Deficiência intelectual
O que é deficiência intelectual?
No passado, a deficiência intelectual era conhecida por outras denominações: oligofrenia, idiotia, imbecilidade e retardo mental. Com o tempo, esses termos se tornaram pejorativos e foram substituídos por Transtornos do Desenvolvimento Intelectual ou Deficiência Intelectual.
A deficiência intelectual (ou cognitiva1) é uma situação geralmente congênita2 ou precocemente adquirida na infância (no máximo, o início deve ocorrer antes dos 18 anos de idade) em que a pessoa tem dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas, estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras e realizar atividades cotidianas. Essas habilidades estão ligadas à inteligência, envolvem raciocínio, planejamento e organização. A deficiência intelectual é, pois, uma situação de inteligência baixa, comprometendo outras áreas da vida.
Quais são as causas da deficiência intelectual?
Há várias razões para deficiência intelectual, sendo que as causas genéticas, congênitas3, gravídicas e perinatais são as mais comuns. A desnutrição4 severa da criança e o envenenamento por metais pesados durante a infância também podem acarretar deficiência intelectual. Em cerca de 40% dos casos, a causa permanece desconhecida.
Os principais fatores de risco são distúrbios cromossômicos e genéticos, distúrbios metabólicos, doenças ou má nutrição5 materna, falta do acompanhamento médico pré-natal, lesões6 cerebrais adquiridas no nascimento, lesão7 cerebral traumática, distúrbios convulsivos, uso de álcool e drogas pelos pais, etc.
Saiba mais sobre "Pré-natal" e "Dieta saudável na gravidez8".
Quais são as principais características clínicas da deficiência intelectual?
A deficiência intelectual implica em limitações não só no funcionamento intelectual, mas também no comportamento social adaptativo, na aprendizagem, na autogestão de situações da vida cotidiana, na comunicação e habilidades ligadas à linguagem, leitura, escrita, matemática, raciocínio, conhecimento, memória e habilidades sociais.
A deficiência intelectual é predominante no sexo masculino em relação ao feminino e em países de baixa e média renda quando comparados com países de alta renda. Ela pode ter diferentes graus de profundidade. As crianças com algum grau de deficiência intelectual têm maiores dificuldades de aprendizagem na escola e na aquisição de novas competências, quando comparadas às demais crianças.
Cerca de 87% das crianças com deficiência intelectual têm um grau leve da condição e alcançam certa independência ao longo do seu desenvolvimento. Os 13% restantes, com comprometimentos mais severos, exigirão atendimento especial por toda a vida. As limitações ocasionadas pela deficiência intelectual variam muito de uma criança para outra, dependendo da sua profundidade, das relações sociais da criança e de seus aprendizados, mas sempre as pessoas têm dificuldade de executar atividades que são comuns para outras, como se tivessem menos idade do que realmente têm.
A deficiência intelectual costuma ser classificada em leve, moderada e profunda. Pessoas com uma deficiência intelectual leve podem chegar a realizar tarefas mais complexas e desenvolver aprendizagens sociais e de comunicação que lhes permite adaptarem-se ao mundo em que vivem. Sua aprendizagem escolar é mais lenta e, embora possam frequentar classes comuns, precisam de um acompanhamento especial.
As pessoas com deficiência intelectual moderada são capazes de alguma autonomia pessoal e social, mas não chegam a dominar as técnicas de leitura, escrita e cálculo9.
Na deficiência intelectual profunda, as pessoas têm grandes problemas de comunicação com o meio e são dependentes dos outros em quase todas as atividades.
O que fazer diante de pessoas com deficiência intelectual?
O respeito, o carinho e a dedicação são fundamentais para qualquer ser humano, incluindo aqueles com deficiência intelectual.
Na escola, o(a) professor(a) deve identificar as competências e habilidades que a criança tem e incentivá-las, ao invés de insistir no que o aluno não é capaz de fazer. Deve redimensionar as formas de exposição, flexibilizar o tempo e usar estratégias diversificadas, como a ajuda dos colegas. Também é importante o auxílio do adulto para a organização da rotina, indicando para o deficiente quais etapas devem ser seguidas na realização de uma dada tarefa.
A educação do aluno com necessidades educativas especiais almeja os mesmos objetivos da educação do aluno dito "não-especial". O que difere são os meios e as formas de se atingir esses objetivos. Para isso é necessário pensar em uma educação enriquecida, criativa, que possa se utilizar de instrumentos diversos, inclusive os recursos tecnológicos produzidos pela vida moderna, para que esse sujeito desfrute de uma educação de alta qualidade.
Como o médico diagnostica a deficiência intelectual?
A inteligência de uma pessoa pode ser avaliada por meio do Quociente de Inteligência10 (QI11), obtido por testes psicológicos padronizados. Fala-se em deficiência intelectual quando o QI11 está situado em 75 pontos ou menos.
Como o médico trata a deficiência intelectual?
A deficiência intelectual é uma condição irreversível. No entanto, a pessoa comprometida deve receber acompanhamento médico e estimulação de suas capacidades. As limitações existentes podem ser minimizadas por meio da estimulação sistemática de atividades escolares, profissionais e sociais.
Os resultados de vários estudos já publicados confirmam a grande influência do meio social e familiar no desenvolvimento de pessoas com deficiência, assim como o importante papel exercido pela escola e pelo trabalho nesse processo.
Como prevenir a deficiência intelectual?
O diagnóstico12 correto dos fatores causais feito no momento do nascimento pode evitar danos cerebrais causadores de deficiência intelectual, principalmente erros metabólicos inatos, como a fenilcetonúria13, por exemplo, que se não controlados levam à lesão7 cerebral.
Leia sobre "Fenilcetonúria13", "Paralisia14 cerebral infantil", "Como melhorar a memória" e "Exercite seu cérebro15 todos os dias".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.