Gostou do artigo? Compartilhe!

Você sabe o que é disartria?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é disartria1?

A disartria1 é um distúrbio neurológico caracterizado pela dificuldade de articular os músculos2 da fala, o que implica numa dificuldade na produção de fonemas. De uma maneira leiga, a disartria1 costuma ser referida como "fala enrolada," à semelhança com a fala de uma pessoa alcoolizada.

Quais são as causas da disartria1?

A disartria1 pode ser causada por danos no tronco cerebral3 e/ou nas fibras nervosas que ligam a camada externa do cérebro4 ao tronco cerebral3, devido a uma lesão5 cortical ou periférica (paralisia6 dos órgãos de fonação). Dentre as principais condições clínicas que podem causar disartria1, destacam-se os acidentes vasculares7 cerebrais, os traumatismos crânio8 encefálicos, algumas doenças neurológicas como a doença de Parkinson9 ou a doença de Huntington e algumas doenças neuromusculares progressivas como a miastenia10 gravis ou a esclerose11 lateral amiotrófica.

Quais são as principais características clínicas da disartria1?

Embora pareça ser um problema de linguagem, a disartria1 é, na verdade, um problema motor. A extensão e a localização da lesão5 podem condicionar o tipo e a gravidade da disartria1. A fala disártrica produz sons que se aproximam do som normal das palavras, mas a fala pode tornar-se ofegante, irregular, imprecisa e com tons monótonos ou de muita vibração. A maioria das pessoas com disartria1 consegue ler e escrever normalmente, uma vez que a capacidade para compreender e usar a linguagem não são afetadas, afinal, trata-se de um problema motor e não cognitivo12. Os sintomas13 da disartria1 podem variar dependendo da causa subjacente e do local afetado. Os sinais14 mais comuns da disartria1 são fala lenta, monótona, arrastada, "pastosa", anasalada e com flutuações incontroladas do volume, discurso muito rápido e dificuldade em mover a língua15 ou os músculos faciais16. Um paciente com disartria1 também pode exagerar o movimento dos músculos2, dos lábios e do maxilar ao falar. Uma dificuldade de deglutição17 faz com que essas pessoas geralmente babem.

Como o médico diagnostica a disartria1?

Deve ser diagnosticada não só a existência ou não da disartria1, mas também a causa dela. Vários exames e especialistas devem ser envolvidos para identificar a causa desta condição: um fonoaudiólogo irá avaliar a gravidade da doença; um neurologista18 vai estudar como o paciente move seus lábios, língua15 e músculos faciais16. Aspectos da qualidade da voz e da respiração do paciente também contribuirão para o estudo. Dependendo do caso, o médico poderá solicitar exames como ressonância magnética19, tomografia computadorizada20, eletroencefalograma21, estudo da condução nervosa, exames de sangue22 e urina23, punção lombar, biópsia24 do cérebro4, estudo da deglutição17 e testes neuropsicológicos para avaliar as habilidades cognitivas do paciente.

Como o médico trata a disartria1?

O tratamento da disartria1 depende da sua causa, tipo e gravidade. Entre as opções disponíveis para o tratamento estão terapia para exercitar a linguagem, tratamento das condições subjacentes e, eventualmente, cirurgia para retirada de um tumor25 ou correção de alguma alteração anatômica. Os objetivos dos tratamentos incluem melhorar a produção dos sons da fala, fortalecer os músculos2 da fala, melhorar os movimentos da língua15 e dos lábios e, em casos graves, ensinar meios alternativos de comunicação.

Como evolui a disartria1?

Muitos adultos com doença do sistema nervoso central26 aumentam suas habilidades de fala após a intervenção fonoaudiológica. Embora nem sempre, a disartria1 pode ser sinal27 de uma doença subjacente grave.

Como prevenir a disartria1?

Nem sempre a disartria1 pode ser evitada, mas é possível reduzir os fatores de risco para algumas causas de disartria1. Deve-se controlar a pressão arterial28 e o colesterol29; parar de fumar, se for o caso; controlar o diabetes30, se existir; praticar exercícios regulares, manter o peso dentro da normalidade, manter uma dieta saudável, tratar uma eventual apneia obstrutiva do sono31 e limitar o consumo de álcool.

Quais são as complicações possíveis da disartria1?

A disartria1 pode causar algumas complicações, como dificuldades na comunicação, problemas com interações sociais ou depressão.

 

ABCMED, 2016. Você sabe o que é disartria?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/828344/voce-sabe-o-que-e-disartria.htm>. Acesso em: 18 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Disartria: Distúrbio neurológico caracterizado pela incapacidade de articular as palavras de maneira correta (dificuldade na produção de fonemas). Entre as suas principais causas estão as lesões nos nervos centrais e as doenças neuromusculares.
2 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
3 Tronco Cerebral: Parte do encéfalo que conecta os hemisférios cerebrais à medula espinhal. É formado por MESENCÉFALO, PONTE e MEDULA OBLONGA.
4 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
5 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
7 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
8 Crânio: O ESQUELETO da CABEÇA; compreende também os OSSOS FACIAIS e os que recobrem o CÉREBRO. Sinônimos: Calvaria; Calota Craniana
9 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
10 Miastenia: Perda das forças musculares ocasionada por doenças musculares inflamatórias. Por ex. Miastenia Gravis. A debilidade pode predominar em diferentes grupos musculares segundo o tipo de afecção (debilidade nos músculos extrínsecos do olho, da pelve, ou dos ombros, etc.).
11 Esclerose: 1. Em geriatria e reumatologia, é o aumento patológico de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido à inflamação crônica ou por razões desconhecidas. 2. Em anatomia botânica, é o enrijecimento das paredes celulares das plantas, por espessamento e/ou pela deposição de lignina. 3. Em fitopatologia, é o endurecimento anormal de um tecido vegetal, especialemnte da polpa dos frutos.
12 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
13 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
14 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
15 Língua:
16 Músculos Faciais: Músculos da expressão facial ou músculos miméticos; os numerosos músculos supridos pelo nervo facial fixados à pele da face e que a movimentam. A NA também inclui alguns músculos mastigadores nesse grupo. (Stedman, 25ª ed) Sinônimos: Músculos Miméticos
17 Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior.
18 Neurologista: Médico especializado em problemas do sistema nervoso.
19 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
20 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
21 Eletroencefalograma: Registro da atividade elétrica cerebral mediante a utilização de eletrodos cutâneos que recebem e amplificam os potenciais gerados em cada região encefálica.
22 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
23 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
24 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
25 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
26 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
27 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
28 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
29 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
30 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
31 Apnéia obstrutiva do sono: Pausas na respiração durante o sono.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.