Gostou do artigo? Compartilhe!

Cirurgia de catarata

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é catarata1?

A catarata1 é uma condição ocular comum que afeta a visão2, caracterizada pela opacificação progressiva do cristalino3, que é a lente natural do olho4, localizada atrás da íris5 e da pupila. O cristalino3 é responsável por focalizar a luz que entra no olho4 sobre a retina6 e assim ajudar na formação de imagens claras e nítidas.

Com o progredir da idade, o cristalino3 se torna turvo e opaco, dificultando a passagem de luz. Isso resulta em uma visão2 embaçada, turva ou nebulosa. A catarata1 geralmente se desenvolve lentamente ao longo do tempo e pode afetar um ou ambos os olhos7.

A catarata1 é mais comum em pessoas idosas devido ao envelhecimento natural do cristalino3, mas pode ocorrer em pessoas jovens devido a fatores como traumas ou doenças oculares, uso prolongado de certos medicamentos, problemas metabólicos e exposição excessiva à radiação ultravioleta, entre outros.

O tratamento mais comum para a catarata1 é a cirurgia de remoção do cristalino3 opaco e sua substituição por uma lente sintética equivalente, chamada de lente intraocular.

Como é feita a cirurgia de catarata1?

A cirurgia de catarata1 é um procedimento oftalmológico relativamente comum e destinado a remover o cristalino3 opacificado do olho4 e substituí-lo por uma lente intraocular artificial. A técnica da cirurgia evoluiu muito rapidamente nos últimos anos. Embora o procedimento seja bastante seguro, deve-se operar um olho4 de cada vez e o intervalo entre a cirurgia de cada olho4, na maioria dos casos, é de no mínimo quinze dias, podendo ser muito maior, se assim o desejarem o paciente e o oftalmologista8.

A cirurgia geralmente é realizada em um hospital ou clínica oftalmológica por um cirurgião oftalmologista8 especializado. Antes do procedimento, serão aplicadas gotas anestésicas nos olhos7 para garantir que o paciente não sinta dor durante a cirurgia. Em alguns casos, pode ser usada uma anestesia9 local mais forte, uma sedação10 ou até mesmo uma anestesia9 geral, dependendo da recomendação do médico.

Em seguida, o cirurgião fará uma microincisão (extensão de cerca de 1,75mm) na córnea11, a parte transparente da frente do olho4, usando as técnicas tradicionais com lâmina ou então com o laser. Como passo seguinte, o cirurgião usará uma técnica chamada facoemulsificação, na qual um instrumento ultrassônico emite ondas sonoras de alta frequência para fragmentar a lente opacificada (cristalino3) em pequenos pedaços. Esses fragmentos12 são então aspirados através de uma sonda inserida no olho4.

Após a remoção do cristalino3 opacificado, uma lente intraocular dobrável é inserida através da mesma incisão13. A lente é colocada no lugar onde estava localizado o cristalino3 e expandida para ocupar seu espaço. Existem vários tipos de lentes intraoculares disponíveis, incluindo monofocais, multifocais e tóricas, que podem corrigir a visão2 para diferentes distâncias e tratar outros problemas oculares, como astigmatismo14.

A incisão13 na córnea11 fecha naturalmente ou pode ser fechada com uma sutura15 muito pequena que não requer remoção posterior. Terminada a cirurgia, o paciente será monitorado por um curto período e, em seguida, poderá retornar para casa no mesmo dia, com o olho4 coberto para evitar qualquer trauma e a entrada de qualquer impureza.

É recomendado o uso de colírios para prevenir infecções16 e ajudar na cicatrização. A recuperação completa pode levar algumas semanas, durante as quais é importante seguir as instruções do médico, evitar esforço físico intenso e proteger os olhos7 de qualquer trauma.

Leia sobre "Perda súbita da visão2", "Entupimento do canal lacrimal", "Moscas volantes" e "Miopia17".

Quais são as complicações possíveis com a cirurgia de catarata1?

