Fisioterapia neurofuncional
O que é a fisioterapia1 neurofuncional?
A fisioterapia1 neurofuncional é a especialidade da fisioterapia1 que atua de forma preventiva, curativa, adaptativa ou paliativa nas sequelas2 resultantes de danos ao sistema nervoso central3 ou aos nervos periféricos, abrangendo diretamente tanto as doenças do sistema nervoso4 quanto as doenças neuromusculares.
Assim, ela consiste em um grupo de intervenções que visa contribuir para o restabelecimento das condições cerebrais, do tronco encefálico5, das junções neuromusculares, dos nervos periféricos e da medula6, aplicando técnicas de eletroestimulação7, atividades manuais, repetição de movimentos e atividades para enrijecer os músculos8.
A fisioterapia1 neurofuncional surgiu no final da década de 1940, através das pesquisas de Rood, Kabat, Brunnstrom e Bobath, com o objetivo de desenvolver, restaurar ou manter a capacidade funcional dos indivíduos acometidos por alguma lesão9 neurológica ou nervosa.
Qual é o substrato fisiológico10 da fisioterapia1 neurofuncional?
Até pouco tempo atrás, o sistema nervoso4 era considerado não passível de regeneração, mas o moderno conceito de plasticidade neural mudou essa perspectiva. Hoje, chama-se de plasticidade neural à capacidade que têm os neurônios11 de formar novas conexões (sinapses) a cada momento. Após uma lesão9 encefálica12, há perda de função dos neurônios11 afetados, porém, aqueles que estão ao redor da lesão9 acabam assumindo parte ou a totalidade da função perdida.
Para que isso atue em plenitude são necessários estímulos adequados, que são fornecidos pela reabilitação neurofuncional. Assim, ela ajuda a recuperar a capacidade funcional dos pacientes que tiveram algum grau de dano cerebral, estimula o aprendizado motor de que o paciente necessita no seu dia a dia, exercita as partes motoras e cognitivas do paciente, ajuda a ganhar força muscular e agilidade motora e melhora a postura e o equilíbrio, tudo isso buscando promover maior autonomia pessoal, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida individual.
A fisioterapia1 neurofuncional se aplica tanto ao paciente que tem deficiência neurológica inata, como paralisia13 cerebral, por exemplo, quanto àquele que a adquiriu mais tarde, como nos casos de AVC, trauma neurológico, doença de Parkinson14, etc.
Leia sobre "Doenças degenerativas15", "Distúrbios da marcha" e "Distúrbios do equilíbrio".
Por que fazer fisioterapia1 neurofuncional?
A Organização Mundial da Saúde16 (OMS) constatou que as doenças neurológicas são a principal causa de incapacidade no mundo. Desse modo, a fisioterapia1 neurofuncional assume um papel relevante como uma das principais formas de tratamento para as sequelas2 causadas por essas doenças.
Ela busca tratar as alterações que ocorrem devido a afecções17 do sistema nervoso4, visando melhorar a qualidade e eficiência dos movimentos, melhorar o jeito de caminhar, a estabilidade, reduzir a espasticidade18, os tremores, a fadiga19 e também busca conseguir para o indivíduo maior autonomia e independência na sua vida diária.
Ente as afecções17 que ela trata incluem-se:
- as malformações20 cerebrais;
- o atraso neuromotor;
- os acidentes vasculares21 cerebrais (AVC);
- a paralisia13 cerebral;
- a paralisia13 facial;
- a síndrome de Down22;
- a doença de Alzheimer23;
- as lesões24 da medula espinhal25;
- a esclerose múltipla26;
- a esclerose27 lateral amiotrófica;
- outras distrofias28 musculares;
- a doença de Parkinson14;
- as ataxias;
- o pé torto congênito29;
- dentre outras.
É necessário que o profissional fisioterapeuta tenha um bom conhecimento das funções cognitivas, sensoriais e motoras para formular um plano específico de tratamento. O fisioterapeuta não deve perder de vista que o dano que está tratando, embora possa se manifestar num músculo, por exemplo, se deve a alguma alteração do sistema nervoso4 e que é sobre ela que ele deve atuar.
Quando aplicar a fisioterapia1 neurofuncional?
A fisioterapia1 neurofuncional pode beneficiar crianças e adultos com sequelas2 de diferentes alterações neurológicas, tais como hemiplegias, paraplegias, cerebelopatias, disfunções vestibulares30, parkinsonismo, polineuropatias, miopatias, doenças do neurônio motor, etc.
Ou, em outras palavras, um ou mais dos seguintes sintomas31:
- tonturas32 e/ou zumbidos;
- perda de equilíbrio e quedas;
- dificuldades para caminhar ou para se mover;
- dificuldades para movimentar alguma parte do corpo em decorrência de problema nervoso;
- alterações na sensibilidade de alguma região corporal.
A atuação do fisioterapeuta neurofuncional não se limita apenas ao tratamento das sequelas2 já estabelecidas, mas ele também desempenha ações relacionadas à prevenção tanto primária como secundária, em clínicas, centros de reabilitação, hospitais, UTIs, centros desportivos, postos de saúde16, etc.
Qual é a relação médica com a fisioterapia1 neurofuncional?
Com uma doença neurológica ou nervosa o doente geralmente procura, em primeiro lugar, por um médico. É este quem em geral realiza o diagnóstico33 e o tratamento clínicos e traça um plano terapêutico que, na maioria dos casos, inclui a fisioterapia1.
A partir daí, cabe ao fisioterapeuta diagnosticar as reais necessidades fisioterápicas do paciente, bem como os meios e modos de atendê-las. Naquelas situações, neurológicas ou não, em que o paciente procura diretamente por um fisioterapeuta, ele é um profissional capacitado para estabelecer um diagnóstico33 fisioterápico e um plano de tratamento.
Normalmente, o fisioterapeuta neurofuncional ou outros, faz uso de três técnicas que não são próprias dos médicos. São elas: (1) informações e aconselhamento, (2) terapia de movimentos e exercícios e (3) terapia manual.
Informar e dar orientações gerais sobre as maneiras de melhorar o bem-estar dos pacientes é uma parte importante do tratamento de todo fisioterapeuta. O fisioterapeuta neurofuncional deve também dar conselhos específicos de caráter preventivo34 para que o paciente possa aplicar às atividades diárias para cuidar de si mesmo e reduzir o risco de dor ou lesão9.
Os movimentos e exercícios são recomendados para ajudar a melhorar a mobilidade e a função em todo o corpo e projetados para melhorar o movimento e a força em uma parte específica do corpo.
A terapia manual é uma técnica em que o fisioterapeuta usa as mãos35 para manipular, mobilizar e massagear os tecidos do corpo, visando aliviar a dor e a rigidez, melhorar a circulação36 sanguínea, ajudar a drenar fluidos de forma mais eficiente de partes do corpo e promover relaxamento. Além disso, as massagens podem reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono.
Existem alguns outros recursos de que o fisioterapeuta pode lançar mão37, tais como ultrassom, neuroestimulação e acupuntura.
Saiba mais: "Neuromodulação", "Reabilitação funcional" e "Como ganhar massa muscular".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da ABRAFIN - Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.