O que é ascite?
O que é ascite1?
A ascite1, popularmente conhecida como “barriga d’água”, é o acúmulo de líquidos na cavidade abdominal2, líquido este que pode conter plasma sanguíneo3, linfa4, bile5, suco pancreático6, urina7 ou outras substâncias, na dependência da sua causa.
Esse líquido pode ser um transudato8 ou um exsudato9.
- Os transudatos10 resultam de um extravasamento de líquido causado pelo aumento de pressão no sistema venoso11 porta, devido, por exemplo, à cirrose12 hepática13. A veia porta14 drena o sangue15 dos intestinos16 e de outros órgãos do sistema digestivo17 para o fígado18. Têm poucas proteínas19, pH elevado, glicose20 normal e menos leucócitos21 do que os exsudatos22.
- Os exsudatos22 são formados pelo líquido secretado ativamente, devido a inflamações23 ou neoplasias24. Os exsudatos22 possuem um alto conteúdo de proteínas19, pH baixo, pequena taxa de glicose20 e grande quantidade de leucócitos21.
Quais são as causas da ascite1?
Os mecanismos de formação da ascite1 são semelhantes aos da formação dos edemas25.
O vazamento de líquido dos vasos sanguíneos26 que irrigam o peritônio27 pode dever-se a um de três fatores:
- Aumento na pressão dentro dos vasos.
- Retenção de sal e água pelos rins28.
- Redução na concentração de proteínas19 do sangue15.
A ascite1 geralmente é uma complicação grave de doenças hepáticas29 e quase sempre está acompanhada de outras patologias, igualmente graves, como varizes30 esofageanas e encefalopatia31, por exemplo. Na maioria das vezes, a ascite1 é causada pela cirrose12 hepática13 ou por outras doenças do fígado18, mas também pode ser causada por insuficiência cardíaca32, certos tipos de câncer33, esquistossomose34, tromboses35 da veia porta14 e inflamações23 de órgãos abdominais.
Quais são os sinais36 e sintomas37 da ascite1?
Em geral, a ascite1 se desenvolve em pessoas sabidamente doentes e que já apresentam sintomas37 nítidos de suas enfermidades, mas algumas vezes ela pode aparecer como complicação de enfermidades até então silenciosas.
Quase sempre a ascite1 leve não gera sinais36 ou sintomas37, mas se for um pouco mais severa causa distensão abdominal evidente e sensação de peso e pressão no abdome38, além de dificuldades para respirar devido ao impedimento à livre movimentação do diafragma39. A ascite1 pode ser acompanhada de outros sinais36 e sintomas37, dependendo de qual seja a enfermidade de base. Os pacientes podem apresentar aumento do fígado18, icterícia40, fadiga41 crônica, perda de peso, edema42 de membros inferiores, equimoses43, ginecomastia44, hematêmese45, encefalopatia31 hepática13, etc.
Como o médico diagnostica a ascite1?
Em pessoas muito magras a ascite1 é facilmente notada, mesmo pelos leigos. Em pessoas obesas ela pode ser mais difícil de ser percebida. A ascite1 leve só pode ser captada pela ultrassonografia46; graus mais acentuados podem ser detectados pelo exame médico em consultório.
A natureza da ascite1 pode ser diagnosticada por meio de uma paracentese47. Para fins apenas diagnósticos, a paracentese47 consiste na retirada de uma pequena quantidade de líquido, por meio de uma punção abdominal feita através de agulha apropriada. A amostra deve ser analisada quanto à aparência, quantidade de proteínas19 e contagem das células48 presentes. A paracentese47 com a retirada de maiores quantidades de líquido pode ser realizada com propósitos terapêuticos.
O líquido ascítico normalmente tem cor amarelada e é transparente. Quando há infecção49, ele se torna esbranquiçado, turvo, purulento50 e, às vezes, sanguinolento51.
O diagnóstico52 do tipo de ascite1 pode ser ajudado por exames de sangue15. Além de um hemograma completo devem ser feitas dosagens de eletrólitos53, de enzimas hepáticas54 e provas de coagulação55. Também devem ser feitos testes adicionais de coloração, citologia e cultura. Além desses exames, a ecografia56 usualmente é utilizada. Estudos de Doppler podem mostrar eventuais problemas na circulação57 da veia porta14 e, adicionalmente, efetuar uma estimativa da quantidade de líquido no abdome38. A tomografia computadorizada58 abdominal é o método mais sensível, capaz de revelar a estrutura e a morfologia dos órgãos abdominais.
Como se trata a ascite1?
O tratamento da ascite1 deve ser simultâneo à tentativa de diagnosticar e tratar a patologia59 causal. A única solução definitiva para a ascite1 é o controle ou a eliminação da doença de base. O tratamento deve visar evitar as complicações da ascite1, aliviar a sintomatologia e prevenir o retorno dela.
Em doentes com formas ligeiras de ascite1, o tratamento pode ser feito em ambulatório; se a ascite1 é mais severa, a hospitalização torna-se necessária. Em geral, o tratamento é feito com diuréticos60, paracentese47 terapêutica61 (retirada total ou em grandes quantidades do líquido por punção, através de uma agulha apropriada) e outras medidas sintomáticas, além do tratamento da causa.
Na ascite1 transudativa de pequena monta pode ser bastante estabelecer a imediata restrição de sal, para permitir um aumento da diurese62 (produção de urina7). Para isso, pode-se utilizar também diuréticos60. Nos pacientes com ascite1 severa pode ser necessária uma paracentese47 terapêutica61 adicional. Drenagens mais difíceis podem ser feitas sob controle da ecografia56.
A ascite1 refratária a esses tratamentos deve ser considerada uma indicação clássica para transplante hepático. Os desvios venosos (shunts63) podem ser usados em doentes com cirrose12 avançada que têm ascites recorrentes, para aliviar os sintomas37, mas não parecem aumentar a expectativa de vida64 dos pacientes.
Em geral, a ascite1 exsudativa65 não responde à diminuição de sal ou à terapêutica61 diurética, sendo necessárias paracenteses repetidas e tratamento da causa subjacente.
Como evolui a ascite1?
A ascite1 pode levar a várias complicações. Uma das mais importantes é a chamada peritonite66 bacteriana espontânea, que consiste na infecção49 do líquido ascítico. Ela pode ser grave e levar à morte. Há que ter-se em conta que esse líquido é um excelente meio de cultura, no qual os micro-organismos proliferam com facilidade.
Se não for possível remover a causa, a drenagem67 da ascite1 é uma medida paliativa e o líquido ascítico se acumulará novamente, em poucos dias.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.