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Síndrome cervicobraquial

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O que é a síndrome1 cervicobraquial?

A síndrome1 cervicobraquial, também conhecida como cervicobraquialgia, é uma condição clínica que acomete a parte cervical da coluna vertebral2, entre as vértebras C1 e C7. Ela causa rigidez e dor no pescoço3, irradiando também para os braços e cintura escapular  omoplata4 e clavícula5 –, com ou sem dor de cabeça6 associada.

Quais são as causas da síndrome1 cervicobraquial?

A síndrome1 cervicobraquial pode ser o resultado de uma radiculopatia cervical, ou seja, por lesões7 que afetam as raízes dos nervos que emergem dos forames entre as vértebras da coluna cervical8. A síndrome1 cervicobraquial devido a alterações dos discos intervertebrais é produzida por lesões7 que afetam principalmente as articulações9 das vértebras C5/C6 e C6/C7 da coluna cervical8.

A síndrome1 também pode ser decorrente de compressão neurogênica e/ou vascular10 no desfiladeiro torácico. Nesse caso, o plexo braquial11, artéria12 subclávia ou veia subclávia também são comprimidos, devido ao estreitamento dos espaços nesta região.

Leia também sobre "Ombro congelado13 ou Capsulite adesiva14", "Bursite15 do ombro", "Luxação16 do ombro" e "Dor no pescoço3".

Qual é o substrato da síndrome1 cervicobraquial?

Muitos dos músculos17 da parte superior do tronco são supridos principalmente pelas raízes nervosas18 cervicais e são frequentemente afetados nas síndromes cervicais. Esses músculos17 incluem os romboides, os músculos17 supraespinhal e infraespinhal, deltoide19, serrátil anterior e grande dorsal.

Quais são as características da síndrome1 cervicobraquial?

A síndrome1 cervicobraquial é caracterizada por dor, dormência20, fraqueza e inchaço21 na região do pescoço3 e ombro. Também por dor e distúrbios sensoriais que se irradiam da coluna cervical para o membro superior, em um padrão radicular mais ou menos claro, isto é, no trajeto de distribuição do ramo nervoso em causa. A dor é principalmente aumentada pela atividade e aliviada pelo repouso, mas às vezes aumenta à noite, causando problemas para conciliar o sono.

Esses sintomas22 também podem ser acompanhados (ou não) por fortes dores de cabeça6. Pode haver também uma sensação de inchaço21 e peso nas mãos23. Frequentemente a cervicobraquialgia impede o paciente de realizar atividades cotidianas básicas e laborais como escovar os dentes, pentear os cabelos, trocar de roupas, amarrar sapatos, preparar alimentos, escrever e digitar.

Se não houver um pronto diagnóstico24 e tratamento adequados do quadro, as dores tornam-se progressivamente mais acentuadas e debilitantes.

Como o médico diagnostica a síndrome1 cervicobraquial?

O diagnóstico24 da síndrome1 cervicobraquial deve começar pela análise clínica do paciente, com história clínica e exame físico, embora não haja um critério clínico único para o diagnóstico24 de cervicobraquialgia e apenas sintomas22 mais frequentes, como dor e fadiga25 no braço, ombros e pescoço3.

O diagnóstico24 pode ser complementado com uma radiografia do pescoço3 em várias posições, ressonância magnética26 ou tomografia computadorizada27 do pescoço3, angiografia28 ou venografia para possíveis lesões7 vasculares29 e eletromiografia30 para avaliar danos nervosos.

Um diagnóstico24 diferencial deve ser estabelecido com outras razões que possam causar dores no pescoço3 e/ou no braço, como nervo preso, músculos17 torcidos do ombro, tendinite31 do supraespinhal, síndrome1 do túnel do carpo, epicondilite, etc.

Como o médico trata a síndrome1 cervicobraquial?

O tratamento deve ser, ao máximo, conservador e sintomático32. O primeiro objetivo do tratamento é aliviar a dor; o segundo é melhorar a função e a amplitude de movimentos.

Os medicamentos utilizados incluem analgésicos33, medicamentos anti-inflamatórios, relaxantes musculares e remédios para o sono, se necessário. Em caso de compressão vascular10, o médico pode prescrever vasodilatadores ou bloqueadores dos canais de cálcio.

Uma injeção34 no espaço epidural35 cervical (espaço entre a dura-máter36 e as paredes do canal vertebral37) é um meio eficaz para obter alívio imediato e duradouro da dor e melhora da cervicobraquialgia crônica. Uma injeção34 de esteroide nesse espaço é um tratamento conservador que tem o efeito de aliviar imediatamente após a injeção34 a dor nos músculos17 posteriores do pescoço3 por longo período.

Se ocorrer uma compressão muito significativa da raiz nervosa a ponto de resultar em fraqueza motora, pode ser necessária cirurgia para aliviar a pressão.

