Pancreatite aguda
O que é pancreatite1 aguda?
A pancreatite1 aguda é uma inflamação2 que se desenvolve repentinamente no pâncreas3 e que normalmente desaparece em alguns dias, embora possa durar algumas semanas. A pancreatite1 aguda se diferencia da pancreatite1 crônica porque, nesta última, o pâncreas3 fica alterado por muitos anos ou por toda a vida.
Quais são as causas da pancreatite1 aguda?
Os cálculos biliares e o abuso de álcool são as duas causas mais comuns de pancreatite1 aguda (mais de 70% dos casos). Os cálculos biliares bloqueiam o ducto que a vesícula biliar4 compartilha com o pâncreas3 (chamado ducto biliar comum), causando represamento do suco biliar e consequente inflamação2 do pâncreas3. Quanto ao álcool, menos de 10% das pessoas que consomem álcool desenvolvem pancreatite1 aguda, o que sugere a existência de gatilhos adicionais ou de outros fatores necessários para o desenvolvimento da doença.
Há outras causas sugeridas ou demonstradas de pancreatite1: hereditariedade5; pessoas com fibrose cística6 ou que portam genes de fibrose cística6; alguns medicamentos; vírus7; uso de estrogênio pelas mulheres; altos níveis de cálcio ou de triglicerídeos no sangue8; danos no pâncreas3 causados por cirurgias ou outros agressores; endoscopia9 ou lesões10 contundentes ou penetrantes; câncer11 do pâncreas3; tabagismo; transplante de rim12 e gravidez13 (raramente).
Algumas vezes, contudo, a causa da pancreatite1 permanece desconhecida.
Leia sobre "Colelitíase14", "Colestase15", "Câncer11 de pâncreas3", "Alcoolismo" e "Ascite16".
Qual é o substrato fisiológico17 da pancreatite1 aguda?
O pâncreas3 secreta líquido pancreático através do ducto pancreático18 na primeira parte do intestino delgado19 (duodeno20), o qual participa na digestão21 dos alimentos. Se um cálculo22 biliar ficar preso no esfíncter de Oddi23 (a abertura onde o ducto pancreático18 deságua no duodeno20), obstruindo-o, o líquido pancreático sofre acumulação. Isso causa tanto distúrbios digestivos como inflamação2 do pâncreas3. Em grande número de casos, o bloqueio é temporário e causa apenas danos limitados, que logo são reparados. Mas se o bloqueio persistir, as enzimas se acumulam no pâncreas3 e começam a digerir as células24 do pâncreas3, causando inflamação2 grave e, eventualmente, a morte.
Ainda não é totalmente compreendido o mecanismo através do qual o álcool causa pancreatite1. Uma teoria é de que o álcool seja convertido em produtos químicos tóxicos que causam danos ao pâncreas3. Outra teoria é que o álcool pode causar obstrução dos ductos intrapancreáticos menores que drenam para o ducto pancreático18 comum, causando, eventualmente, pancreatite1 aguda.
Quais são as principais características clínicas da pancreatite1 aguda?
Dor abdominal intensa e súbita é o sintoma25 predominante, acompanhada de mal-estar, temperatura de 38° C ou mais, náuseas26, vômitos27 e diarreia28. Essa dor pode se estender para as costas29 e piorar com a tosse, movimento vigoroso ou respiração profunda. Quando a pancreatite1 aguda é causada por cálculos biliares, a dor começa subitamente e atinge sua intensidade máxima em minutos. Quando a pancreatite1 é causada pelo álcool, a dor geralmente se desenvolve ao longo de alguns dias.
Algumas pessoas que desenvolvem a doença por causa do uso de álcool podem nunca desenvolver outros sintomas30 além da dor, que pode ser moderada ou intensa. Outras pessoas, no entanto, se sentem muito mal e parecem gravemente doentes, suadas, com pulso rápido (100 a 140 batimentos por minuto) e respiração superficial e rápida.
Ocasionalmente, o branco dos olhos31 fica amarelado (icterícia32). A parte do pâncreas3 que produz insulina33 tende a não ser afetada pela pancreatite1 aguda.
Como o médico diagnostica a pancreatite1 aguda?
A dor abdominal característica leva o médico a suspeitar de pancreatite1 aguda. Durante o exame físico ele observará que o abdômen é sensível e que os músculos34 da parede abdominal35 estão contraídos e rígidos. Ao auscultar o abdome36, não ouvirá sons intestinais, ou apenas muito poucos. Nenhum exame de sangue8 único comprovará o diagnóstico37 de pancreatite1 aguda, mas poderá sugerir isso. A amilase, a lipase, a contagem de glóbulos brancos e o nível de nitrogênio podem aumentar.
A urina38 também pode ser testada para a enzima39 tripsinogênio, secretada pelo pâncreas3, cujo nível está elevado em casos de pancreatite1.
Os exames de imagem incluem radiografias do abdome36 e do tórax40, ultrassonografia41, tomografia computadorizada42, colangiopancreatografia por ressonância magnética43 e colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.
Como o médico trata a pancreatite1 aguda?
O tratamento da pancreatite1 aguda leve requer hospitalização de curto prazo para serem administrados fluidos por via venosa, analgésicos44 para alívio da dor e jejum para tentar descansar o pâncreas3. Uma dieta branda e com baixo teor de gordura45 é iniciada logo após a admissão, se não houver náusea46, vômito47 ou dor intensa. Pessoas com pancreatite1 aguda moderadamente grave precisam ser hospitalizadas por um período mais longo e recebem maiores cuidados. Aquelas com pancreatite1 aguda grave precisam dos cuidados de uma unidade de terapia intensiva48.
Sintomas30 como dor, náusea46 e febre49, se houver, devem ser controlados com medicamentos sintomáticos. Os médicos podem dar antibióticos se essas pessoas mostrarem sinais50 de infecção51.
Quando a pancreatite1 aguda resulta de cálculos biliares, eles podem ser eliminados espontaneamente (80% dos casos) ou uma colangiopancreatografia endoscópica retrógrada pode ser necessária para removê-los. Se a obstrução é consequência de pseudocistos que cresceram rapidamente ou causam dor ou outros sintomas30, eles devem ser drenados.
Uma infecção51 ou pancreatite1 necrosante52 é tratada com antibióticos e pode exigir a remoção do tecido53 infectado e morto por via endoscópica ou cirúrgica.
Como evolui em geral a pancreatite1 aguda?
A maioria das pessoas com pancreatite1 aguda começa a se sentir melhor dentro de uma semana e não tem mais problemas. Mas algumas pessoas com pancreatite1 aguda grave podem desenvolver complicações sérias.
Se os exames indicarem apenas um leve inchaço54 do pâncreas3, o prognóstico55 é bom e a taxa de mortalidade56 é de cerca de 5% ou menos. Se, ao contrário, mostrarem grandes áreas do órgão destruídas, o prognóstico55 é geralmente ruim e a taxa de mortalidade56 pode ser muito maior. No início da doença, a morte em geral é causada por insuficiência cardíaca57, pulmonar ou renal58. Após a primeira semana, a morte geralmente é causada por infecção51 pancreática ou por um pseudocisto que se rompe e/ou sangra.
Quais são as complicações possíveis da pancreatite1 aguda?
As principais complicações da pancreatite1 aguda são a formação de pseudocisto pancreático, a pancreatite1 necrosante52, a infecção51 do pâncreas3 e a falência do órgão.
Veja também sobre "Tabagismo", "Transplante renal58", "Insuficiência cardíaca57" e "Triglicérides59 altos".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do MSD Manual e do NHS - National Health Service.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.