Doença trofoblástica gestacional
O que é trofoblasto1?
O trofoblasto1 é a camada de células2 epiteliais que compõem o envoltório externo do blastocisto (um estado do crescimento do embrião) e que é integrante daquilo que logo depois dará origem à placenta. O trofoblasto1 possibilita que o embrião se aloje no endométrio3 uterino e, quando chega o momento de dar à luz, a mulher e o embrião rejeitam o trofoblasto1 através de um processo imunológico. O trofoblasto1 e, logo em seguida a placenta, é que fornecem substâncias nutritivas ao embrião.
O que é doença trofoblástica gestacional?
Doença trofoblástica gestacional é um termo genérico que se refere a um grupo de tumores raros que envolvem o crescimento anormal de células2 dentro do útero4. Ela se desenvolve a partir de células2 que normalmente se tornariam a placenta, durante a gravidez5. A doença trofoblástica gestacional começa na camada de células2 chamada trofoblasto1. Na maioria das vezes, essa doença é benigna e não se dissemina para outras partes do corpo.
A mola hidatiforme6 é a forma mais comum da doença e outras são a mola invasiva, o coriocarcinoma, tumor7 trofoblástico que substitui a placenta e o tumor7 trofoblástico epitelioide.
Saiba mais sobre "Teste de gravidez5", "Mola hidatiforme6" e "Gravidez5 de risco".
Quais são as causas da doença trofoblástica gestacional?
As diferentes doenças trofoblásticas têm causas diversas. Normalmente, os espermatozoides8 e os óvulos participam com um conjunto de 23 cromossomos9 cada um, para criar uma nova célula10 com 46 cromossomos9. Esta célula10 deve dividir-se sucessivamente para vir a se tornar um feto11. Este processo normal não ocorre na doença trofoblástica gestacional. Na gravidez5 molar, um espermatozoide12 fertiliza um óvulo13 que não tem núcleo ou dois espermatozoides8 fertilizam um óvulo13 normal, ao mesmo tempo.
As molas invasivas são molas hidatiformes que começam a crescer na camada muscular do útero4. Os coriocarcinomas se desenvolvem a partir da gravidez5 molar. O tumor7 trofoblástico de localização placentária e os tumores trofoblásticos epitelioides não têm vilosidades e se desenvolvem com mais frequência após a gravidez5. Vários fatores de risco podem aumentar a chance de uma mulher desenvolver doença trofoblástica gestacional:
- Risco de gravidez5 molar é maior em mulheres com mais de 35 anos e com menos de 20 anos. Para o coriocarcinoma, o risco é menor antes dos 25 anos e depois aumenta com a idade até a menopausa14.
- Uma vez que a mulher tenha tido uma gravidez5 molar anterior, ela tem um risco maior de que essa ocorrência se repita.
- Mulheres que tiveram a gravidez5 interrompida por um aborto têm um risco maior de ter doença trofoblástica gestacional. A causa do abortamento15, inclusive, pode ter sido uma doença trofoblástica gestacional não reconhecida.
- Mulheres com sangue16 tipo A ou AB estão em risco ligeiramente maior do que aquelas com tipo B ou O.
- As mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais têm mais probabilidade de contrair doença trofoblástica gestacional quando engravidam. O risco, contudo, é tão baixo que não supera o benefício de usar as pílulas.
- A história familiar influencia pouco. Muito raramente, várias mulheres da mesma família têm uma ou mais doença trofoblástica gestacional.
Qual é o mecanismo fisiológico17 da doença trofoblástica gestacional?
Na doença trofoblástica gestacional, um tumor7 se desenvolve dentro do útero4 a partir do tecido18 que se forma após a concepção19. Este tecido18 é feito de células2 trofoblásticas que normalmente envolvem o óvulo fertilizado20. No início do desenvolvimento normal, as células2 do trofoblasto1 formam projeções minúsculas, semelhantes a dedos, conhecidas como vilosidades. As vilosidades crescem no revestimento do útero4.