A fisioterapia38 manual deve fazer parte do tratamento conservador, certamente combinada com exercícios terapêuticos. O tratamento fisioterapêutico é construído a partir de diversos aspectos, como estimulação elétrica, crioterapia39, tratamento térmico profundo, ultrassom, gerenciamento cognitivo40-comportamental da dor e massagem de tecidos profundos. Além disso, o paciente deve ser insistentemente advertido sobre a necessidade de que mantenha uma postura correta, sobretudo no que diz respeito à região cervical.

Veja sobre "Dores no ombro", "Síndrome1 do ombro do nadador" e "Rompimento de tendões41 do ombro".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH – National Institutes of Health (USA) e da London Pain Clinic (UK).

ABCMED, 2021. Síndrome cervicobraquial. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1398575/sindrome-cervicobraquial.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Coluna vertebral:
3 Pescoço:
4 Omoplata:
5 Clavícula:
6 Cabeça:
7 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
8 Coluna cervical: A coluna cervical localiza-se no pescoço entre a parte inferior do crânio e a superior do tronco no nível dos ombros. Ela é composta por sete vértebras cervicais unidas por ligamentos, músculos e por elementos que preenchem o espaço entre elas, os discos intervertebrais. No interior da coluna cervical está o canal vertebral por onde passa a medula espinhal, que comanda todos os nossos movimentos e sensações. Nesta região, a medula emite oito raízes nervosas que se ramificam para a cabeça, pescoço, membros superiores, ombros e parte anterossuperior do tórax.
9 Articulações:
10 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
11 Plexo Braquial: A maior rede de fibras nervosas que inervam a extremidade superior. O plexo braquial estende-se do pescoço até a axila. Em humanos, os nervos deste plexo usualmente se originam dos segmentos inferior cervival e primeiro torácico da medula espinhal (C5-C8 e T1), porém variações não são incomuns.
12 Artéria: Vaso sangüíneo de grande calibre que leva sangue oxigenado do coração a todas as partes do corpo.
13 Ombro congelado: Condição que resulta em dor e progressiva rigidez articular do ombro, com perda da mobilidade em todas as direções. O diabetes é um fator de risco aumentado para o desenvolvimento desta condição.
14 Capsulite adesiva: Condição que resulta em dor e progressiva rigidez articular do ombro, com perda da mobilidade em todas as direções. O diabetes é um fator de risco aumentado para o desenvolvimento desta condição.
15 Bursite: Doença ortopédica caracterizada pela inflamação da bursa, uma bolsa cheia de líquido, existente no interior das articulações, cuja finalidade é amortecer o atrito entre ossos, tendões e músculos. A bursite pode acontecer em qualquer articulação (joelhos, cotovelos, quadris, etc.), mas é mais comum no ombro.
16 Luxação: É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação.
17 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
18 Raízes nervosas:
19 Deltoide: 1. Que apresenta a forma triangular de um delta (“letra do alfabeto gregoâ€). 2. Em botânica, diz-se do que é ovado e com os dois lados e a base retilíneos, ou quase, assemelhando-se a um triângulo (diz-se de folha). 3. Em geometria, quadrilátero não convexo, com dois pares de lados adjacentes iguais. 4. Em anatomia, o deltoide é um músculo em forma de triângulo, que cobre a cintura escápulo-umeral e a estrutura do ombro.
20 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
21 Inchaço: Inchação, edema.
22 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
24 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
25 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
26 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
27 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
28 Angiografia: Método diagnóstico que, através do uso de uma substância de contraste, permite observar a morfologia dos vasos sangüíneos. O contraste é injetado dentro do vaso sangüíneo e o trajeto deste é acompanhado através de radiografias seriadas da área a ser estudada.
29 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
30 Eletromiografia: Técnica voltada para o estudo da função muscular através da pesquisa do sinal elétrico que o músculo emana, abrangendo a detecção, a análise e seu uso.
31 Tendinite: Inflamação de um tendão. Produz-se em geral como conseqüência de um traumatismo. Existem doenças imunológicas capazes de produzir tendinite entre outras alterações.
32 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
33 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
34 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
35 Espaço Epidural: Espaço entre a dura-máter e as paredes do canal vertebral.
36 Dura-Máter: A mais externa das três MENINGES, uma membrana fibrosa de tecido conjuntivo que cobre o encéfalo e cordão espinhal.
37 Canal vertebral: Numa imagem de uma vértebra há um “buraco“ separando o corpo de sua extremidade. Esse buraco é o forame vertebral. O encaixe entre as vértebras da coluna é mais ou menos simétrico e isso forma um canal, que é conhecido como o canal vertebral. É por ele que passam a medula espinhal. O canal vertebral segue as diferentes curvas da coluna vertebral. É grande e triangular nas regiões onde a coluna possui maior mobilidade (cervical e lombar) e é pequeno e redondo na região que não possui muita mobilidade (torácica).
38 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
39 Crioterapia: Processo terapêutico baseado em aplicações de gelo, neve carbônica e outros veículos de frio intenso.
40 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
41 Tendões: Tecidos fibrosos pelos quais um músculo se prende a um osso.
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