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Prevenção ao suicídio

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O dia 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo, dedicando todo o mês à prevenção do suicídio.

O suicídio

Suicídio é o ato intencional cujo objetivo é provocar a própria morte. Ele tem múltiplos determinantes e resulta de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, culturais e socioambientais.

Embora as causas últimas do suicídio sejam ainda uma incógnita, conhece-se com certeza alguns fatores de risco: perturbações mentais como a depressão, transtornos bipolares, esquizofrenia1, dependências a tóxicos, alcoolismo, entre outros.

Algumas vezes, o suicídio é um ato impulsivo devido a situações vivenciais adversas. As pessoas com antecedentes de tentativas de suicídio também estão em maior risco de acabarem realizando seu intento. Segundo estudos brasileiros, 96,8% das pessoas que cometeram suicídio sofriam de alguma doença mental.

São registrados anualmente mais de 800 mil casos de suicídio no mundo, 13 mil deles no Brasil, mas devido a atitude preconceituosa em relação ao assunto, esses dados estatísticos sobre o suicídio são subnotificados. Apesar disso, em 2015 o suicídio figurou como a décima principal causa de morte em todo o mundo. O Brasil é o 8º país do mundo em números absolutos de suicídios.

Os métodos de suicídio mais comuns são enforcamento, envenenamento e o recurso a armas de fogo. As taxas de suicídios consumados são mais elevadas nos homens do que nas mulheres, mas as tentativas não exitosas, muito mais numerosas, são mais frequentes nas mulheres que nos homens.

No mundo em geral, o suicídio é mais comum entre os maiores de 70 anos. Entretanto, em alguns países o grupo etário de maior risco é aquele com idades compreendidas entre os 15 e 30 anos.

Leia sobre "Suicídio", "Ideação suicida", "Bullying na escola", "Automutilação" e "Abuso sexual de crianças".

Como identificar um potencial suicida

Quase nunca o potencial suicida anuncia claramente sua intenção de se matar. Essa ideação tem de ser captada por sinais2 e sintomas3 nem sempre muito nítidos.

Certas falas das pessoas podem ser indicadoras de uma secreta ideia de se matar, como “não tenho razão para viver”, “estou com uma dor insuportável”, “eu quero morrer” entre outras equivalentes. Também certas ameaças ou atitudes inusitadas devem ser motivos de preocupação como “você não vai me ver de novo”, “eu vou me matar”, “eu poderia pular do telhado do prédio”, ou “eu comprei uma arma”.

Porém, alguns suicidas surpreendem as pessoas com seu gesto, pois nunca deram quaisquer sinais2 dessa sua intenção.

Também alguns sintomas3 psiquiátricos devem ser levados em conta. Um paciente muito ansioso, se sentindo como fracassado, com baixa autoestima, pessimista, com excessivos sentimentos de culpa e que não consegue se posicionar entre as múltiplas alternativas da vida pode inclinar-se pelo suicídio. Certos pacientes esquizofrênicos devem ser vistos como potenciais suicidas.

No entanto, o risco maior de suicídios reside nos pacientes deprimidos. Não nas depressões reativas tão comuns nos dias de hoje, mas nas grandes depressões endógenas, verdadeiras doenças depressivas, nas quais mais que um sentimento de tristeza, existe também uma corporificação, com lentificação dos ritmos psicomotores. Nelas, a ideia e o ato concreto do suicídio têm grande risco de acontecer mesmo quando tudo esteja correndo muito bem.

Certas condições pessoais também podem significar maiores riscos de suicídio: pessoas idosas e solitárias e que já não contem com uma rede familiar ou de relacionamentos significativos; inabilidade de experimentar prazeres nas atividades da vida; relações emocionais muito intensas e não estáveis e hiperatividade sem foco. Essas pessoas estão ainda em maiores riscos se enfrentam experiências tidas como negativas, humilhantes ou vergonhosas.

A prevenção do suicídio

Embora não exista uma culpa única para o suicídio, haja vista o caráter multifatorial do fenômeno, alguns estudos indicam que 90% dos casos de potenciais suicídios podem ser evitados. Embora as medidas de prevenção passem pela restrição do acesso a métodos de suicídio, passam também pelo tratamento de perturbações mentais e pela melhoria das condições de vida da população e, principalmente, por apoio emocional ao potencial suicida.

Em vários países, há linhas telefônicas que oferecem esse apoio e veiculam palavras positivas para pessoas que estão pensando em se matar. No entanto, não é frequente que as pessoas peçam ajuda nos momentos em que o suicídio parece ser a única saída, embora haja quem o faça.

A vontade de viver sempre está presente, resistindo ao desejo de se autodestruir. De forma inesperada, as pessoas se veem diante de sentimentos opostos, o que faz com que considerem a possibilidade de lutar para continuar vivendo. Encontrar alguém que tenha disponibilidade para ouvir e compreender os sentimentos suicidas fortalece as intenções de viver.

No Brasil, o CVV – Centro de Valorização da Vida – atua nesse sentido há mais de 50 anos.

Algumas orientações devem ser passadas para as pessoas que queiram ajudar alguém com ideações suicidas, a fim de tentar evitar o suicídio:

  1. Escolha um momento apropriado e um lugar privado e calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta, sem julgamentos e ofereça seu apoio emocional, com compaixão, reasseguramento, esperança... Não a interrompa: ouça com atenção e interesse.
  2. Pergunte diretamente se a pessoa está pensando em suicídio. Converse de forma direta sobre o assunto, sem preconceitos.
  3. Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde4. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.
  4. Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.
  5. Se a pessoa com quem você está preocupado vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos).
  6. Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
Veja também sobre "Maneiras de lidar com o estresse", "Suicídio na adolescência", "O desafio de conviver com a doença mental" e "Personalidade borderline".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do National Institute of Mental Health, do Centers for Disease Control and Prevention  e da UNILAB.

ABCMED, 2021. Prevenção ao suicídio. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1400815/prevencao-ao-suicidio.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
2 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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