Síndrome de Rett
O que é a síndrome1 de Rett?
A síndrome1 de Rett é uma doença genética rara, não hereditária, que afeta o sistema nervoso central2, principalmente de meninas de tenra idade (6 a 18 meses), mas que pode, ainda mais raramente, afetar também meninos, com quadros clínicos mais graves e até mesmo fatais.
Ela se caracteriza por causar atraso no desenvolvimento físico e neurológico. É a segunda maior causa genética de deficiência intelectual em meninas, ficando atrás apenas da Síndrome de Down3. A incidência4 é de cerca de 1 a cada 10.000 meninas nascidas e de 1 a cada 1 milhão de meninos nascidos.
A síndrome1 foi descrita pela primeira vez pelo neurologista5 austríaco Andreas Rett, em 1966, que a diferenciou do autismo e da paralisia6 cerebral, com as quais era confundida anteriormente.
Quais são as causas da síndrome1 de Rett?
A síndrome1 de Rett está relacionada com uma mutação7 do gene MECP2 do cromossomo8 sexual X e pode estar associada também a mutações nos genes FOXG1 ou CDLK5, necessários para o desenvolvimento do cérebro9, e a outras cerca de 200 mutações genéticas que ocorrem no cromossomo8 X.
O curso e a gravidade da síndrome1 de Rett são determinados pela localização, tipo e gravidade dessas mutações e pelo grau da inativação do X.
Leia sobre "Mutações genéticas", "Mutações cromossômicas", "Autismo", "Síndrome1 de Asperger" e "Transtornos do espectro autista".
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Rett?
Os meninos têm apenas uma cópia de X (XY) e, por isso, desenvolvem uma forma muito mais grave da doença e poucos deles sobrevivem até os dois anos de idade. As meninas são mais protegidas pelo fato de possuirem dois cromossomos10 X (XX), e costumam viver até uma idade avançada de 60 ou 70 anos, uma vez que defeitos ocasionados pela mutação7 em um dos cromossomos10 são compensados pela outra cópia sadia.
O gene MECP2 produz uma proteína que é responsável pelo correto funcionamento das células nervosas11 ligadas às funções motoras e cognitivas. Quando o gene sofre mutação7, a produção dessa proteína é alterada, prejudicando o desempenho das atividades de todas as células12 ligadas a ele. Assim, os pacientes afetados pela síndrome1 de Rett têm o desenvolvimento dos neurônios13 comprometido.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Rett?
Os bebês14 nascidos com a síndrome1 de Rett geralmente são resultantes de uma gestação sadia e a termo e passaram por um parto sem intercorrências. Ao nascerem, apresentam desenvolvimento e comportamento normais até a idade de um ano.
A partir daí começam a perder as habilidades que já haviam adquirido: começam a não pronunciar palavras já conhecidas; tornam-se introspectivos, desinteressados e perdem as habilidades de executar certos movimentos; ficam ansiosos, irritadiços e passam a exibir movimentos estereotipados com as mãos15. O comprometimento das funções cognitivas e motoras costuma ser grave a ponto de impedir que levem a vida por conta própria.
Em resumo, os sintomas16 mais característicos que induzem ao diagnóstico17 começam a se manifestar entre os 6 e 18 meses e são:
- perda de habilidades motoras previamente aprendidas;
- dificuldade em andar e coordenar movimentos;
- comportamentos repetitivos, como esfregar as mãos15 ou bater a cabeça18;
- atraso na fala ou perda completa da fala;
- problemas de comunicação e socialização;
- e problemas respiratórios, como hiperventilação ou apneia19 do sono.
É comum também que haja convulsões, escoliose20 e arritmias21. Esses sintomas16 acontecem predominantemente nas meninas, uma vez que os meninos morrem muito precocemente.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Rett?
O diagnóstico17 da síndrome1 de Rett é eminentemente22 clínico, baseado nos sintomas16. No entanto, os sintomas16 desta doença podem, de início, ser confundidos com os de outras patologias neurológicas, como a paralisia6 cerebral, a síndrome1 de Angelman ou o autismo.
Exames bioquímicos ou de imagens podem ser solicitados quando se deseja excluir outras enfermidades relacionadas. Embora muitos sintomas16 da síndrome1 de Rett se pareçam com os sintomas16 do autismo, incluindo dificuldade nas habilidades sociais e de comunicação, ela é um distúrbio separado.
Como o médico trata a síndrome1 de Rett?
Atualmente não há cura para a síndrome1 de Rett, mas o tratamento se concentra no controle dos sintomas16 e na melhoria possível da qualidade de vida do paciente. Isso pode incluir terapia ocupacional23, fisioterapia24, fonoaudiologia, medicamentos para controlar convulsões e outros sintomas16, além de apoio emocional e psicológico para o paciente e sua família.
Como evolui a síndrome1 de Rett?
A síndrome1 de Rett apresenta 4 estágios evolutivos típicos:
- Estágio inicial, dos 6 aos 18 meses, em que a criança pode parecer normal, mas no qual já podem haver sinais25 precoces discretos, como atraso no desenvolvimento, perda de habilidades motoras finas e redução da interação social.
- Estágio de regressão, de 1,5 aos 3 anos, durante o qual a criança perde as habilidades que já tinha adquirido, como a capacidade de falar, andar e usar as mãos15, e passa a apresentar estereotipias das mãos15, bem como crises de choro e irritabilidade.
- Estágio de estagnação, entre os 3 e 10 anos, quando a criança pode não mostrar muitos sinais25 de progressão ou regressão de seu desenvolvimento. Ela pode ter dificuldade em andar, falar e realizar atividades diárias, mas essas dificuldades parecem ter parado de evoluir.
- Estágio de deterioração motora tardia, após os 10 anos de idade. Nesta fase, a criança pode perder ainda mais habilidades motoras, como a capacidade de andar e assentar sem ajuda.
Em geral, as meninas com síndrome1 de Rett podem ter uma expectativa de vida26 reduzida em comparação com a população em geral, embora muitas delas possam viver até a idade adulta e além. Algumas pessoas com síndrome1 de Rett podem ter complicações de saúde27 graves, como problemas respiratórios, convulsões ou problemas cardíacos, que podem afetar a expectativa de vida26.
Veja também sobre "Distúrbios de aprendizagem escolar", "Distúrbios do processamento auditivo central" e "Distúrbio neurocognitivo".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Associação Nacional de Pais e Amigos Rett (Portugal) e da Associação Brasileira de Síndrome de Rett.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.