As possíveis complicações são bastante raras, desde que a cirurgia seja realizada em uma clínica apropriada e por profissional habilitado. Entre todas as cirurgias oftalmológicas possíveis, esta é a que menos problemas ocasiona. Mais de 99% delas transcorrem sem complicações ou efeitos colaterais18. Contudo, em casos muito raros pode-se registrar, após a cirurgia, infecção19, perda vítrea ou, ainda, perda da visão2, em casos raríssimos.

A técnica de facoemulsificação não é isenta de riscos, sendo suscetível a algumas complicações que podem comprometer a visão2, a saber: queimadura da córnea11traumatismo20 da íris5infecção19, ruptura da cápsula posterior, edema macular21 e astigmatismo14 induzido.

Uma outra complicação possível é a opacificação da cápsula posterior do cristalino3. Normalmente, grande parte da membrana transparente fina que circunda o cristalino3 natural é deixada intacta durante a cirurgia de catarata1 e a visão2 do paciente, após a cirurgia, é muito clara. No entanto, em cerca de 20% dos pacientes, a parte posterior dessa cápsula torna-se turva, devido a que as células22 epiteliais remanescentes após a cirurgia experimentam um crescimento. Nesse caso, a visão2 pode ficar transitória ou permanentemente pior do que era antes. Contudo, essa opacificação pode ser tratada de maneira segura, eficaz e indolor, quase sempre recuperando-se a normalidade.

A nova lente intraocular colocada em substituição ao cristalino3 original pode se deslocar e a acuidade visual23 do paciente pode diminuir substancialmente. Isso pode acontecer porque o “saco capsular”, que é extremamente fino e dentro do qual a nova lente deve ficar, pode romper-se. Além disso, o próprio saco capsular pode se deslocar devido à fraqueza ou ruptura das fibras que o sustentam no lugar. Nesse caso, o cirurgião de catarata1 pode reposicioná-lo num segundo procedimento e as chances de êxito são muito boas, se o cirurgião agir prontamente.

O risco grave de perda definitiva de visão2 é muito raro e pode ocorrer como resultado de uma infecção19 ou hemorragia24 no interior do olho4. Algumas complicações da cirurgia de catarata1 ocorrem algum tempo depois. Por exemplo, o descolamento da retina6. Ainda outras complicações potenciais da cirurgia de catarata1 podem ser inchaço25 da córnea11 ou da retina6, aumento da pressão intraocular26 e ptose27 palpebral (pálpebra caída).

Como se dá a recuperação da cirurgia de catarata1?

A recuperação da cirurgia de catarata1 quase sempre é um processo rápido e indolor. Imediatamente após a cirurgia, o paciente será monitorado por um curto período. Depois da cirurgia é importante descansar os olhos7 por alguns dias. O médico pode recomendar que o paciente use um tamponamento protetor do olho4 operado durante os primeiros dias de recuperação. Além disso, o paciente poderá receber colírios ou pomadas para ajudar na cicatrização e prevenir infecções16.

O paciente pode ter visão2 turva e sensibilidade à luz logo após a cirurgia, o que melhora com o passar dos dias ou semanas e a visão2 se recupera completamente, podendo ficar melhor do que era antes. Se o paciente tiver uma sensibilidade à luz aumentada nos primeiros dias, o uso de óculos de sol pode ajudar.

Durante esses primeiros dias após a cirurgia o paciente pode ser instruído a evitar atividades físicas extenuantes, como levantar objetos pesados ou praticar esportes que possam envolver contato físico. A maioria das pessoas pode retomar as atividades diárias normais em poucos dias após a cirurgia.

Veja mais sobre "Catarata1", "Glaucoma28", "Conjuntivite29", "Blefarite30" e "Uveíte31".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital de Olhos – São Paulo e do Instituto de Oftalmologia de Curitiba.

