Leucodermia gutata
O que é leucodermia gutata?
Leucodermia gutata, leucodermia solar ou hipomelanose gutata, conhecida popularmente como sarda branca, é uma condição dérmica adquirida, constituída por manchas esbranquiçadas disseminadas à maneira de confetes nas áreas expostas ao sol, principalmente nos antebraços e pernas, as quais ocorrem pelo dano cumulativo causado pelos raios ultravioletas ao longo da vida.
Quais são as causas da leucodermia gutata?
A etiopatogenia da hipomelanose gutata idiopática1 é provavelmente multifatorial, dependendo do concurso simultâneo do envelhecimento da pele2, da exposição crônica ao sol, de fatores genéticos e autoimunes3. Também foi demonstrada a fagocitose4 anormal dos queratinócitos5, resultando na redução da transferência de melanina6 dos melanócitos7.
Leia sobre "Cuidados com a pele2", "Manchas escuras na pele2", "Pele2 com manchas - pode ser melasma8" e "Bronzeamento natural".
Qual é o substrato fisiopatológico da leucodermia gutata?
A doença é provavelmente causada por danos crônicos à pele2 pelos raios ultravioletas emitidos pelo sol. Ainda não está claro até que ponto os microtraumas sejam significativos na contribuição da doença. Não há nenhuma atrofia9 ou alteração na pele2 sobrejacente.
A avaliação histológica10 das lesões11 revela a presença de um epitélio12 de superfície atroficamente achatado, hiperqueratose13 e alterações da melanina6 epidérmica. No estrato basal da pele2, encontra-se redução dos grânulos de melanina6 na epiderme14. É detectável um alargamento e arredondamento (retração dos dendritos) dos melanócitos7. A melanina6 fica retida e acumulada nos melanócitos7, o que provavelmente leva a uma senescência deles. Aparentemente, o acúmulo de melanina6 em melanócitos7 lesionais é devido a um distúrbio de transferência. A derme15 não mostra reação inflamatória.
Quais são as características clínicas da leucodermia gutata?
A leucodermia gutata pode afetar ambos os sexos, todas as raças e todos os tipos de pele2. Mulheres e pacientes com pele2 escura têm maior probabilidade de manifestarem o problema. A leucodermia gutata idiopática1 torna-se crescentemente mais comum com a idade, podendo afetar algumas pessoas já aos 40-50 anos e chegando a afetar mais de 90% das pessoas na década dos 81 aos 90 anos. Muito raramente, foi relatada em crianças e adolescentes. Os casos familiares são comuns.
Seus sinais16 típicos são manchas hipopigmentadas ou despigmentadas (pálidas e/ou brancas) de 2–5 mm de diâmetro, mais comumente nas partes expostas ao sol dos antebraços, canelas e V do tórax17. As lesões11 costumam ser múltiplas, mas também podem ser únicas, sempre assintomáticas.
Três variantes morfológicas foram descritas:
- manchas solitárias ou múltiplas hipopigmentadas em um fundo de pele2 danificada pelo sol;
- mancha esclerótica18 estrelada branca solitária;
- pequenas manchas hipopigmentadas com margem recortada e superfície hiperceratótica19.
A leucodermia gutata é mais aparente nas pessoas de pele2 morena ou escura.
Como o médico diagnostica a leucodermia gutata?
Além da inspeção20 comum a olho21 nu, a dermatoscopia revela a presença de manchas despigmentadas e/ou hipopigmentadas, sem estrutura bem definida, rede de pigmentos ausente, com vários padrões e formas. Uma biópsia22 de pele2 pode ser pedida, se o diagnóstico23 clínico deixar qualquer dúvida, para excluir outras condições. Um diagnóstico23 diferencial deve ser feito com vitiligo24, líquen escleroso, morfeia gutata (hanseníase) e hipopigmentação pós-inflamatória.
Como o médico trata a leucodermia gutata?
Atualmente não há nenhum tratamento definitivamente exitoso disponível para tratar a leucodermia gutata. Os tratamentos disponíveis apresentam resultados inconsistentes e podem ser feitos com uso de tretinoína tópica, com laser, dermoabrasão ou criocirurgia com nitrogênio líquido. Alguns pacientes têm resultados melhores e outros não têm boa resposta, provavelmente em virtude da constelação causal atuando em cada caso. Estas técnicas ajudam a remover a camada superficial da pele2, promovendo a regeneração da pele2 sem manchas.
Com frequência, a preocupação maior dos pacientes é quanto à natureza benigna ou maligna das lesões11. No caso de pacientes que se preocupam com a aparência cosmética das lesões11, os dermatologistas dispõem de alguns tratamentos que podem camuflar as lesões11, como a aplicação intralesional25 de esteroides e fotoquimioterapia tópica.
Como prevenir a leucodermia gutata?
Para evitar que essas manchas apareçam, o ideal é evitar exposição em excesso à luz solar, principalmente entre as 10 e 16 horas. Além disso, protetor solar é fundamental e deve ser usado e reaplicado em toda parte do corpo que fica descoberta, e não apenas no rosto. Depois de estabelecido o problema, o que se pode fazer é reduzir a carga solar para evitar maior proliferação de lesões11 cutâneas26.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia, do NIH – National Institutes of Health e da NORD – National Organization for Rare Disorders.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.