 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
20 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
21 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
22 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
23 Prostração: 1. Ato ou efeito de prostrar(-se); prosternação 2. Debilidade física; fraqueza, abatimento, moleza. 3. Abatimento psíquico ou moral; depressão.
24 Hepatites: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
25 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
26 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
27 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
28 Capilar: 1. Na medicina, diz-se de ou tubo endotelial muito fino que liga a circulação arterial à venosa. Qualquer vaso. 2. Na física, diz-se de ou tubo, em geral de vidro, cujo diâmetro interno é diminuto. 3. Relativo a cabelo, fino como fio de cabelo.
29 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
30 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
31 Células Sanguíneas: Células encontradas no líquido corpóreo circulando por toda parte do SISTEMA CARDIOVASCULAR.
32 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
33 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
34 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
35 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
36 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
37 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
38 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
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