ABCMED, 2023. Cirurgia de catarata. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1459425/cirurgia-de-catarata.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Catarata: Opacificação das lentes dos olhos (opacificação do cristalino).
2 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
3 Cristalino: 1. Lente gelatinosa, elástica e convergente que focaliza a luz que entra no olho, formando imagens na retina. A distância focal do cristalino é modificada pelo movimento dos músculos ciliares, permitindo ajustar a visão para objetos próximos ou distantes. Isso se chama de acomodação do olho à distância do objeto. 2. Diz-se do grupo de cristais cujos eixos cristalográficos são iguais nas suas relações angulares gerais constantes 3. Diz-se de rocha constituída quase que totalmente por cristais ou fragmentos de cristais 4. Diz-se do que permite que passem os raios de luz e em consequência que se veja através dele; transparente. 5. Límpido, claro como o cristal.
4 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
5 Íris: Membrana arredondada, retrátil, diversamente pigmentada, com um orifício central, a pupila, que se situa na parte anterior do olho, por trás da córnea e à frente do cristalino. A íris é a estrutura que dá a cor ao olho. Ela controla a abertura da pupila, regulando a quantidade de luz que entra no olho.
6 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
7 Olhos:
8 Oftalmologista: Médico especializado em diagnosticar e tratar as doenças que acometem os olhos. Podem prescrever óculos de grau e lentes de contato.
9 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
10 Sedação: 1. Ato ou efeito de sedar. 2. Aplicação de sedativo visando aliviar sensação física, por exemplo, de dor. 3. Diminuição de irritabilidade, de nervosismo, como efeito de sedativo. 4. Moderação de hiperatividade orgânica.
11 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
12 Fragmentos: 1. Pedaço de coisa que se quebrou, cortou, rasgou etc. É parte de um todo; fração. 2. No sentido figurado, é o resto de uma obra literária ou artística cuja maior parte se perdeu ou foi destruída. Ou um trecho extraído de uma obra.
13 Incisão: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
14 Astigmatismo: Defeito de curvatura nas superfícies de refração do olho que produz transtornos de acuidade visual.
15 Sutura: 1. Ato ou efeito de suturar. 2. Costura que une ou junta partes de um objeto. 3. Na anatomia geral, é um tipo de articulação fibrosa, em que os ossos são mantidos juntos por várias camadas de tecido conjuntivo denso; comissura (ocorre apenas entre os ossos do crânio). 4. Na anatomia botânica, é uma linha de espessura variável que se forma na região de fusão dos bordos de um carpelo (ou de dois ou mais carpelos concrescentes). 5. Em cirurgia, ato ou efeito de unir os bordos de um corte, uma ferida, uma incisão, com agulha e linha especial, para promover a cicatrização. 6. Na morfologia zoológica, nos insetos, qualquer sulco externo semelhante a uma linha.
16 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
17 Miopia: Incapacidade para ver de forma clara objetos que se encontram distantes do olho.Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais, e mais recentemente com o uso de cirurgia a laser.
18 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
19 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
20 Traumatismo: Lesão produzida pela ação de um agente vulnerante físico, químico ou biológico e etc. sobre uma ou várias partes do organismo.
21 Edema macular: Inchaço na mácula.
22 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
23 Acuidade visual: Grau de aptidão do olho para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos.
24 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
25 Inchaço: Inchação, edema.
26 Pressão intraocular: É a medida da pressão dos olhos. É a pressão do líquido dentro do olho.
27 Ptose: Literalmente significa “queda” e aplica-se em distintas situações para significar uma localização inferior de um órgão ou parte dele (ptose renal, ptose palpebral, etc.).
28 Glaucoma: É quando há aumento da pressão intra-ocular e danos ao nervo óptico decorrentes desse aumento de pressão. Esses danos se expressam no exame de fundo de olho e por alterações no campo de visão.
29 Conjuntivite: Inflamação da conjuntiva ocular. Pode ser produzida por alergias, infecções virais, bacterianas, etc. Produz vermelhidão ocular, aumento da secreção e ardor.
30 Blefarite: Inflamação do bordo externo das pálpebras ou pestanas. Também conhecida como palpebrite, sapiranga, sapiroca ou tarsite.
31 Uveíte: Uveíte é uma inflamação intraocular que compromete total ou parcialmente a íris, o corpo ciliar e a coroide (o conjunto dos três forma a úvea), com envolvimento frequente do vítreo, retina e vasos sanguíneos.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.