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Anomalias do cordão umbilical

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O que é o cordão umbilical1?

O cordão umbilical1 é uma estrutura tubular de cerca de 50 cm de comprimento e 2 cm de diâmetro que conecta o bebê com o corpo da mãe, através da placenta. Ele é responsável por fazer com que o sangue2 do bebê passe pela placenta, onde é oxigenado e recebe nutrientes, retornando em seguida para o bebê. Por meio dele o bebê em gestação recebe oxigênio e nutrientes, vindos da mãe, e excreta as substâncias que não servem ao seu metabolismo3.

Ele é composto de duas artérias4 e uma veia envoltas em um material gelatinoso, chamado geleia de Wharton, e comunica o sistema circulatório5 do bebê, através do umbigo6, aos vasos da placenta que, por sua vez, se comunica com os vasos maternos, fazendo as trocas necessárias.

Logo após o nascimento, o cordão umbilical1 deve ser clampeado (pinçado) a poucos centímetros do corpo do bebê e cortado, de modo a separar inteiramente o bebê das estruturas maternas. Até no máximo dez dias depois do nascimento, o coto do cordão ligado ao corpo do bebê “seca” e se desprende do seu corpo. As pessoas então costumam dizer que “o cordão umbilical1 caiu”.

Veja sobre "Cuidados com o recém-nascido", "Cuidados com o coto umbilical", "O banho do bebê" e "Amamentação7".

Quais são as anomalias do cordão umbilical1?

Várias situações anômalas podem ocorrer com o cordão umbilical1, antes e durante o nascimento. Entre elas estão: (1) trombose8 dos vasos umbilicais, (2) ruptura dos vasos umbilicais, (3) nó do cordão umbilical1, (4) alterações estruturais do cordão, (5) artéria9 umbilical única, (6) cordão umbilical1 curto, (7) prolapso10 do cordão umbilical1 e (8) inserção velamentosa do cordão umbilical1.

  1. A trombose8 dos vasos umbilicais é a formação de um trombo11 e a obstrução dos vasos do cordão umbilical1 ou da placenta. Se o fluxo é interrompido por muito tempo ou de forma total, o bebê pode ficar sem oxigênio e nutrientes, aumentando a probabilidade de morrer asfixiado. Clinicamente isso se manifesta por meio de uma diminuição dos movimentos fetais.
  2. A ruptura dos vasos umbilicais produz uma hemorragia12 dentro do útero13, impedindo a chegada do sangue2 ao bebê. Uma condição especial em que isso pode ocorrer é a vasa prévia, em que devido a um mau posicionamento do cordão umbilical1 em relação à placenta, durante o trabalho de parto vaginal, os vasos umbilicais podem passar pelo colo do útero14 e serem comprimidos ou se romperem, reduzindo ou cessando a oferta de sangue2 para o bebê. Vasa prévia é uma complicação bastante rara, mas grave, da gravidez15, e se caracteriza como uma situação que requer solução imediata.
  3. Ao se movimentar pelo líquido amniótico16, o bebê pode provocar a formação de um nó no cordão umbilical1. Na maioria dos casos, isso não gera nenhum problema, mas existe a possibilidade de compressão dos vasos e prejuízo do fluxo de sangue2 ao bebê. O famoso cordão umbilical1 enrolado no pescoço17 traz os mesmos riscos que qualquer outra compressão do cordão. O perigo não é a compressão do pescoço17, e sim a compressão do cordão umbilical1 pelo pescoço17 do bebê.
  4. As alterações estruturais se referem ao fato de o cordão ser muito longo, muito curto, não ser espiralado o suficiente e não conter a geleia de Wharton na quantidade certa. Se o cordão tiver alguma dessas alterações, a chance de os vasos sofrerem compressão fica aumentada.
  5. Normalmente o cordão umbilical1 conta com duas artérias4 e uma veia. A condição em que há uma única artéria9 umbilical acontece em cerca de 4% das gestações e só costuma ser descoberta após o nascimento, embora seja possível visualizá-la ainda durante a gestação, por meio do exame de ultrassonografia18. Em 20 a 30% dos casos dos bebês19 com artéria9 umbilical única existe a constatação de outras anomalias, como cardiopatias congênitas20, alterações urinárias ou síndromes cromossômicas, como a síndrome de Down21, por exemplo.
  6. O cordão umbilical1 pode ser mais curto que o normal, medindo menos de 35 cm de comprimento. Isso, contudo, não significa necessariamente algum risco para o bebê nem é uma condição para que seja indicada automaticamente uma cesariana. No entanto, é possível que o cordão curto dificulte a tal ponto a descida do bebê pelo canal vaginal que torne necessária a cirurgia. Em alguns casos especiais, pode ser realizada uma cesariana intraparto. Essa situação do cordão curto deve ser diferenciada de outra, chamada de "síndrome22 do cordão umbilical1 curto", em que há a presença de várias malformações23 graves no bebê, que são visíveis nas ultrassonografias de rotina.
  7. O prolapso10 do cordão umbilical1 ocorre quando o cordão umbilical1 sai do útero13 à frente do feto24. O problema de se ter prolapso10 de cordão umbilical1 é que a compressão do cordão durante o processo de nascimento impede a circulação25 de sangue2 com oxigênio e fontes de energia ao feto24, havendo a possibilidade de morte fetal. Por isso, o prolapso10 de cordão umbilical1 é sempre considerado uma emergência26 obstétrica.
  8. A inserção velamentosa do cordão umbilical1 é um problema na ligação do cordão umbilical1 à placenta, reduzindo a nutrição27 do bebê durante a gravidez15. Ocorre quando os vasos umbilicais, sem o suporte do cordão umbilical1 ou da geleia de Wharton, atravessam as membranas fetais28 entre o âmnio e o córion29 antes de sua inserção na placenta.

