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Oftalmoplegia

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O que é oftalmoplegia?

O termo oftalmoplegia refere-se à paralisia1 de um ou mais músculos2 responsáveis pelos movimentos oculares. Descreve-se três tipos de oftalmoplegia:

  1. oftalmoplegia interna, em que há um envolvimento limitado ao esfíncter3 pupilar e ao músculo ciliar;
  2. oftalmoplegia externa, que se refere ao envolvimento apenas dos músculos2 extraoculares;
  3. oftalmoplegia completa, que implica no comprometimento de ambas as estruturas.

A oftalmoplegia pode ser uni ou bilateral, mas a forma bilateral é muito rara.

Quais são as causas da oftalmoplegia?

A oftalmoplegia é causada pela interrupção de estímulos enviados do cérebro4 para os músculos2 envolvidos na movimentação dos olhos5. Pode ser congênita6 (presente no nascimento) ou desenvolver-se mais tarde na vida.

A oftalmoplegia é um achado físico em certas doenças neurológicas, endócrinas e oftalmológicas. As causas mais comuns incluem:

  • enxaquecas7
  • doenças da tireoide8
  • derrame9 cerebral
  • lesão10 cerebral
  • tumor11 cerebral
  • infecção12

A oftalmoplegia é mais provável de ocorrer em pessoas que têm uma condição mórbida que afeta o controle muscular, como:

Qual é o substrato fisiológico17 da oftalmoplegia?

Existem sete músculos2 extraoculares de cada lado: quatro músculos2 retos, dois músculos2 oblíquos e um elevador da pálpebra superior. Eles são responsáveis por mover os globos oculares em direção ao objeto de atenção no campo visual18 e fazer a focalização das imagens percebidas por cada olho19, que devem se fundir em uma única no córtex visual cerebral.

Os nervos oculomotores, pares de nervos cranianos III, IV e VI (respectivamente oculomotor, troclear e abducente) controlam, dirigem e coordenam os movimentos oculares. O déficit de atuação de qualquer um deles leva a transtornos desses movimentos.

Se esse déficit for total, fala-se, em paralisia1; se for apenas parcial, denomina-se paresia20. Ambas as situações resultam na diminuição da força do músculo afetado e produzem alterações no movimento dos olhos5.

Leia sobre "Proptose ocular", "Ptose21 palpebral", "Blefaroplastia22 ou plástica nas pálpebras23" e "Deficiência visual".

Quais são as características clínicas da oftalmoplegia?

Na paralisia1 oculomotora, os músculos2 que controlam o olho19 são afetados de tal forma que o olho19 se desloca para fora e ligeiramente para baixo. Além disso, a pálpebra superior do olho19 afetado geralmente cai, uma condição chamada ptose21, e a pupila pode ficar dilatada.

A paralisia1 troclear, envolve o músculo oblíquo superior e causa um desvio vertical do olho19 afetado. A paralisia1 do nervo abducente afeta ainda outro músculo ocular, o reto24 lateral, de forma que o olho19 afetado se volta para dentro em direção ao nariz25 e não consegue se virar totalmente para fora. Em todos os casos, a visão26 dupla é o sintoma27 característico.

Existem vários outros sinais28 e sintomas29 comuns a todos os tipos de paralisia1 dos motores oculares. A oculoplegia gera desvio do olhar vertical, horizontal, torcional ou misto (estrabismo30), dependendo do músculo ou músculos2 afetados pela falta de inervação.

Se o músculo elevador da pálpebra superior sofrer afetação completa, a pálpebra estará caída (ptose21), o paciente terá uma pupila dilatada e não conseguirá focalizar. Se a afetação for incompleta, o resultado dependerá dos demais músculos2 afetados.

A visão26 dupla (diplopia31) ocorre porque a imagem formada no olho19 afetado não cai no mesmo ponto da retina32 que a imagem do olho19 saudável e, dessa maneira, as duas não se fundem numa só. Um torcicolo33 pode surgir em virtude da posição anômala da cabeça34 adotada pelo paciente para compensar a visão26 dupla.

O terceiro nervo inerva também o músculo que eleva a pálpebra superior. Na infância, uma paralisia1 do terceiro nervo costuma ser acompanhada por outros achados neurológicos, o que ajuda no diagnóstico35. Mas paralisias isoladas desse nervo costumam ocorrer e geralmente são congênitas36, traumáticas, infecciosas ou secundárias a enxaquecas7.

Uma paralisia1 do nervo oculomotor isolada também pode resultar de tumor11, doença viral, meningite37 bacteriana ou mesmo imunização38.

Como o médico diagnostica a oftalmoplegia?

