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Parto normal ou cesárea?

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O que é um parto normal ou uma cesariana?

De forma natural e dentro da integridade fisiológica1, a expulsão do feto2 se dá através da vagina3, no que se chama de parto normal. Denomina-se “trabalho de parto” ao conjunto de eventos fisiológicos que possibilitam e promovem a expulsão e o nascimento do bebê.

Os principais sinais4 de início do trabalho de parto são:

  1. O rompimento da "bolsa das águas" (bolsa amniótica5)
  2. Contrações uterinas dolorosas que aumentam progressivamente de intensidade e frequência
  3. Perda do tampão mucoso do colo do útero6
  4. Dilatação do colo do útero6

Esses fatos farão pressão sobre o bebê e, em conjunto com o esforço da mãe e do médico, impulsionarão a criança para fora. No parto normal, o bebê passa por um estresse para nascer. No caso de um primeiro filho, o trabalho de parto varia entre 8 a 24 horas e esse tempo diminui a cada gravidez7.

Por sua vez, a cesariana, ou simplesmente cesárea, é uma técnica cirúrgica por meio da qual o cirurgião realiza um corte no abdômen e no útero8 da mulher, utilizado para extrair o feto2 através dele. Uma das teorias sobre a origem da palavra “cesariana” diz que ela derivaria da forma como nasceu o imperador Júlio César, cuja mãe teria morrido no nono mês de gravidez7 e sua barriga teria sido aberta para retirada do bebê. No entanto, há notícias desse tipo de nascimento mesmo antes da época do imperador Júlio Cesar. Segundo outra teoria, a palavra tem origem no verbo latino caedere, que significa cortar.

Saiba mais sobre "Parto vaginal", "Cesárea" e "Trabalho de parto".

Parto normal ou cesariana?

Concebida inicialmente para ser utilizada naqueles casos em que o nascimento não podia se dar pela via natural, a cesariana acabou muitas vezes se tornando preferida ao parto normal pela maioria das mulheres e dos obstetras, sobretudo nas grandes cidades, em que os recursos médicos são mais accessíveis. Tal preferência deve-se principalmente aos avanços atuais da cirurgia, com riscos mínimos, e às comodidades que a cesariana oferece a pacientes e médicos, sem efeitos nocivos para os bebês9.

O parto cesáreo muitas vezes obedece simplesmente a uma opção da gestante e/ou do médico. No entanto, ela pode torna-se obrigatória por razões clínicas. Em alguns casos, a decisão de recorrer a ela só se dá durante o trabalho de parto, mas em outros as grávidas já sabem desde cedo que vão precisar de uma cesariana, por apresentarem alguma complicação com a gravidez7 ou com o bebê.

Segundo a Organização Mundial da Saúde10 (OMS), apenas cerca de 15% dos partos incide naturalmente numa dessas situações, porém, em diversos países as taxas de cesariana são muito mais altas. Nos diversos países da Europa ela varia entre 20 e 30% e, no Brasil, antes da campanha que incentivou o parto normal, atingiu mais de 50% na rede púbica e 80% na rede privada.

No parto normal, a recuperação das atividades cotidianas é mais rápida e o risco de infecção11 da mãe é menor. Também o bebê tem menos risco de apresentar problemas respiratórios. No entanto, a cesariana pode ser a melhor opção quando: há apresentação pélvica12 (o bebe está “sentado”); for uma gravidez7 gemelar e o primeiro feto2 está em posição anômala; ocorre desproporção céfalo-pélvica12 (cabeça13 do bebê muito grande); ou nos casos em que há suspeita de descolamento da placenta ou placenta prévia total, ocluindo o canal de parto.

Em comparação à cesariana, o parto normal tem uma recuperação mais rápida; menor dor pós-parto; menor risco de complicações; cicatriz14 menor; pode ser feito com ou sem anestesia15; menor risco de complicações respiratórias para o bebê; permite à mãe levantar logo para cuidar do bebê e os partos futuros são mais fáceis, duram menos tempo e a dor é ainda menor. Acredita-se também que o parto normal favoreça a produção de leite materno e que após um parto vaginal o útero8 volte ao seu tamanho mais rapidamente. As dificuldades maiores do parto normal se dão no primeiro parto. Os partos posteriores em geral são bem mais fáceis que o primeiro e pode mesmo acontecer que o bebê nasça repentinamente, sem que a mulher o espere naquele momento. Não são raros os casos em que o bebê nasce a caminho da maternidade, assistido por pessoas leigas.

