Hermafroditismo
O que é hermafroditismo1?
O hermafroditismo1, também conhecido como intersexualidade, é uma condição muito rara (pouco mais de 500 casos no mundo inteiro) em que a pessoa possui ao mesmo tempo dois órgãos genitais, um masculino e outro feminino, ou uma combinação deles, cuja identificação é possível logo ao nascer.
Uma outra forma de hermafroditismo1 é aquela em que a criança nasce com a região genital externa bem definida, mas possui outras alterações gonadais importantes, como é o caso, por exemplo, de um menino que quando chega à adolescência experimenta um desenvolvimento das mamas2 semelhante às meninas e menstrua.
Em níveis mais primitivos da evolução, o hermafroditismo1 é uma condição natural. Alguns animais invertebrados não têm sexos separados. Neles, o hermafroditismo1 é uma condição normal, possibilitando uma forma de reprodução3 sexual na qual qualquer um dos parceiros pode atuar como masculino ou feminino. Por exemplo, a grande maioria dos tunicados, caracóis opisthobrânquios, caracóis pulmonares, minhocas e lesmas são hermafroditas. O hermafroditismo1 também é encontrado em algumas espécies de peixes e, em menor grau, em outros vertebrados. A maioria das plantas também são hermafroditas.
Leia sobre "Genética - Alguns conceitos básicos", "Etapas do desenvolvimento sexual", "Menstruação4" e "Polução noturna".
Quais são as causas do hermafroditismo1?
O hermafroditismo1 geralmente é causado pela exposição excessiva do feto5 feminino aos hormônios masculinos no útero6. Existem várias possibilidades para que isso aconteça: hiperplasia7 adrenal congênita8 (a causa mais comum), hormônios masculinos ingeridos ou elaborados pela mãe durante a gravidez9 e tumores produtores de hormônio10 masculino na mãe (na maioria das vezes, tumores ovarianos). Algumas vezes a causa permanece desconhecida.
Qual é o substrato fisiopatológico do hermafroditismo1?
Em humanos, as condições que envolvem discrepâncias entre a genitália11 externa e os órgãos reprodutivos internos são extremamente raras. No hermafroditismo1 verdadeiro, também chamado distúrbio ovotesticular, o indivíduo apresenta ao mesmo tempo tecido12 ovariano e testicular, que podem ser separados ou combinados no que é chamado de ovotestis.
Os indivíduos afetados têm cromossomos13 sexuais mostrando mosaicismo (combinação de dois materiais genéticos distintos provenientes do mesmo zigoto14), em que um indivíduo possui os pares de cromossomos13 masculinos XY e feminino XX). Na maioria das vezes, mas nem sempre, o complemento cromossômico é 46, XX, e em cada um desses indivíduos também existe evidência de material cromossômico Y em um dos autossomos, isto é, em qualquer um dos 22 pares de cromossomos13 que não sejam os cromossomos13 sexuais.
Indivíduos com um complemento cromossômico 46, XX (feminino) costumam ter genitália11 externa ambígua com um falo considerável e, portanto, são frequentemente criados como machos. No entanto, eles desenvolvem seios15 durante a puberdade e menstruação4 e, apenas em casos raros, realmente produzem esperma16.
Em 46, XX os indivíduos têm genitália11 externa masculina, mas a constituição cromossômica e órgãos reprodutivos de uma mulher. Em 46, XY os indivíduos têm genitais externos ambíguos ou femininos, mas a constituição cromossômica e os órgãos reprodutivos de um homem, embora os testículos17 possam estar malformados ou ausentes.
Quais são as características clínicas do hermafroditismo1?
Há três tipos clínicos de hermafroditismo1:
- O hermafroditismo1 verdadeiro, representados pelas crianças que nascem com os dois órgãos sexuais internos e externos bem formados (ovário18, útero6, vagina19, testículos17 e pênis20, etc.). Nele, a maioria das pessoas são geneticamente do sexo feminino (XX).
- O pseudo-hermafroditismo21 masculino, em que a criança nasce geneticamente como do sexo masculino (XY) embora os órgãos sexuais externos só se desenvolvam incompletamente.
- O pseudo-hermafroditismo21 feminino, em que a criança nasce geneticamente do sexo feminino (XX) embora o clitóris desenvolva-se excessivamente adquirindo um formato semelhante a um pênis20.
Como o médico diagnostica o hermafroditismo1?
Vários exames de laboratório e de imagens com fins diagnósticos podem ser levados a cabo e desempenhar um papel na identificação da condição. Isso pode incluir análise de cromossomos13, exames de sangue22 para investigar os níveis de hormônios e eletrólitos23, testes de estimulação hormonal, teste molecular, exame endoscópico, imagem de ultrassonografia24 e imagem de ressonância magnética25.
Como o médico trata o hermafroditismo1?
O tratamento da intersexualidade em humanos depende da idade em que o diagnóstico26 é feito. Se o diagnóstico26 se der no nascimento, a escolha do sexo será feita com base na condição da genitália11 externa, após o que a chamada cirurgia intersexo será realizada para remover as gônadas27 do sexo oposto. A genitália11 restante será então reconstruída para se parecer com a do sexo escolhido.
A reconstrução da genitália feminina28 sempre foi realizada mais fácil e prontamente do que a reconstrução da genitália masculina29, de modo que indivíduos ambíguos frequentemente eram tornados mulheres. No entanto, a cirurgia intersexual tem consequências de longo prazo para os indivíduos afetados. Mais tarde na vida, por exemplo, a pessoa pode não ficar satisfeita com os resultados da cirurgia e pode não se identificar com o sexo que lhe foi atribuído.
Assim, o consentimento do paciente tornou-se uma parte cada vez mais importante das decisões sobre a cirurgia, de modo que a cirurgia deve ser adiada até a adolescência ou idade adulta, para que o paciente tenha tempo suficiente para considerar seu sexo e ser capaz de tomar decisões informadas sobre o tratamento. Em indivíduos mais velhos, o gênero aceito pode ser reforçado pelos procedimentos cirúrgicos apropriados e pela terapia hormonal.
Veja também sobre "Mutações cromossômicas", "Triploidia", "Síndrome30 do X frágil", "Hipogonadismo" e "Síndrome30 de Turner".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Encyclopedia Britannica e do NIH – National Institutes of Health.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.