Hepatite misteriosa em crianças
O que é a hepatite1 misteriosa em crianças?
No dia 04 de maio (2022), a Organização Mundial da Saúde2 já registrava casos de uma hepatite1 grave, de etiologia3 desconhecida, em crianças, em mais de 20 países em todo o mundo, com predomínio no Reino Unido e Estados Unidos. Os vírus4 causadores das hepatites5 A, B, C, D e E não foram encontrados em nenhum desses casos e assim foram descartados como causadores desse surto.
A relação temporal com a Covid-19 fez surgir a suspeita de alguma relação entre as duas condições ou com a vacinação contra a Covid-19. No entanto, essas suspeitas parecem estar afastadas até o momento. A maioria das crianças afetadas não havia tido a doença ou sido vacinada contra ela.
Como se trata de uma doença nova, os conhecimentos são ainda preliminares. É justo esperar que com mais tempo se obterá mais informes e certezas sobre essa nova patologia6.
Leia sobre "Hepatites5", "Hepatite1 A", "Hepatite1 B" e "Hepatite1 C".
Quais são as causas da hepatite1 misteriosa em crianças?
Ainda não se sabe, com certeza, a causa exata da hepatite1 misteriosa em crianças, mas muitos relatos confiáveis indicam o adenovírus como causa suspeita ou desempenhando algum papel relevante na doença. Existem cerca de 50 adenovírus que infectam pessoas, incluindo aqueles que causam resfriado comum, conjuntivite7 e desconforto gastrointestinal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde2 (OMS), alguns testes laboratoriais de cerca de 40% das crianças até agora deram positivo para adenovírus "F tipo 41". Se, de fato, um adenovírus for o agente causal, a disseminação dele pode ocorrer por contato pessoal próximo, gotículas respiratórias, objetos ou superfícies infectadas. Como o adenovírus foi detectado em alguns pacientes, mas não em todos eles, os investigadores estão pesquisando outras possíveis causas e identificando outros possíveis fatores contribuintes.
Ademais, o adenovírus tipo 41 não é uma causa comum de hepatite1 em crianças saudáveis e é mais geralmente causador de doenças estomacais graves em crianças. Nem todos os especialistas concordam com a hipótese do adenovírus e alegam que outros tipos de adenovírus podem causar hepatite1, mas geralmente só em pessoas imunodeprimidas, ao contrário de crianças previamente saudáveis como as acometidas por esse novo surto. Alegam também que não foi possível encontrar o vírus4 na biópsia8 do fígado9 em nenhuma das crianças que foram submetidas à prática. Os vírus4 que causam hepatite1 são massivamente encontrados no sangue10, mas nos casos da nova hepatite1 as cargas virais no sangue10 são baixas.
Em alguns casos, a análise também revelou a presença de um vírus4 adeno-associado, que só pode se multiplicar com a ajuda de outro vírus4, mais comumente um adenovírus. Juntando as peças, pode ser que a combinação de vírus4 esteja causando os sintomas11 incomumente graves.
Embora ninguém ainda saiba, com certeza, a verdadeira causa da doença, não pode ser de todo desprezada, como possibilidade de pesquisa, o fato de isso acontecer dois anos após o início da pandemia12 de coronavírus.
Quais são as características clínicas da hepatite1 misteriosa em crianças?
A síndrome13 clínica entre os casos identificados é de hepatite1 aguda com enzimas hepáticas14 acentuadamente elevadas. Muitos casos exibiram sinais15 e sintomas11 gastrointestinais antecedendo a hepatite1 aguda, incluindo dor abdominal, diarreia16 e vômitos17. A maioria dos casos não apresentou febre18.
Os vírus4 que comumente causam hepatite1 viral aguda (hepatites5 A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum desses casos. Viagens internacionais ou conexões com outros países com base nas informações atualmente disponíveis não foram identificados como fatores.
Os sinais15 e sintomas11 comuns das hepatites5 são febre18, fadiga19, perda de apetite, náuseas20, vômitos17, dor abdominal, urina21 escura, fezes claras, dores nas articulações22 e icterícia23. Nesses casos, especificamente, a febre18 parece ser rara e as náuseas20, vômitos17 e diarreia16 parecem mais comuns com esta nova hepatite1 aguda em crianças que nas hepatites5 em geral.
De acordo com a OMS, foram relatados casos em bebês24 a partir de 1 mês de idade até adolescente de 17 anos, mas a maioria dos casos ficou contida na faixa etária até os 6 anos. Houve casos tão graves que exigiram um transplante de fígado9 e, inclusive, casos de morte.
Nenhuma das crianças tinha condições médicas subjacentes significativas e todas viviam distantemente umas das outras, sem nenhum contato entre elas.
Como o médico diagnostica a hepatite1 misteriosa em crianças?
O diagnóstico25 dessa hepatite1 misteriosa deve ser feito a partir dos sinais15 e sintomas11 atribuídos a ela e do exame físico. Em geral, os sinais15 e sintomas11 e os dados laboratoriais não diferem muito dos que podem ser encontrados em outras formas de hepatite1 viral, a não ser o fato de essa nova hepatite1 não mostrar uma carga alta de vírus4 circulante.
Como o médico trata a hepatite1 misteriosa em crianças?
Os médicos estão discutindo qual é a melhor forma de tratar esses pacientes. O compartilhamento de dados entre eles sobre o tratamento eficaz é muito importante, já que a condição dessas crianças pode declinar muito rapidamente.
O que se sabe até aqui é que os tratamentos antivirais só são eficazes se o vírus4 estiver se replicando no corpo, enquanto os tratamentos que suprimem o sistema imunológico26 podem ser adequados para reações imunológicas desencadeadas por uma infecção27 anterior desconhecida.
Como evolui a hepatite1 misteriosa em crianças?
A maioria dos pacientes com a hepatite1 misteriosa se recuperou integralmente, embora tenha havido casos que demandaram um transplante de fígado9 e outros (poucos) que evoluíram para morte.
Como prevenir a hepatite1 misteriosa em crianças?
Como a doença parece ser transmissível, os pais devem ficar atentos aos sinais15 e sintomas11, manter as crianças em dia com todas as vacinas e adverti-las para lavarem as mãos28 com frequência e evitarem contato com pessoas doentes. Elas devem ser orientadas ainda a cobrir com um lenço ou com a mão29 as tosses e espirros e a evitar colocar as mãos28 nos olhos30, nariz31 ou boca32.
Veja também sobre "Insuficiência hepática33", "Exames do fígado9 ou Provas de função hepática34" e "Hepatograma35".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da WHO – World Health Organization e do CDC – Centers for Disease Control and Prevention.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.