Saiba mais sobre a doença de Graves
O que é a doença de Graves?
A doença de Graves (ou doença de Basedow-Graves ou bócio1 difuso tóxico) é uma doença autoimune2, que gera uma anomalia no funcionamento da glândula3 tireoide4. Essa glândula3 libera no organismo os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), que controlam o metabolismo5 do corpo, crucial para regular o humor, o peso e os níveis de energia mental e físico. O nome da enfermidade foi dado em homenagem ao médico irlandês Robert Graves, que a descreveu em 1835.
Quais são as causas da doença de Graves?
Existe uma predisposição familiar entre as causas da doença de Graves. Cerca de 15% dos doentes apresentam casos dessa doença na família e em 50% dos familiares assintomáticos podem ser detectados anticorpos6 contra a tireoide4. Algumas vezes pode existir no próprio paciente ou na sua família outras doenças autoimunes7. A doença de Graves é causada por uma resposta anormal do sistema imunológico8 que leva a tireoide4 a funcionar em excesso, produzindo uma quantidade aumentada de hormônios tireoidianos. Embora a doença possa se manifestar em qualquer idade, é mais comum acima dos 20 anos e em mulheres mais que nos homens (5:1 a 10:1 em diferentes estatísticas). A pessoa com doença de Graves produz níveis aumentados de anticorpos6 que atacam a tireoide4. Estas imunoglobulinas9 anormais ligam-se a receptores do hormônio10 estimulante da tireoide4 (TSH) e aumentam a estimulação da glândula3, que assim libera grandes quantidades de hormônios na circulação11.
Quais são os principais sinais12 e sintomas13 da doença de Graves?
A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo14 e dos seus sintomas13. A glândula3 tireoide4 geralmente se apresenta aumentada de tamanho. É comum ocorrer exoftalmia (protrusão dos globos oculares) e, nos homens, aumento das mamas15, além de alterações na pele16 normalmente representadas por lesões17 assintomáticas a nível pré-tibial ou no dorso18 do pé, as quais, todavia, podem ser pruriginosas19 e dolorosas. Os principais sintomas13 da doença de graves são os próprios do hipertireoidismo14: ansiedade, nervosismo, insônia, tremores, perda de peso, sudorese20 excessiva, fadiga21, dificuldade de concentração, visão22 dupla, taquicardia23, etc.
Como o médico diagnostica a doença de Graves?
A doença de Graves pode ser suspeitada por meio da história clínica, dos sintomas13 e do exame físico que constatará um aumento visível da tireoide4 e um aumento da frequência cardíaca. O diagnóstico24 de certeza pode ser alcançado por meio da cintilografia25 (captação de iodo radioativo26 pela tireoide4), da ecografia27 e da dosagem de T4 livre e TSH no sangue28, além de anticorpos6 contra a tireoide4. Os hormônios tireoidianos medidos no sangue28 estarão em níveis aumentados, mas o TSH circulante, devido ao feedback negativo, pode não apresentar alterações. Em alguns pacientes o hemograma apresentará anemia29, contagem baixa de glóbulos brancos e plaquetas30, maior nível de linfócitos e monócitos31. A bioquímica do sangue28 mostrará diminuição dos níveis de colesterol32, triglicerídeos e cortisol, redução de testosterona, níveis reduzidos de paratormônio (PTH).
Deve ser feito um diagnóstico24 diferencial com outras enfermidades que podem produzir sintomas13 semelhantes, como os transtornos de ansiedade, tireoidite de Hashimoto, feocromocitoma33, tumores da hipófise34 ou da tireoide4, abuso de drogas, etc.
Como o médico trata a doença de Graves?
O hipertireoidismo14 devido à doença de Graves é de fácil controle. No entanto, como na maioria das terapias para o hipertireoidismo14, pode haver um eventual desenvolvimento de hipotireoidismo35. O tratamento da doença de Graves irá variar de acordo com a fase em que a doença se encontre. Alguns fármacos podem ser usados para o controle sintomático36 dos sintomas13 do hipertireoidismo14 e das oftalmopatias, as quais, em alguns casos, podem também ser corrigidas por cirurgias plásticas. O tratamento da doença de Graves em si mesma pode exigir a tireoidectomia ou a radioterapia37 por ingestão de iodo radioativo26, o qual é captado pela tireoide4 e destrói parte de suas células38 foliculares.
Quais são os cuidados a serem tomados na doença de Graves?
- O iodo radioativo26 não deve ser administrado a mulheres grávidas ou que estejam amamentando, porque pode ser passado de mãe para filho e prejudicar a tireoide4 do feto39 ou do bebê.
- Ao longo do tempo o iodo radioativo26 pode levar ao hipotireoidismo35.
- Mulheres grávidas podem tomar propiltiouracil, mas devem evitar outras drogas que possam atravessar a barreira placentária e danificar a glândula3 tireoide4 do feto39.
- A cirurgia da tireoide4 envolve riscos como sangramentos, lesões17 de grandes nervos, vasos sanguíneos40 e das glândulas41 paratireoides.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Mayo Clinic, do National Health Service do Reino Unido e da American Thyroid Association.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.