Doença de Hartnup
O que é a doença de Hartnup?
A doença de Hartnup é uma condição genética rara que envolve um erro inato do metabolismo1 de aminoácidos. Como esses aminoácidos aumentados podem ser detectados na urina2, a condição é também referida como aminoacidúria.
Quais são as causas da doença de Hartnup?
A doença de Hartnup é causada por uma mutação genética3 e é herdada de maneira autossômica4 recessiva. Ela se caracteriza pela incapacidade do intestino de absorver da dieta certos aminoácidos indispensáveis à construção de proteínas5, como o triptofano, por exemplo, e dos rins6 de reabsorvê-los. Como resultado, os indivíduos afetados não são capazes de usar esses aminoácidos para produzir outras substâncias essenciais, como vitaminas e proteínas5.
Leia sobre "Erros inatos do metabolismo1" e "Teste do Pezinho ou Triagem Neonatal".
Qual é o substrato fisiológico7 da doença de Hartnup?
O gene SLC6A19 é responsável por produzir uma proteína que transporta aminoácidos específicos dentro do corpo. Os aminoácidos afetados por alterações nesse gene incluem triptofano, alanina, asparagina, glutamina, histidina, isoleucina, leucina, fenilalanina8, serina, treonina, tirosina9 e valina. Esses aminoácidos são componentes das proteínas5 essenciais para o crescimento e desenvolvimento adequados.
Devido a um defeito (mutação10) neste gene, o intestino não pode absorver adequadamente os aminoácidos e o rim11 também não pode reabsorvê-los adequadamente, levando à perda de quantidades excessivas deles pela urina2. Isso deixa o organismo com quantidades reduzidas de aminoácidos para servir à construção de proteínas5 essenciais. Acredita-se que a deficiência do aminoácido triptofano seja a principal responsável pelos sintomas12 da doença de Hartnup. O triptofano é essencial para a síntese de nicotinamida, também conhecida como vitamina13 B3.
Quais são as principais características clínicas da doença de Hartnup?
Os sintomas12 da doença de Hartnup variam muito de uma pessoa para outra. A maioria dos indivíduos afetados não apresenta sintomas12 aparentes. Quando os sintomas12 se desenvolvem, eles ocorrem entre as idades de 3 a 9 anos e podem continuar depois. Em casos raros, os sintomas12 aparecem pela primeira vez na idade adulta.
A doença de Hartnup é caracterizada por erupções cutâneas14 escamosas e vermelhas, sensíveis à luz, em áreas expostas da pele15. Em alguns casos elas são acompanhadas por episódios de envolvimento neurológico que podem incluir uma incapacidade de coordenar movimentos voluntários (ataxia16), problemas de visão17, marcha instável, articulação18 prejudicada da fala (disartria19), tremores ocasionais das mãos20 e da língua21 e espasticidade22, aumento do tônus muscular23 e da rigidez dos músculos24, principalmente os das pernas e atrasos cognitivos25.
Em casos raros, registrou-se leve deficiência intelectual. Da mesma forma, foram também observados convulsões, desmaios, tremores, dores de cabeça26, tontura27 e/ou vertigem28 e atrasos no desenvolvimento motor. Alguns indivíduos afetados podem experimentar anormalidades psiquiátricas, incluindo instabilidade emocional, como mudanças rápidas de humor, depressão, confusão, ansiedade, delírios e/ou alucinações29.
Os sintomas12 associados a esse distúrbio podem ser desencadeados por febre30, drogas ou estresse emocional e/ou físico, como durante uma doença. A frequência de tais episódios costuma diminuir com a idade.
Como o médico diagnostica a doença de Hartnup?
Devido à variabilidade dos sintomas12, o diagnóstico31 inequívoco só pode ser feito através da análise da urina2, baseado na detecção por cromatografia de aminoácidos e outros derivados, como serotonina, elevados na urina2. Em alguns casos, o teste genético molecular pode confirmar o diagnóstico31 da doença. Pessoas com doença de Hartnup têm altos níveis de vários aminoácidos na urina2 e, para a maioria dos indivíduos afetados, este é o único sinal32 da condição.
Algumas outras condições médicas podem apresentar sintomas12 assemelhados e devem ser consideradas para estabelecer um diagnóstico31 diferencial. Incluem-se neste caso:
- A pelagra, doença que resulta de uma deficiência de ácido nicotínico e, ocasionalmente, de triptofano
- A erupção33 malar observada no lúpus34
- A dermatite35 atópica infantil
- A dermatite seborreica36
- Síndrome37 carcinoide
- Xeroderma pigmentoso
- Fenilcetonúria38
- Síndrome37 da fralda azul
- E uma variedade de outros distúrbios metabólicos...
Os sintomas12 neurológicos da doença de Hartnup podem se assemelhar aos observados em outros distúrbios metabólicos, na ataxia16-telangiectásica e em outras formas de ataxia16.
Como o médico trata a doença de Hartnup?
A maioria das pessoas com doença de Hartnup é capaz de obter as substâncias necessárias com uma dieta bem equilibrada. Indivíduos com doença de Hartnup que não desenvolvem sintomas12 não necessitam de tratamento. Os episódios sintomáticos que afetam algumas pessoas com a doença podem ser reduzidos ou evitados mantendo uma boa nutrição39, incluindo uma dieta rica em proteínas5, evitando o excesso de exposição ao sol e evitando certos medicamentos. Em alguns casos, durante um episódio sintomático40, o tratamento com nicotinamida pode ser recomendado. O aconselhamento genético pode ser útil para as famílias afetadas.
Como evolui a doença de Hartnup?
O prognóstico41 da doença de Hartnup é bom e as crises se tornam cada vez menos frequentes com a idade, na maioria dos casos.
Como prevenir a doença de Hartnup?
As pessoas com a doença de Hartnup podem diminuir a frequência e a gravidade das crises mantendo uma boa nutrição39, ingerindo proteína suficiente e suplementando sua dieta com niacinamida ou niacina.
Saiba mais sobre "Importância do exame de urina42", "Lúpus34 eritematoso43", "Fenilcetonúria38" e "Ataxia16".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da NORD - National Organization of Rare Diseases e da US National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.