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Estrabismo: o que é? Quais as causas e as consequências? Como é feito o diagnóstico? Tem jeito de tratar? Como evolui?

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O que é estrabismo1?

Normalmente, os dois olhos2 miram para frente em direções paralelas. Estrabismo1 é a perda do paralelismo entre os olhos2. Numa comparação grosseira, seria como faróis desalinhados de um carro. Esses desvios podem ocorrer na direção central do rosto, em direção para fora dele ou em sentido vertical (para cima ou para baixo) e serem permanentes ou intermitentes3, uni ou bilaterais e se manifestarem ora num olho4, ora no outro.

Existem três formas de estrabismo1:

  • Convergente: desvio de um dos olhos2 para dentro.
  • Divergente: desvio de um dos olhos2 para fora.
  • Vertical: um olho4 fica mais alto ou mais baixo do que o outro.

Essas três formas podem ser concomitantes, quando o desvio de um dos olhos2 é permanente; intermitentes3, quando ora os olhos2 estão alinhados e ora desviados; latentes, quando só é possível verificar o desvio com testes oculares.

Cada olho4 forma uma imagem dos objetos, mas se eles estão alinhados, o cérebro5 funde as duas imagens numa só. No estrabismo1, essa fusão não ocorre e há a formação de imagens duplas, o que é muito incomodativo. Para evitar isso, pode acontecer de a criança passar a usar apenas um dos olhos2 para enxergar (geralmente o olho4 normal), o que leva a uma atrofia6 por desuso e consequente diminuição ou perda da visão7 do outro olho4 (ambliopia8), pois a região do cérebro5 responsável pela visão7 naquele olho4 não se desenvolve.

Um moderado grau de estrabismo1 pode ser normal no bebê até três meses de idade, como consequência de uma falta de amadurecimento nervoso e muscular, desaparecendo depois.

Quais são as consequências (sinais9 e sintomas10) do estrabismo1?

As consequências do estrabismo1 para a visão7 dependem da idade em que ele aparece e da maneira como se manifesta. A queixa principal, no adulto, é a visão7 dupla. No entanto, se ocorre antes dos seis anos de idade, a criança suprime a imagem que cai no olho4 desviado e não apresenta visão7 dupla, tendo, como consequência, uma ambliopia8. As pessoas com estrabismos latentes terão queixas de cefaleia11, devido ao esforço que fazem imperceptivelmente para manter os olhos2 alinhados, porque, do contrário, têm visão7 dupla. Outra consequência do estrabismo1 é o chamado torcicolo12 ocular, em que a criança, para usar melhor os dois olhos2, tem de girar ou inclinar a cabeça13 para uma posição não usual. A diplopia14 é uma queixa sempre presente em casos de estrabismo1 nas crianças maiores e nos adultos.

Quais são as causas do estrabismo1?

Normalmente, o movimento dos olhos2 é feito pela ação sincrônica de músculos15 comandados por nervos conectados ao sistema nervoso central16, mas alguns fatores podem comprometer esse funcionamento e provocar o estrabismo1, como a hipermetropia17; a baixa visão7 em um dos olhos2; as doenças neurológicas ou genéticas, doenças oculares, infecciosas, da tireoide18 e o diabetes mellitus19. Muitos estrabismos apresentam um caráter hereditário irregular e podem pular algumas gerações.

Como o médico diagnostica o estrabismo1?

A mera observação direta do posicionamento dos olhos2 já oferece um indicativo importante. Os sintomas10 eventualmente queixados pelos pacientes constituem uma segunda linha de suspeitas. O oftalmologista20 provavelmente fará um teste de reflexo para verificar se o foco de luz está centralizado nas duas pupilas, o qual deve ser complementado por outros exames oftalmológicos, como os de acuidade visual21, fundo de olho22, testes de oclusão e movimentação ocular, etc.

Como o médico trata o estrabismo1?