Cada uma dessas condições tem causas, manifestações clínicas e desfechos diferentes e merecem um manejo específico que deve ser orientado pelo obstetra. A quase totalidade dessas alterações implica na falta de suprimento adequado de oxigênio para o bebê.

Leia também sobre "Prolapso10 do cordão umbilical1", "Ultrassonografia18 na gravidez15", "Cardiopatias congênitas20", "Parto vaginal" e "Parto cesáreo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Radiological Society of North America e da U.S. National Library of Medicine.

ABCMED, 2021. Anomalias do cordão umbilical. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1388665/anomalias-do-cordao-umbilical.htm>. Acesso em: 5 dez. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
2 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
3 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
4 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
5 Sistema circulatório: O sistema circulatório ou cardiovascular é formado por um circuito fechado de tubos (artérias, veias e capilares) dentro dos quais circula o sangue e por um órgão central, o coração, que atua como bomba. Ele move o sangue através dos vasos sanguíneos e distribui substâncias por todo o organismo.
6 Umbigo: Depressão no centro da PAREDE ABDOMINAL, marcando o ponto onde o CORDÃO UMBILICAL entrava no feto. OMPHALO- (navel)
7 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
8 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
9 Artéria: Vaso sangüíneo de grande calibre que leva sangue oxigenado do coração a todas as partes do corpo.
10 Prolapso: Deslocamento de um órgão ou parte dele de sua localização ou aspecto normal. P.ex. prolapso da válvula mitral, prolapso uterino, etc.
11 Trombo: Coágulo aderido à parede interna de uma veia ou artéria. Pode ocasionar a diminuição parcial ou total da luz do mesmo com sintomas de isquemia.
12 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
13 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
14 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
15 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
16 Líquido amniótico: Fluido viscoso, incolor ou levemente esbranquiçado, que preenche a bolsa amniótica e envolve o embrião durante toda a gestação, protegendo-o contra infecções e choques mecânicos e térmicos.
17 Pescoço:
18 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
19 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
20 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
21 Síndrome de Down: Distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 a mais, por isso é também conhecida como “trissomia do 21“. Os portadores desta condição podem apresentar atraso cognitivo, alterações físicas, como prega palmar transversa (uma única prega na palma da mão, em vez de duas), pregas nas pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa.
22 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
23 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
24 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
25 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
26 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
27 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
28 Membranas Fetais: Camadas finas de tecido que envolvem o embrião em desenvolvimento. Há quatro membranas extra-embrionárias, geralmente encontradas em VERTEBRADOS, como RÉPTEIS, AVES e MAMÍFEROS. São
29 Córion: Membrana extra-embrionária mais externa que envolve o embrião em desenvolvimento. Nos RÉPTEIS e AVES, está aderida à casca e permite as trocas gasosas entre o ovo e seu ambiente. Nos MAMÍFEROS o córion evolui para a contribuição fetal da PLACENTA. Membrana Corioalantóide;

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