Síndrome de Morris
O que é síndrome1 de Morris?
A Síndrome1 de Morris, ou síndrome1 de insensibilidade aos andrógenos2, é uma condição intersexo que afeta o desenvolvimento sexual antes do nascimento e durante a puberdade, caracterizada pela incapacidade parcial ou total das células3 para responder aos andrógenos2, como a testosterona, por exemplo.
Pessoas com essa condição são geneticamente masculinas, com cromossomos4 XY. No entanto, como seus corpos são incapazes de responder aos hormônios andrógenos2 (masculinos), eles podem ter características sexuais principalmente femininas ou sinais5 de desenvolvimento sexual ambíguo, masculino e feminino.
A Síndrome1 de Morris é uma forma de pseudo-hermafroditismo6 masculino, de caráter familiar, que se caracteriza por um genótipo7 (composição genética de um indivíduo) masculino com um fenótipo8 (manifestação visível ou detectável de um genótipo7) feminino. Nela foi observada uma desordem genética transmitida por gene recessivo ligado ao X, que determina a resistência periférica9 aos androgênios.
A condição é bastante rara e afeta apenas 1 pessoa em cada 20.000-64.000 nascidas com o genótipo7 XY (cromossomicamente masculinas).
Leia sobre "Mutações cromossômicas", "Hermafroditismo10", "Puberdade precoce" e "Criptorquidia11".
Quais são as causas da síndrome1 de Morris?
A síndrome1 de Morris é uma doença com herança ligada ao cromossomo12 X que afeta pacientes com cariótipo 46,XY, nos quais há dificuldade total ou parcial do processo de virilização intra-útero13 devido à alteração funcional do receptor de andrógenos2.
A condição clínica resulta da incapacidade parcial ou completa das células3 de responderem aos andrógenos2. A falta de resposta a esses hormônios pode inibir a masculinização da genitália14 no feto15 em desenvolvimento, bem como o desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas na puberdade, mas não prejudica significativamente os órgãos genitais femininos16. A insensibilidade aos andrógenos2 é, portanto, clinicamente significativa apenas quando ocorre em indivíduos com um cromossomo12 Y (masculinos).
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Morris?
A diferenciação sexual masculina normal depende da progressão de estágios distintos do desenvolvimento:
- Estabelecimento do sexo cromossômico masculino no momento da fertilização17.
- Ativação de genes indutores da diferenciação da gônada18 primitiva em testículo19.
- Diferenciação da genitália14 interna e externa, mediada por hormônios ou fatores testiculares. Essa diferenciação só culmina com a maturação sexual na puberdade e subsequente fertilidade.
Até a 6ª semana de gestação, os embriões apresentam gônadas20 primordiais bipotenciais, genitália14 externa indiferenciada e dois conjuntos de dutos genitais internos. A diferenciação dessas gônadas20, gerando os testículos21, inicia-se na 6ª ou 7ª semana de gestação e a da genitália14 externa masculina começa a se diferenciar entre a 9ª e 13ª semanas de gestação, por ação da testosterona e di-hidrotestosterona.
Na ausência de concentrações adequadas desses hormônios, ocorre falha na masculinização da genitália14 externa, com desenvolvimento do fenótipo8 inteiramente feminino ou graus variáveis de indefinição genital. Assim, qualquer anormalidade na produção dos andrógenos2 nessa fase da gestação causará masculinização incompleta, resultando em pseudo-hermafroditismo6 masculino.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Morris?
A falta de resposta das células3 aos andrógenos2 prejudica ou impede em diversos graus o desenvolvimento do pênis22 no feto15, bem como o desenvolvimento de características sexuais secundárias em indivíduos geneticamente XY na puberdade, sem prejudicar nele o desenvolvimento de características sexuais femininas. Com relação a esses desenvolvimentos, a Síndrome1 de Morris pode ser dividida em três formas de apresentação:
- Síndrome1 de insensibilidade androgênica completa, quando a genitália14 externa é inteiramente feminina (clitóris, grandes lábios, vagina23, etc.).
- Síndrome1 de insensibilidade androgênica leve, quando a genitália14 externa é tipicamente masculina.
- Síndrome1 de insensibilidade androgênica parcial, quando a genitália14 externa está parcialmente, mas não totalmente masculinizada, aparecendo como uma mistura das duas.
A síndrome1 de insensibilidade androgênica completa ocorre quando o corpo não pode usar nenhum androgênio. Pessoas com essa forma da doença, embora tenham características sexuais externas das mulheres, não têm útero13 e, portanto, não menstruam e são incapazes de conceber um filho. Elas geralmente são criadas como mulheres e têm uma identidade de gênero feminina. As pessoas afetadas têm órgãos sexuais internos masculinos (testículos21) que não descem completamente, o que significa que estão anormalmente localizados na pelve24 ou no abdômen.
As formas parciais e leves da síndrome1 de insensibilidade aos andrógenos2 ocorrem quando os tecidos do corpo são parcialmente sensíveis aos efeitos dos andrógenos2. Pessoas com insensibilidade parcial aos androgênios podem ter genitália14 que parece tipicamente feminina, genitália14 que tem características masculinas e femininas ao mesmo tempo ou genitália14 que parece tipicamente masculina. Eles podem ser criados como homens ou mulheres e podem ter uma identidade de gênero masculina ou feminina.
Pessoas com leve insensibilidade aos androgênios nascem com características do sexo masculino, mas geralmente são inférteis e tendem a apresentar aumento dos seios25 na puberdade.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Morris?
Um detido exame físico ajuda a fazer um diagnóstico26. A síndrome1 completa raramente é descoberta durante a infância. A maioria das pessoas com esta condição não são diagnosticadas até que não consigam menstruar ou quando têm dificuldades para engravidar e descobrem que são estéreis.
As pessoas XY parciais podem apresentar menor masculinização dos genitais, menor desenvolvimento de pelos e da musculatura e infertilidade27. Aquelas com XY completos podem apresentar presença da vagina23, mas não dos outros órgãos internos femininos, desenvolvimento normal de seios25 femininos, testículos21 em lugares anormais do corpo, exame de sangue28 com níveis normais de testosterona, ultrassonografia29 do abdome30 mostrando a ausência dos órgãos femininos internos ou presença de testículos21 intra-abdominais, e cariótipo (cromossomos4 presentes em cada célula31) XY, indicando o sexo masculino.
Como o médico trata a síndrome1 de Morris?
O manejo da Síndrome1 de Morris está atualmente limitado ao manejo sintomático32. Nenhum método está disponível até o momento para corrigir o mau funcionamento das proteínas33 receptoras de andrógenos2 produzidas por mutações no gene.
As áreas de gerenciamento incluem atribuição de sexo, genitoplastia, gonadectomia para reduzir o risco de tumor34, terapia de reposição hormonal, aconselhamento genético e aconselhamento psicológico.
Veja mais sobre "Sobre o uso de testosterona", "Terapia de Reposição Hormonal" e "Amenorreia35".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH – National Institutes of Health e do Archives of Medical Science.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.