As diferentes formas da oculoplegia são diagnosticadas pela incapacidade do olho19 de se mover como deveria. Testes especiais são realizados para ver como o olho19 se move em diferentes direções e para determinar, quando possível, qual o nervo envolvido.

As paralisias oculares podem se apresentar como eventos isolados ou estar associadas a outros problemas neurológicos, condição em que o paciente deve passar também por uma avaliação neurológica.

O sinal39 clínico usual de paralisia1 do terceiro nervo é a localização externa e inferior do olho19 envolvido. Isso pode ou não ser acompanhado pela queda da pálpebra. A pupila também pode ser maior quando comparada com a do outro lado.

A paralisia1 do quarto nervo, também conhecida como paralisia1 do oblíquo superior, geralmente é unilateral, e os pacientes apresentam assimetria facial e inclinação da cabeça34 para um lado, para evitar visão26 dupla.

A paralisia1 do sexto nervo geralmente é unilateral. O paciente com paralisia1 do sexto nervo frequentemente desenvolve um giro da cabeça34 para se livrar da visão26 dupla e manter a fusão binocular.

Como o médico trata a oftalmoplegia?

O tratamento da oftalmoplegia dependerá do tipo, dos sintomas29 e da causa subjacente. As crianças que nascem com essa condição aprendem a compensar e podem não estar cientes dos problemas de visão26. Os adultos podem usar óculos especiais ou usar um tapa-olho19 para aliviar a visão26 dupla e ajudar a alcançar uma visão26 normal.

Veja também sobre "Distúrbios pupilares", "Anisocoria", "Neuropatia14 diabética" e "Escotoma40".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Encyclopedia Britannica e da Science Direct.

ABCMED, 2021. Oftalmoplegia. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1399950/oftalmoplegia.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
2 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
3 Esfíncter: Estrutura muscular que contorna um orifício ou canal natural, permitindo sua abertura ou fechamento, podendo ser constituído de fibras musculares lisas e/ou estriadas.
4 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
5 Olhos:
6 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
7 Enxaquecas: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
8 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
9 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
10 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
11 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
12 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Esclerose múltipla: Doença degenerativa que afeta o sistema nervoso, produzida pela alteração na camada de mielina. Caracteriza-se por alterações sensitivas e de motilidade que evoluem através do tempo produzindo dano neurológico progressivo.
14 Neuropatia: Doença do sistema nervoso. As três principais formas de neuropatia em pessoas diabéticas são a neuropatia periférica, neuropatia autonômica e mononeuropatia. A forma mais comum é a neuropatia periférica, que afeta principalmente pernas e pés.
15 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
16 Miastenia: Perda das forças musculares ocasionada por doenças musculares inflamatórias. Por ex. Miastenia Gravis. A debilidade pode predominar em diferentes grupos musculares segundo o tipo de afecção (debilidade nos músculos extrínsecos do olho, da pelve, ou dos ombros, etc.).
17 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
18 Campo visual: É toda a área que é visível com os olhos fixados em determinado ponto.
19 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
20 Paresia: Diminuição da força em um ou mais grupos musculares. É um grau menor de paralisia.
21 Ptose: Literalmente significa “queda” e aplica-se em distintas situações para significar uma localização inferior de um órgão ou parte dele (ptose renal, ptose palpebral, etc.).
22 Blefaroplastia: Cirurgia plástica ou estética para corrigir as deformidades causadas pelo excesso de pele e de bolsas de gordura nas pálpebras superiores e/ou inferiores.
23 Pálpebras:
24 Reto: Segmento distal do INTESTINO GROSSO, entre o COLO SIGMÓIDE e o CANAL ANAL.
25 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
26 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
27 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
28 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
29 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
30 Estrabismo: Desvio da posição de um ou ambos os globos oculares, secundária a uma alteração no sistema de músculos, tendões e nervos encarregados de dar aos olhos o movimento normal.
31 Diplopia: Visão dupla.
32 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
33 Torcicolo: Distúrbio freqüente produzido por uma luxação nas vértebras da coluna cervical, ou a espasmos dos músculos do pescoço que produzem rigidez e rotação lateral do mesmo.
34 Cabeça:
35 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
36 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
37 Meningite: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
38 Imunização: Processo mediante o qual se adquire, de forma natural ou artificial, a capacidade de defender-se perante uma determinada agressão bacteriana, viral ou parasitária. O exemplo mais comum de imunização é a vacinação contra diversas doenças (sarampo, coqueluche, gripe, etc.).
39 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
40 Escotoma: Região da retina em que há perda ou ausência da acuidade visual devido a patologias oculares.
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