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Hipersexualidade - o que é? Quais as causas? Como é feito o diagnóstico?

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O que é hipersexualidade?

A hipersexualidade é um transtorno sexual caracterizado por um nível elevado e incontrolável de desejo e atividade sexual a ponto de causar prejuízos na vida do indivíduo. Pode ser secundária a uma enfermidade de base ou primária, quando surge na ausência de outra patologia1. Trata-se, então, de um tipo de alteração com sintomas2 compulsivos, obsessivos e impulsivos.

Antigamente a hipersexualidade era denominada de Satiríase, quando ocorrendo em homens, e Ninfomania, quando em mulheres. Alguns autores não reconhecem essa condição como uma patologia1, o que não parece razoável, e consideram que ela reflete apenas uma antipatia cultural pelo comportamento sexual excepcional.

Como não há consenso sobre a causa e natureza da hipersexualidade primária, vários nomes têm sido usados para referir-se a ela: masturbação3 compulsiva, comportamento sexual compulsivo, apetite sexual excessivo, desejo sexual hiperativo, vício em cibersexo, erotomania, desejo sexual excessivo, hipersexualidade, hiperfilia, transtorno hipersexual, dependência sexual, compulsividade sexual, impulsividade sexual, comportamento sexual descontrolado e transtorno relacionado à parafilia4.

Leia mais sobre "Satiríase", "Ninfomania", "Sadismo" e "Masoquismo".

Quais são as causas da hipersexualidade?

Quando secundária, a hipersexualidade é um sintoma5 de outra doença ou condição médica. Nesse caso, pode também apresentar-se como um efeito colateral6 de medicamentos ou através da administração de hormônios. Alguns autores a incluem dentro do espectro dos transtornos compulsivos e algumas pesquisas sugerem que pode estar ligada a alterações bioquímicas ou fisiológicas7 que acompanham, por exemplo, o transtorno bipolar ou a demência8. Pessoas que sofrem lesões9 frontotemporal do cérebro10 estão em risco aumentado de comportamentos sexuais socialmente inadequados, como hipersexualidade.

Como uma condição primária, há pouco consenso entre os especialistas quanto às causas da hipersexualidade. Ela parece ser multifatorial, genética ou devido a um problema físico ou psicológico atuando sobre o sistema nervoso11 que leve a um desequilíbrio dos neurotransmissores (agressão física, ansiedade exagerada, perda afetiva, problemas tóxicos cerebrais, etc.).

Quais são as principais características clínicas da hipersexualidade?

Quase sempre o problema surge a partir da adolescência e se faz mais intenso a partir dos 20-30 anos. A prevalência12 está em torno de 3-5%, sendo que cerca de 80% dos casos ocorre em homens e 20% dos casos em mulheres. A compulsão pode se manifestar não apenas pela relação sexual, mas também por masturbações, excesso de consultas a sites pornográficos, entre outros, e pode ser igual para todos esses procedimentos ou prevalentemente para um ou alguns deles.

A pessoa passa todo o tempo pensando em sexo e buscando situações de cunho erótico. Muitas vezes se expõe a situações de risco, como fazer sexo sem proteção, correndo risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, gerar uma gravidez13 indesejada, praticar atos em locais e com pessoas inadequadas, arriscando-se por locais perigosos e, inclusive, cometendo atos ilegais.

Em casos graves, a pessoa hipersexual pode passar a ter sua vida e sua rotina gravemente alteradas e até mesmo tornar vulnerável sua saúde14, já que pode deixar de comer ou dormir o suficiente, se sentir cansado e deixar de lado tarefas importantes, como faltar ao próprio trabalho.

Apesar da prática de atos sexuais, a pessoa não se sente saciada e continua sentindo intenso desejo. Esses atos são buscados mais como meios de alívio que de prazer. Se, no entanto, a situação for menos intensa, as repercussões desses atos estarão mais ligadas a valores e significados que eles têm, do que propriamente a algum prejuízo material que decorra deles.

Saiba mais sobre "Conhecimentos sobre relação sexual" e "Doenças sexualmente transmissíveis".

Como o médico diagnostica a hipersexualidade?

O diagnóstico15 da hipersexualidade primária é eminentemente16 clínico e depende dos relatos do paciente ou de pessoas próximas que tenham percebido o problema. Não há sinais17 físicos ou laboratoriais capazes de chancelar o problema. Quando ela é secundária, pode-se apurar alguns sinais17 ou sintomas2 da enfermidade de base.

Como tratar a hipersexualidade?

O tratamento da hipersexualidade primária é similar ao de outros tipos de dependências. Quase sempre o paciente retarda muito a busca de tratamento ou mesmo o recusa, só vindo a se tratar quando fortemente induzido por outras pessoas que notaram seu problema. Muitos pacientes, a princípio, não o abordam diretamente e alegam outros problemas como, por exemplo, dificuldades de ereção18. Nesses casos, as tentativas de tratamento devem combinar medicação (antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores do humor) e psicoterapia.

Quando se trata de uma hipersexualidade secundária, o tratamento deve visar a condição de base e seu desfecho depende da enfermidade subjacente.

Veja também sobre "Afrodisíacos, desejo e excitabilidade sexual", "Dor na relação sexual ou dispareunia" e "Impotência19 sexual ou disfunção erétil".

 

ABCMED, 2019. Hipersexualidade - o que é? Quais as causas? Como é feito o diagnóstico?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1335868/hipersexualidade-o-que-e-quais-as-causas-como-e-feito-o-diagnostico.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Masturbação: 1. Estimulação manual dos órgãos genitais que geralmente leva ao orgasmo. 2. No sentido figurado, inutilidade de tratar os mesmos temas (considerados infecundos), numa discussão ou pesquisa intelectual ou artística, de modo repetitivo, complacente e inconcludente.
4 Parafilia: Parafilia consiste em um interesse sexual intenso e persistente por qualquer coisa diferente da estimulação genital e carícias com parceiros humanos que consentem com o ato, ela é “normal†(fenotipicamente falando) e apresenta maturidade física e mental.
5 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
7 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
8 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
9 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
10 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
11 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
12 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
13 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
14 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
15 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
16 Eminentemente: De modo eminente; em alto grau; acima de tudo.
17 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
18 Ereção: 1. Ato ou efeito de erigir ou erguer. 2. Inauguração, criação. 3. Levantamento ou endurecimento do pênis.
19 Impotência: Incapacidade para ter ou manter a ereção para atividades sexuais. Também chamada de disfunção erétil.
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