Como é a cesárea?
O que é cesariana?
Cesariana, ou simplesmente cesárea, é uma técnica cirúrgica por meio da qual o cirurgião realiza um corte no abdômen e no útero1 da mulher, utilizados para extrair um feto2. Planejada inicialmente para ser utilizada naqueles casos em que o nascimento não podia se dar pela via natural, acabou se tornando preferida ao parto normal, pela maioria das mulheres e dos médicos, sobretudo nas grandes cidades, onde os recursos médicos são mais accessíveis. Tal preferência deve-se principalmente aos avanços atuais da cirurgia, com riscos mínimos, e às comodidades que a cesariana oferece a pacientes e médicos, sem efeitos nocivos para os bebês3.
Uma das teorias sobre a origem da palavra diz que ela derivaria da forma como nasceu o imperador Júlio César, cuja mãe teria morrido no nono mês de gravidez4 e sua barriga teria sido aberta para retirada do bebê. No entanto, há notícias desse tipo de nascimento mesmo antes da época do imperador Júlio Cesar. Segundo outra teoria, a palavra tem origem no verbo caedere, que significa cortar.
Por que fazer uma cesárea?
O parto cesáreo muitas vezes obedece a uma opção da gestante e/ou do médico. No entanto, algumas grávidas já sabem desde cedo que vão precisar de uma cesariana, por apresentarem alguma complicação com a gravidez4 ou com o bebê. Mas outras vezes a decisão só ocorre durante o trabalho de parto.
Entre os motivos de indicação para a cirurgia cesariana contam-se: o sofrimento fetal agudo5, placenta prévia, lesão6 por herpes no momento do trabalho de parto, prolapso7 de cordão, feto2 em posição transversal no momento do parto e falha de indução quando há indicação de interrupção de gravidez4.
Segundo a Organização Mundial da Saúde8 (OMS), apenas cerca de 15% dos partos incide numa dessas situações e necessitam de intervenção cirúrgica. Porém, em diversos países as taxas de cesariana são muito mais altas. Nos diversos países da Europa ela varia entre 20 e 30% e no Brasil, na rede púbica, é de mais de 50% e na rede privada chega a 80%.
Algumas outras indicações praticamente inevitáveis para cesárea são: o bebê apresenta alguma doença ou anormalidade já conhecida, gestação de três ou mais bebê, a mãe estar com alguma infecção9 que pode ser transmitida ao bebê no parto vaginal, placenta prévia, que bloqueia a saída do bebê, descolamento prematuro da placenta, pré-eclâmpsia10 e eclâmpsia11, histórico materno de cirurgias uterinas, inclusive mais de uma cesárea anterior e problemas de coluna ou de quadril que impossibilitem a mulher de ficar em posição ginecológica12.
Depois que o trabalho de parto já começou, uma cesariana pode ser decidia por variadas razões. Entre elas: frequência cardíaca irregular do bebê, prolapso7 de cordão umbilical13, descolamento de placenta ou a não dilatação do colo do útero14.
Como é feita a cesariana?
O preparo para a cirurgia inclui jejum de pelo menos cinco horas, se a cesárea é agendada previamente, a retirada de quaisquer adereços, piercings, óculos e/ou lentes. A paciente não deve estar excessivamente maquiada e nem usar esmalte15 escuro nas mãos16, para que a coloração de sua pele17 e unhas18 possam ser clinicamente monitoradas.
Quase sempre as cesarianas são realizadas com anestesia19 peridural20 ou raquidiana, para que a mãe possa permanecer acordada e acompanhar o nascimento do bebê. Os pelos da região da incisão21 devem ser raspados e a região devidamente higienizada. Então, é feita uma incisão21 transversal ou longitudinal na pele17 do abdômen (epiderme22, derme23 e hipoderme24) na linha acima dos pelos púbicos da gestante. A seguir são abertos os tecidos subjacentes, a aponeurose dos músculos25 retos abdominais, separados os músculos25 na linha média e abertos o peritônio parietal26, o peritônio visceral27 e a parede uterina. O próximo passo é a extração do feto2, seguida da retirada da placenta e revisão da cavidade uterina.
Após, são ajuntados e suturados os planos anteriormente seccionados. O procedimento total leva cerca de trinta minutos e mais tempo é gasto para fechar do que para abrir a barriga. Terminada a cirurgia, algumas mulheres sentem muito frio e tremedeira, devido à queda de temperatura corporal durante a operação, porque a anestesia19 afeta a capacidade do organismo de regular a temperatura. Isso, no entanto, passa em cerca de meia hora.
Quais são as complicações possíveis da cesárea?
As cesarianas são cirurgias de grande porte e comportam todas as complicações possíveis a este tipo de cirurgia, as quais, no entanto, são raras. Elas tornam as mulheres mais susceptíveis a infecções28, sangramentos e dores pós-parto e o período de recuperação é mais longo que o dos partos normais. Para a mãe, os riscos da cesariana, se feita por um profissional experiente, embora raros, incluem a ocorrência de aderências, infecções28, hematomas29, hérnias30, lesões31 na bexiga32 ou outros órgãos, hemorragias33, acidentes anestésicos e tromboembolismo34. Para o bebê, são o risco de cortes acidentais, desconforto respiratório e maiores dificuldades posteriores na amamentação35.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.