O estrabismo1, dependendo do seu tipo e grau, pode ser corrigido com óculos ou com cirurgia. Muitas vezes se aconselha ocluir o olho4 desviado como prevenção da ambliopia8, mas isso não interfere no desvio. A operação visa corrigir o estrabismo1 que não é corrigido com óculos. Os desvios latentes e intermitentes3 pequenos podem receber importante auxílio do ortoptista23, com exercícios chamados ortópticos24. A fisioterapia25 ocular tem-se mostrado um auxílio importante no tratamento dos músculos15 afetados pelo estrabismo1. O uso de colírios pode estar indicado para aliviar alguns sintomas10. A aplicação de toxina26 botulínica pode, em alguns casos especiais, ser uma alternativa para a correção do desvio.

Como evolui o estrabismo1?

O estrabismo1 não desaparece espontaneamente com o crescimento. Ele pode ser tratado e corrigido em qualquer idade, mas os resultados são sempre melhores se o tratamento for iniciado precocemente.

A falta de tratamento adequado, em tempo hábil, pode levar à perda total da visão7 do olho4 desviado.

Todas as crianças devem passar por uma consulta com um oftalmologista20 em idade precoce, de maneira ideal antes de completarem o segundo ano de vida, para a prevenção de danos oculares.

ABCMED, 2013. Estrabismo: o que é? Quais as causas e as consequências? Como é feito o diagnóstico? Tem jeito de tratar? Como evolui?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/360414/estrabismo-o-que-e-quais-as-causas-e-as-consequencias-como-e-feito-o-diagnostico-tem-jeito-de-tratar-como-evolui.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Estrabismo: Desvio da posição de um ou ambos os globos oculares, secundária a uma alteração no sistema de músculos, tendões e nervos encarregados de dar aos olhos o movimento normal.
2 Olhos:
3 Intermitentes: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
4 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
5 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
6 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
7 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
8 Ambliopia: Ambliopia ou “olho preguiçoso†é um termo oftalmológico usado para definir a baixa visão que não é corrigida com óculos. Isso quer dizer que a causa desse déficit não está especificamente no olho, mas sim na região cerebral que corresponde à visão e que não foi devidamente estimulada no momento certo (“o olho não aprende a verâ€). Afeta 1 a 2% da população, sendo a principal causa de baixa visão nas crianças. É um problema que pode passar despercebido pela criança ou pelos pais, por isso as triagens visuais para as crianças são tão importantes.
9 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
12 Torcicolo: Distúrbio freqüente produzido por uma luxação nas vértebras da coluna cervical, ou a espasmos dos músculos do pescoço que produzem rigidez e rotação lateral do mesmo.
13 Cabeça:
14 Diplopia: Visão dupla.
15 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
16 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
17 Hipermetropia: Transtorno ocular em que existe uma dificuldade para ver objetos de perto. Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais e, mais recentemente, com o uso de cirurgia a laser.
18 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
19 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
20 Oftalmologista: Médico especializado em diagnosticar e tratar as doenças que acometem os olhos. Podem prescrever óculos de grau e lentes de contato.
21 Acuidade visual: Grau de aptidão do olho para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos.
22 Fundo de olho: Fundoscopia, oftalmoscopia ou exame de fundo de olho é o exame em que se visualizam as estruturas do segmento posterior do olho (cabeça do nervo óptico, retina, vasos retinianos e coroide), dando atenção especialmente a região central da retina, denominada mácula. O principal aparelho utilizado pelo clínico para realização do exame de fundo de olho é o oftalmoscópio direto. O oftalmologista usa o oftalmoscópio indireto e a lâmpada de fenda.
23 Ortoptista: Profissional da ortóptica, que é um ramo auxiliar da oftalmologia que trata de distúrbios e defeitos da visão sensorial e motora. O ortoptista procura corrigir as anomalias da visão sem recorrer à cirurgia, utilizando-se de métodos de fisioterapia ocular, de exercícios, de equipamentos e ferramentas de estimulação sensorial, como lentes prismáticas e filtros.
24 Ortópticos: 1. Diz-se de ponto ou lugar onde se encontram duas tangentes perpendiculares. 2. Em oftalmologia, que ou o que reeduca certas perturbações da visão, especialmente corrigindo a obliquidade de um ou de ambos os eixos visuais.
25 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
26 Toxina: Substância tóxica, especialmente uma proteína, produzida durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capaz de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
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