Farmacodermia - o que é?
O que é farmacodermia?
Denomina-se farmacodermia a qualquer reação indesejada na estrutura ou função da pele1, mucosas2, cabelos e unhas3 que seja desencadeada pelo uso de medicamento. É uma ocorrência relativamente frequente e pode se dar por excesso de doses do medicamento, por efeito colateral4 ou tóxico dele, por idiossincrasia (reação individual diferente do efeito terapêutico esperado), por interação com outros medicamentos em uso ou, ainda, por reação alérgica5.
A frequência das farmacodermias varia de 0,1 a 1%. Apenas 2% delas necessitam de hospitalização, ou resultam em incapacidade persistente ou ameaça à vida.
Quais são as causas da farmacodermia?
Qualquer fármaco6 pode gerar reações cutâneas7, mas entre os mais comumente envolvidos estão os antibióticos, anti-inflamatórios, quimioterápicos, anticonvulsivantes e psicotrópicos8.
Qual é o substrato fisiológico9 da farmacodermia?
As farmacodermias se dão por dois caminhos principais diferentes.
- O mecanismo alérgico: as reações alérgicas não dependem da dose e surgem em algumas pessoas que desenvolvem susceptibilidade10 a determinados medicamentos, ou grupo deles, mesmo que tenham tomado a medicação anteriormente e não tenham desenvolvido efeito adverso algum. As reações podem ser de tipo severo ou até mesmo fatal, se não forem atendidas a tempo.
- O mecanismo não alérgico: outras possíveis reações não requerem efeito imunológico, ou seja, podem acontecer em qualquer pessoa e em qualquer idade, aleatoriamente. O mecanismo não alérgico é o mais comum dos dois e pode ser devido a superdosagem, a fatores individuais, efeitos colaterais11 e à teratogênese12. Assim, diferentemente dos fatores alérgico, estes são dose-dependentes e podem atingir qualquer indivíduo.
Quais são as características clínicas da farmacodermia?
Os fármacos, geralmente medicamentos, podem causar diversas reações e erupções na pele1. Cerca de dois dias após a pessoa ter contato com o medicamento, surgem manchas avermelhadas na pele1, acompanhadas de prurido13. As manchas podem comprometer toda a pele1 do corpo e a mucosa14 da boca15 e dos olhos16.
Nos casos mais graves, toda a pele1 se descola e há a necessidade de internação em unidade de terapia intensiva17. Conforme o caso, os rins18 e o fígado19 também podem entrar em falência.
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Como o médico diagnostica a farmacodermia?
Não há nenhum exame laboratorial que auxilie no diagnóstico20 da farmacodermia. A hipótese diagnóstica de farmacodermia leva em conta critérios clínicos, apenas sendo confirmada histopatologicamente por meio da realização de biópsia21 de pele1.
A história detalhada pelo paciente deve incluir o uso recente de fármacos, inclusive os de venda livre. Como a reação pode ocorrer até vários dias ou semanas após a exposição ao fármaco6, é importante considerar todos os fármacos recentes, mesmo os que eventualmente já tenham sido suspensos e não somente o último fármaco6 iniciado mais recentemente.
A sensibilidade pode ser definitivamente estabelecida somente por nova exposição ao fármaco6, o que é um procedimento perigoso e não ético em pacientes com graves reações. Às vezes, testes de contato podem ser úteis em pacientes com erupções medicamentosas simples e fixas.
Como o médico trata a farmacodermia?
Os medicamentos em uso que estejam causando as reações devem ser imediatamente suspensos. Quando possível, os fármacos suspeitos devem ser substituídos por compostos químicos não relacionados. Se não for possível substituir o fármaco6 e a reação for leve, é necessário continuar o tratamento apesar da reação, sob rigoroso controle. Isso resolve a maioria das reações a fármacos e elas não requerem mais tratamentos adicionais.
Em casos que denotem alguma gravidade, deve-se buscar logo o auxílio médico, visto que algumas reações podem ser graves e até fatais, e os antialérgicos de uso comum são muito pouco eficazes com relação a elas.
Como evolui a farmacodermia?
Para a restituição à plena normalidade, é necessário um tempo de espera, até a eliminação total do remédio do organismo.
Como prevenir a farmacodermia?
Não é possível prever qual pessoa é alérgica a tal ou qual medicamento. Porém, aquelas que já passaram por algum evento do tipo devem evitar a exposição a qualquer remédio que tenha o mesmo princípio ativo que tenha dado início ao processo anterior. Importante: toda automedicação22 deve ser evitada!
Quais são as complicações possíveis com a farmacodermia?
A reação não tratada prontamente pode se transformar em reações alérgicas graves, como choque anafilático23 ou edema24 de glote25, por exemplo.
Veja informações sobre "Polifarmácia", "Iatrogenia", "Principais vias de administração de medicamentos".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia e do CRF-SP – Conselho Regional de Farmácia – São Paulo.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.