Hidrocefalia de pressão normal
O que é hidrocefalia1 de pressão normal?
A hidrocefalia1 é uma condição na qual há um excesso de líquido cefalorraquidiano2 (LCR) ou líquor3 nos ventrículos. Os ventrículos aumentam para acomodar o fluido extra e pressionam diferentes partes do cérebro4. Na hidrocefalia1 de pressão normal, a drenagem5 do LCR é bloqueada muito gradualmente e o excesso de líquido se acumula muito lentamente. Com isso, a pressão do fluido no cérebro4 pode não ser tão alta quanto em outros tipos de hidrocefalia1, ou mesmo ser normal.
No entanto, os ventrículos aumentados ainda pressionam o cérebro4 e podem causar sintomas6, assim, o termo "pressão normal" é um pouco enganador, uma vez que nem tudo está “normal”.
Quais são as causas da hidrocefalia1 de pressão normal?
A hidrocefalia1 de pressão normal tem muitas causas diferentes. Algumas pessoas nascem com essa condição, enquanto em outras ela se desenvolve durante a vida. A hidrocefalia1 de pressão normal pode ocorrer após uma cirurgia ou lesão7 na cabeça8, sangramento ao redor do cérebro4 (devido a um golpe na cabeça8, por exemplo), derrame9, meningite10 ou tumor11 cerebral. Na maioria dos casos, a causa da hidrocefalia1 de pressão normal nunca se torna conhecida.
Saiba mais sobre "Hidrocefalia1", "Acidente vascular cerebral12", "Meningite10" e "Tumor11 cerebral".
Qual é o mecanismo fisiológico13 da hidrocefalia1 de pressão normal?
O cérebro4 e a medula espinhal14 são circundados pelo LCR, produzido e armazenado em cavidades no cérebro4 chamadas ventrículos. O equilíbrio entre a produção e absorção do líquor3 mantém constante a quantidade desse líquido no espaço subaracnoideo. O aumento dele geralmente aumenta a pressão nesses espaços. A hidrocefalia1 de pressão normal faz exceção a esta regra.
Na hidrocefalia1 de pressão normal, a drenagem5 do LCR é bloqueada gradualmente durante um longo período e o excesso de líquido se acumula muito lentamente. Esse lento aumento de líquor3 nos ventrículos faz com que a pressão do fluido no cérebro4 possa não ser tão alta quanto em outros tipos de hidrocefalia1, ou mesmo ser normal.
O LCR circula ao redor do cérebro4, movendo-se de ventrículo para ventrículo. As suas funções são amortecer e proteger o cérebro4 e a medula espinhal14, supri-los de nutrientes e remover alguns de seus produtos residuais. Qualquer excesso de líquido é drenado do cérebro4 e é absorvido pelas veias15 no topo do cérebro4.
Quais são as principais características clínicas da hidrocefalia1 de pressão normal?
A hidrocefalia1 de pressão normal ocorre em idosos; a idade média da pessoa com essa condição quase sempre é acima dos 60 anos. As partes do cérebro4 mais afetadas por ela são aquelas que controlam as pernas, a bexiga16 e os processos mentais cognitivos17, como memória, raciocínio, resolução de problemas e fala, que podem, ao se agravar, levar à demência18. Outros sintomas6 incluem marcha anormal (dificuldade para andar), incapacidade de reter a urina19 e, ocasionalmente, incapacidade de controlar os intestinos20.
Os sintomas6 de demência18 da hidrocefalia1 de pressão normal são assemelhados aos da doença de Alzheimer21 e os problemas de andar são assemelhados aos da doença de Parkinson22 e, por isso, muitos casos de hidrocefalia1 de pressão normal são diagnosticados erroneamente como uma dessas doenças. No entanto, ao contrário de Alzheimer23 e Parkinson, a hidrocefalia1 de pressão normal pode ser revertida em muitas pessoas, com o tratamento adequado.
No início, os sintomas6 da hidrocefalia1 de pressão normal são muito sutis e pioram muito lentamente. Os sintomas6 da demência18 incluem perda de memória, problemas de fala, apatia24, mudanças no comportamento e/ou do humor, dificuldades de raciocínio, atenção ou julgamento, problemas no andar, instabilidade, fraqueza nas pernas, dificuldade em dar o primeiro passo, como se os pés estivessem presos ao chão, sintomas6 urinários e incapacidade de segurar a urina19 e/ou as fezes.
Se houver aumento da pressão no cérebro4 podem ocorrer também dor de cabeça8, náuseas25, vômitos26 e dificuldades de focalizar os olhos27.
Leia sobre "Incontinência urinária28", "Incontinência fecal29", "Alzheimer23" e "Parkinson".
Como o médico diagnostica a hidrocefalia1 de pressão normal?
O exame neuropsicológico é o método mais preciso para identificar e documentar os problemas cognitivos17 e as forças de uma pessoa. Não há exame de laboratório que confirme o diagnóstico30 de hidrocefalia1 de pressão normal. No entanto, eles podem ajudar a descartar outras condições que possam causar sintomas6 semelhantes.
A tomografia computadorizada31 da cabeça8 pode mostrar aumento ventricular ou outras alterações que sugiram a hidrocefalia1 de pressão normal. Novas técnicas podem medir o fluxo de líquido cefalorraquidiano2 no cérebro4, embora esses achados, por si só, possam não ser suficientes para o diagnóstico30. A ressonância magnética32 pode fornecer uma imagem mais detalhada do cérebro4, mas também não pode confirmar um diagnóstico30 de hidrocefalia1 de pressão normal.
A cisternografia (raio X contrastado dos espaços subaracnóideos, com destaque para os ventrículos) é muito mais precisa que a tomografia computadorizada31 ou ressonância magnética32, mas não é amplamente utilizada em virtude de exigir uma técnica muito elaborada. A punção lombar não só ajuda a medir a pressão do líquido cefalorraquidiano2 como permite que o fluido removido seja analisado em busca de anormalidades que possam dar uma pista sobre o problema. O líquido removido pode, ainda, ajudar a aliviar os sintomas6, mesmo que temporariamente.
Como o médico trata a hidrocefalia1 de pressão normal?
A hidrocefalia1 de pressão normal geralmente não pode ser curada. No entanto, muitas pessoas com a condição obtêm alívio substancial através do tratamento cirúrgico. A cirurgia para esse problema, na maioria dos casos, consiste em um shunt33 em que um tubo fino é inserido nos ventrículos para drenar o líquido cefalorraquidiano2 em excesso e encaminhá-lo para outra parte do corpo, geralmente o peritônio34, onde é reabsorvido pela corrente sanguínea. Não se trata de uma cura, nem de uma abordagem à causa subjacente, no entanto, pode aliviar os sintomas6. A derivação permanece no lugar indefinidamente e muitas vezes não é óbvia para as outras pessoas.
Para aqueles que não são candidatos à cirurgia, o tratamento consiste em medidas para aliviar problemas de humor e de comportamento, lidar com problemas físicos, como incontinência35 e dificuldades de locomoção e maximizar o funcionamento físico, mental e social. A melhora dos sintomas6 com a punção lombar é comumente interpretada como um indício de que um shunt33 cirúrgico seria útil para essa pessoa.
Veja também sobre "Microcefalia36" e "Macrocefalia".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.