Com o tempo, a camada trofoblástica se desenvolve e vem a constituir a placenta, órgão que protege e nutre o feto11 em crescimento. Estas células2 trofoblásticas ajudam a fixar o óvulo13 à parede do útero4 e formam parte da placenta. Às vezes, há um problema com o óvulo fertilizado20 e as células2 trofoblásticas em vez de ajudarem a desenvolver um feto11 saudável, dão formação a um tumor7.
Até que haja sinais21 ou sintomas22 do tumor7, a gravidez5 parecerá uma gravidez5 normal. Na maioria das vezes, a doença trofoblástica gestacional é benigna e não se espalha, mas alguns tipos se tornam malignos e podem se espalhar para tecidos próximos ou partes distantes do corpo.
Quais são as principais características clínicas da doença trofoblástica gestacional?
Os sinais21 e sintomas22 causados pelas doenças trofoblásticas gestacionais assemelham-se em muito aos causados por outras condições, dificultando o reconhecimento delas: sangramento vaginal não relacionado à menstruação23, útero4 maior que o esperado durante a gravidez5, dor ou pressão na pelve24, náuseas25 e vômitos26 severos durante a gravidez5, hipertensão arterial27 com dor de cabeça28 e inchaço29 dos pés e das mãos30, fadiga31, falta de ar, tontura32, batimentos cardíacos rápidos ou irregulares causados por anemia33.
A doença trofoblástica gestacional às vezes causa uma hiperatividade da tireoide34, com pulsação rápida ou irregular, tremores, sudorese35 e perda de peso, entre outras manifestações.
Leia sobre "Pílulas anticoncepcionais", "Menstruação23", "Anemias" e "Anemia33 na gravidez5".
Como o médico diagnostica a doença trofoblástica gestacional?
Para detectar e diagnosticar a doença trofoblástica gestacional deve-se usar inicialmente a história clínica e o exame físico do corpo inteiro, priorizando o exame da vagina36, colo do útero37, útero4, tubas uterinas, ovários38 e reto39. Um teste de Papanicolau40 do colo do útero37 deve ser feito, assim como um exame ultrassonográfico da pelve24 ou uma ultrassonografia41 transvaginal.
O exame da química do sangue16 é importante para mensurar algumas substâncias liberadas pelos órgãos envolvidos e também para verificar o estado do fígado42, rim43 e medula óssea44, bem como para medir as quantidades dos marcadores tumorais específicos (certas substâncias liberadas por órgãos, tecidos ou células2 tumorais no corpo).
O exame de urina45 ajuda a verificar outros dados de importância diagnóstica. Uma história dos hábitos de saúde46 do paciente e de doenças e tratamentos passados também deve ser realizada e poderá ser útil.
Como o médico trata a doença trofoblástica gestacional?
O tratamento da neoplasia47 trofoblástica gestacional dependerá do tipo de doença, estadiamento dela ou grupo de risco48. Outros fatores incluem: idade da paciente, se a doença trofoblástica gestacional ocorreu após uma gravidez5 normal ou não, quanto tempo o tumor7 foi diagnosticado após o início da gravidez5, o nível de beta gonadotrofina coriônica no sangue16, o tamanho do maior tumor7 e se o tumor7 se espalhou ou não.
As opções de tratamento também dependem se a mulher deseja engravidar no futuro. Para as mulheres que ainda desejam ter filhos, o tratamento padrão é remover o tumor7 por curetagem49. Aquelas que não desejam mais ter filhos têm a opção de escolher entre a curetagem49 e a histerectomia50. A histerectomia50 garante que nenhum tumor7 permaneça dentro do útero4, mas não trata as células2 tumorais que já possam ter se espalhado para outras partes do corpo.
Se houver sinais21 de malignidade, será necessária uma quimioterapia51 (cerca de 20% dos casos).
Como evolui a doença trofoblástica gestacional?
A doença trofoblástica gestacional pode ser curada. O tratamento e o prognóstico52 dependem das características da doença: tipo da doença, se o tumor7 se espalhou para outros órgãos além do útero4, número de tumores, tamanho do maior tumor7, etc.
Veja também sobre "Histerectomia50", "Câncer53 de colo54 de útero4", "Câncer53 de endométrio3" e "Exame de Papanicolau40".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.