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Atrasos do desenvolvimento - Como podem ser observados?

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O que é atraso do desenvolvimento?

Atraso no desenvolvimento refere-se a uma criança que não adquiriu as habilidades de desenvolvimento esperadas dela, em comparação com outras da mesma idade, embora possa vir a adquiri-las mais tarde. Esses atrasos podem ocorrer em todas as áreas da personalidade ou de modo específico:

  1. nas áreas da função motora;
  2. nas áreas da fala e linguagem;
  3. e nas áreas cognitivas, emocionais e sociais.

Quais são as causas do atraso do desenvolvimento?

As causas de atraso no desenvolvimento podem ser difíceis de identificar e determinar sua natureza. Assim, por exemplo, pode ser difícil distinguir entre atraso da fala e da linguagem em crianças pequenas.

A maioria das causas de atraso ocorre antes do nascimento da criança, mas algumas podem ocorrer mais tarde. Algumas condições são de origem genética ou inatas. Complicações durante a gravidez1 e o parto prematuro também podem causar atraso no desenvolvimento. Ele pode também ser um sintoma2 de outras condições médicas subjacentes incluindo, entre outras, transtornos do espectro autista, paralisia3 cerebral, transtornos ocasionados pelo álcool, miopatias e várias síndromes genéticas.

Traumas ou acidentes cerebrais também podem ser causas de atrasos do desenvolvimento.

Leia mais sobre "Autismo", "Gestação semana a semana" e "Desenvolvimento infantil".

Quais são as características clínicas do atraso do desenvolvimento?

Os atrasos no desenvolvimento podem se dar em uma ou em todas as três áreas mencionadas.

Função motora

As habilidades motoras podem ser classificadas em dois grupos:

  • habilidades motoras finas, que incluem pequenos movimentos, como segurar um brinquedo ou usar um lápis de cor;
  • habilidades motoras brutas ou grosseiras, que requerem movimentos maiores, como pular, subir escadas ou jogar uma bola.

As crianças avançam em ritmos diferentes nessas habilidades, mas a maioria das crianças pode levantar e sustentar a cabeça4 aos 3 meses de idade, sentar-se com algum apoio por volta dos 6 meses e caminhar bem antes do segundo aniversário. 

Uma demora acentuada em adquirir esses padrões pode significar que a criança tenha um atraso no desenvolvimento motor. Contudo, estar fora da faixa normal nem sempre é motivo de preocupação, por isso vale a pena levar a criança para uma avaliação do desenvolvimento com um pediatra.

Fala e linguagem

O momento mais fecundo para aquisição da fala e da linguagem são os primeiros 3 anos de vida. Já aos 6 meses de idade, a maioria dos bebês5 pode reconhecer os sons da linguagem básica. Aos 12 a 15 meses, eles já são capazes de dizer duas ou três palavras simples, mesmo que não estejam claras. Aos 18 meses, a maioria das crianças pode dizer várias palavras e, quando atingem a idade de 3 anos, a maioria das crianças pode falar em frases breves.

O atraso da fala nem sempre ocorre paralelamente ao da linguagem. Um atraso na fala ocorre quando as crianças não são capazes de dizer tantas palavras quanto seria esperado para sua idade. Um atraso na linguagem ocorre quando as crianças têm dificuldade em entender o que outras pessoas dizem ou não podem expressar seus próprios pensamentos.

Cognitiva6, emocional e social

O desenvolvimento cognitivo7, emocional e social engloba tanto as funções como memória, atenção, raciocínio e resolução de problemas quanto autorregulação emocional e das interações sociais. Na criança pequena isso se dá principalmente por meio das brincadeiras.

O brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança. Ao brincar, a criança aprende sobre cooperação, comunicação e acerca da relação com os demais, desenvolvendo a noção de respeito por si e pelo outro, assim como a sua autoimagem e autoestima.

As crianças com atraso cognitivo7, emocional e social podem precisar de mais tempo para aprender a se expressar e compreender, e para adotar moderações emocionais e das habilidades sociais necessárias para lidar com as outras pessoas. É natural que enfrentem dificuldades na escola e nas relações com os coleguinhas.

Como reconhecer um atraso do desenvolvimento?

Diagnosticar um atraso do desenvolvimento nem sempre é fácil. As crianças se desenvolvem em ritmos muito diferentes umas das outras e o que parece ser um atraso para uma pode ser normal para outra.

Em primeiro lugar, deve-se diagnosticar se há ou não um atraso de desenvolvimento e de que tipo ele é. Em seguida, deve-se partir para a pesquisa da causa desse evento. Para isso, o médico dependerá tanto de suas observações diretas como dos relatos de familiares da criança e, conforme suas suspeitas, pode solicitar exames laboratoriais que confirmem as causas do atraso e descartem outras possibilidades.

Como tratar o atraso do desenvolvimento?

O tratamento do atraso de desenvolvimento depende da sua causa e da idade da criança. Se a criança é reconhecida como tendo um atraso, ela deve receber apoio e assistência de profissionais especializados na área comprometida. Isso pode incluir terapia ocupacional8, fonoaudiologia, serviços de educação especializada e alguma forma de psicoterapia para pais e filhos.

Como evolui o atraso do desenvolvimento?

Como na maioria das vezes os atrasos no desenvolvimento se resolvem por si mesmos ou podem ser revertidos pelo tratamento, o prognóstico9 geralmente é bom. Contudo, aqueles devidos a causas orgânicas são de piores expectativas.

Crianças que viveram atrasos em áreas específicas da personalidade e tiveram correções espontâneas ou terapêuticas delas, depois de adultas não apresentam diferenças com as demais pessoas.

Veja também sobre "Microcefalia10", "Hipotireoidismo11 congênito12", "Dislexia adquirida" e "Distúrbios de aprendizagem escolar".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Yale Medicine (USA).

ABCMED, 2022. Atrasos do desenvolvimento - Como podem ser observados?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1423905/atrasos-do-desenvolvimento-como-podem-ser-observados.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
4 Cabeça:
5 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
6 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
7 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
8 Terapia ocupacional: A terapia ocupacional trabalha com a reabilitação das pessoas para as atividades que elas deixaram de fazer devido a algum problema físico (derrame, amputação, tetraplegia), psiquiátrico (esquizofrenia, depressão), mental (Síndrome de Down, autismo), geriátrico (Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson) ou social (ex-presidiários, moradores de rua), objetivando melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Além disso, ela faz a organização e as adaptações do domicílio para facilitar o trânsito dessa pessoa e as medidas preventivas para impedir o aparecimento de deformidades nos braços fazendo exercícios e confeccionando órteses (aparelhos confeccionados sob medida para posicionar partes do corpo).
9 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
10 Microcefalia: Pequenez anormal da cabeça, geralmente associada à deficiência mental.
11 Hipotireoidismo: Distúrbio caracterizado por uma diminuição da atividade ou concentração dos hormônios tireoidianos. Manifesta-se por engrossamento da voz, aumento de peso, diminuição da atividade, depressão.
12 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
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