Graças aos progressos da cirurgia, a cesariana tornou-se um procedimento relativamente simples e seguro. Uma das principais vantagens é que o parto pode ser programado com antecedência, permitindo ao médico e à paciente se prepararem para ele, a partir da 37ª semana de gestação. O parto cesário realiza-se sem dor graças à anestesia15, que se for peridural16 permite à mulher manter-se acordada e acompanhar o nascimento do bebê. A cirurgia cesariana também faz com que o trabalho de parto seja mais rápido e poupa o bebê de vivenciar o estresse das contrações uterinas e das compressões de ter de passar pelo canal vaginal. Acrescente-se, ainda, que mesmo num parto normal, algumas mulheres precisam de uma pequena cirurgia perineana, a episiotomia17, nem sempre livre de complicações. A cesariana elimina o risco de complicações possíveis do parto vaginal para o bebê, como lesão18 do plexo braquial19, traumas ósseos ou asfixia20 provocada por complicações intra-parto, e reduz o risco a longo prazo de prolapso21 uterino ou de bexiga22 e incontinência urinária23 na mãe. Além disso, previne os nascimentos pós maduros, que podem ocorrer com o parto normal.

Razões não clínicas para preferir-se um parto normal a uma cesariana

Além das razões citadas, há razões não clínicas para que a mulher prefira o parto normal à cesariana. Alega-se que o parto normal é a forma natural de nascer. Uma razão a mais de preferir-se o parto normal é que muitos lugares não dispõem dos recursos ou profissionais especializados para realizar uma cirurgia cesariana. Argumenta-se ainda que o parto normal torna mais marcante a experiência de “ser mãe”, enriquecendo a relação afetiva mãe-bebê.

Leia também sobre "Sintomas24 precoces de gravidez7", "Pré-natal - o que é e exames a serem feitos" e "Parto prematuro".

 

Referências:

 As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da ANS – Agência Nacional de Saúde.

ABCMED, 2020. Parto normal ou cesárea?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/1371493/parto-normal-ou-cesarea.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
2 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
3 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
4 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
5 Bolsa amniótica: Bolsa amniótica ou âmnio é um dos anexos embrionários que alguns vertebrados (répteis, aves e mamíferos) possuem durante o seu desenvolvimento embrionário. Também conhecida como saco amniótico, é onde o feto se desenvolve no líquido amniótico.
6 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
7 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
8 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
9 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
10 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
11 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
12 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
13 Cabeça:
14 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
15 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
16 Peridural: Mesmo que epidural. Localizado entre a dura-máter e a vértebra (diz-se do espaço do canal raquidiano). Na anatomia geral e na anestesiologia, é o que se localiza ou que se faz em torno da dura-máter.
17 Episiotomia: Corte cirúrgico feito no períneo (área entre a vagina e o ânus), realizado com anestesia local, se a mulher ainda não estiver anestesiada, para alargar o canal do parto e, supostamente, ajudar o nascimento do bebê.
18 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
19 Plexo Braquial: A maior rede de fibras nervosas que inervam a extremidade superior. O plexo braquial estende-se do pescoço até a axila. Em humanos, os nervos deste plexo usualmente se originam dos segmentos inferior cervival e primeiro torácico da medula espinhal (C5-C8 e T1), porém variações não são incomuns.
20 Asfixia: 1. Dificuldade ou impossibilidade de respirar, que pode levar à anóxia. Ela pode ser causada por estrangulamento, afogamento, inalação de gases tóxicos, obstruções mecânicas ou infecciosas das vias aéreas superiores, etc. 2. No sentido figurado, significa sujeição à tirania; opressão e/ou cobrança de posições morais ou sociais que dão origem à privação de certas liberdades.
21 Prolapso: Deslocamento de um órgão ou parte dele de sua localização ou aspecto normal. P.ex. prolapso da válvula mitral, prolapso uterino, etc.
22 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
23 Incontinência urinária: Perda do controle da bexiga que provoca a passagem involuntária de urina através da uretra. Existem diversas causas e tipos de incontinência e muitas opções terapêuticas. Estas vão desde simples exercícios de fisioterapia até complicadas cirurgias. As mulheres são mais freqüentemente acometidas por este problema.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
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