Usos e abusos da cafeína
O que é a cafeína?
A cafeína é um estimulante do sistema nervoso1 da classe das xantinas, sendo a droga psicoativa legal mais consumida no mundo. É uma substância química de característica oleosa, naturalmente presente no café e em alguns outros alimentos, como a erva-mate, o chá-verde, o guaraná e o cacau. É também comercializada como suplemento para atletas e tem como principal característica uma ação estimulante no sistema nervoso central2, contribuindo para melhorar o foco, o raciocínio e o desempenho esportivo.
A cafeína pode ser encontrada nas sementes, nozes ou folhas de várias plantas nativas da África, Ásia Oriental e América do Sul. A fonte mais conhecida de cafeína são os grãos de café, a semente da planta coffea arabica.
Na indústria, o composto bioquímico é isolado e recebe o nome de cafeína anidra, que então é fornecida em pó para as empresas fabricantes de medicamentos e suplementos, que produzem cápsulas, comprimidos e tabletes ou ainda a misturam como ingredientes em vários produtos, entre eles pré-treinos, géis de carboidrato3 e termogênicos. Na indústria alimentícia, além dos produtos feitos com café, erva-mate, chá-verde, guaraná e cacau, a cafeína está presente em bebidas energéticas e refrigerantes à base de cola.
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Mecanismos de ação da cafeína
Existem vários mecanismos de ação conhecidos para explicar os efeitos da cafeína. O mais proeminente é que ela bloqueia reversivelmente a ação da adenosina e seus receptores e, consequentemente, previne o aparecimento de sonolência induzida pela adenosina. A cafeína também estimula certas partes do sistema nervoso autônomo6.
Quais são os benefícios e os efeitos indesejados da cafeína?
A cafeína pode ter efeitos positivos e negativos para a saúde7. Por ser um estimulante do sistema nervoso central2, a cafeína gera uma série de efeitos desejáveis, como a melhora da cognição8, da concentração e do estado de alerta. Contudo, seus efeitos são individuais e envolvem vários fatores, entre eles, a genética e o peso corporal.
A cafeína vem sendo usada para o tratamento e prevenção de distúrbios respiratórios de bebês9 prematuros, displasia broncopulmonar10 da prematuridade e apneia11 da prematuridade. Ela pode também conferir um efeito protetor modesto contra algumas doenças, incluindo a doença de Parkinson12. Algumas pessoas têm diminuição do sono ou ansiedade se consumirem cafeína, mas outros mostram pouco ou nenhum efeito a respeito.
A evidência de um risco durante a gravidez13 é ambígua: algumas autoridades recomendam que as mulheres grávidas limitem a cafeína, outras não.
A cafeína pode produzir uma forma leve de dependência de drogas quando um indivíduo para de usá-la após ingestão diária repetida, associada a sintomas14 de abstinência como sonolência, dor de cabeça15 e irritabilidade. A tolerância aos efeitos autonômicos do aumento da pressão arterial16, da frequência cardíaca e do aumento da produção de urina17 se desenvolve com o uso crônico18.
Quem mais procura tirar proveito dos efeitos da cafeína são os atletas. No entanto, outras pessoas também buscam utilizá-la para efeitos desejados. No meio esportivo, a substância ganhou bastante espaço entre os atletas principalmente devido à sua capacidade de potencializar a contração muscular e aumentar a tolerância ao esforço físico intenso, adiando o cansaço e contribuindo para o atleta permanecer na atividade por mais tempo. Isso porque a cafeína aumenta a secreção de hormônios que causam um estado de excitação, além de estimular a broncodilatação19 dos alvéolos20, melhorar a captação de oxigênio e otimizar sua utilização durante o exercício.
A cafeína também vem se destacando em alguns estudos por seus efeitos analgésicos21, já que altera a percepção de dor durante o exercício. Por esse motivo também ela acompanha a fórmula de alguns medicamentos, otimizando sua ação no organismo. Inclusive, a substância já é indicada por alguns nutricionistas para ser consumida entre quatro e seis horas depois do final da atividade a fim de reduzir a dor de início tardio.
Outra propriedade da cafeína é estimular a produção de hormônios ligados à sensação de prazer e bem-estar em algumas pessoas quando consumida moderadamente. Ela também teria um efeito protetor sobre os neurônios22 e ajudaria a prevenir processos de degeneração23 cerebral que levaria ao Parkinson. Mas não é só. Trabalhos mostram que ela é capaz de contribuir para a saúde7 ao inibir o crescimento de células24 tumorais, contribuindo para a prevenção de alguns tipos de câncer25, entre eles o câncer25 colorretal, o de ovário26 e o de fígado27.
A cafeína também é usada em tratamentos e produtos para reduzir gordura28 localizada e celulite29, uma vez que tem uma grande penetração na pele30 e contribui para a quebra das células24 gordurosas. E ainda compõe a fórmula de alguns produtos antirrugas devido ao seu poder antioxidante, oferecendo um efeito protetor nas estruturas que sustentam a pele30.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da University of New Hampshire, da Mayo Clinic e da Harvard Medical School.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.