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Dieta hiperproteica - benefícios e riscos

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O que são proteínas1?

As proteínas1, ao lado dos carboidratos e das gorduras, são um macronutriente que deve ser consumido diariamente para atender às necessidades do corpo. A ingestão dietética de referência para proteínas1 é de 0,8 gramas por quilograma de peso. No entanto, muitas evidências sustentam a ideia de que uma maior ingestão de proteínas1 age auxiliando a perda de peso, além de apresentar outros benefícios à saúde2.

No corpo, as proteínas1 desempenham as funções de reparo de músculos3, ossos, pele4 e cabelo5, participam na formação de hormônios e enzimas e no transporte e armazenamento de importantes moléculas, entre outras funções.

A molécula de proteína é composta de unidades menores conhecidas como aminoácidos. Dos 22 aminoácidos existentes, 9 são considerados “aminoácidos essenciais”, o que significa que são absolutamente necessários ao funcionamento do corpo. Nosso corpo não consegue produzi-los e eles devem ser obtidos através da alimentação.

Alguns alimentos fornecem mais proteína que outros. De um modo geral, os produtos de origem animal são considerados “proteínas completas” porque contêm todos os aminoácidos essenciais nas quantidades ideais para o corpo. As proteínas1 vegetais não fornecem quantidades adequadas de todos os aminoácidos essenciais, mas podem ser combinadas com outras fontes para produzir proteínas1 completas.

Proteínas1 animais podem ser encontradas em laticínios, carnes, ovos, peixes, etc. Feijões, legumes, grãos, soja, nozes e sementes são exemplos de alimentos vegetais ricos em proteínas1. Embora a qualidade da proteína seja importante, a quantidade que se consome dela é essencial.

Sugestões de leitura:
"O papel dos alimentos ricos em proteína"
"Restrição calórica e longevidade"
"Dieta Mediterrânea6"
"Dieta cetogênica"
"Os perigos das dietas para emagrecer"

O que é dieta hiperproteica?

A dieta hiperproteica é aquela em que há um maior consumo de proteínas1 e gorduras, aliado a uma menor ingestão diária de carboidratos. A dieta hiperproteica prioriza carnes, laticínios e verduras, e diminui ou exclui do cardápio massas, pães, doces, a maioria das frutas e outras fontes de carboidratos. Com isso, ela faz emagrecer rapidamente, sobretudo nos primeiros dias.

Como a dieta hiperproteica faz perder peso?

Aumentar a ingestão de proteínas1 diminui o apetite e o peso corporal e tem efeitos benéficos (aumento) sobre a taxa metabólica e composição corporal. Ingerir mais proteína pode ajudar a retardar a fome e aumentar a produção dos hormônios que ajudam a pessoa a se sentir saciada. Além disso, reduz os níveis de grelina, o “hormônio da fome”.

Devido a esses efeitos sobre o apetite e a saciedade, o aumento da ingesta de proteínas1 normalmente leva a uma redução natural na ingestão de alimentos. A capacidade da proteína de suprimir a vontade de comer, promover a sensação de plenitude e aumentar o metabolismo7 pode ajudar a perder peso, mas uma maior ingestão de proteínas1 pode também ajudar a proteger contra a perda muscular, manter alta a taxa metabólica e proteger os músculos3 (devido ao fato de a proteína ser responsável pela construção muscular). Por esses motivos, ela torna eficaz a perda de peso e melhora a composição corporal.

É de fundamental importância não confundir a dieta hiperproteica com a dieta hipercalórica. Enquanto a dieta hiperproteica visa perder peso e fortalecer os músculos3, a hipercalórica tem por objetivo principal o ganho de peso. 

Outros benefícios da dieta hiperproteica além de perder peso

Além de seus efeitos favoráveis em relação ao peso corporal, as proteínas1 podem ajudar a melhorar a saúde2 de várias outras maneiras, mas esses efeitos dependem do tempo e da forma como essa dieta é feita:

  1. Aumentar a massa muscular, modelando melhor o corpo.
  2. Reduzir a perda muscular durante o envelhecimento (sarcopenia).
  3. Melhorar a cicatrização de feridas, escaras8 ou cicatrizes9 de cirurgias.

Quais são os riscos que existem em uma dieta hiperproteica?

A dieta hiperproteica não deve tornar-se uma “sanfona” de emagrece-engorda-emagrece-engorda... Para isso, ela deve tornar-se um novo estilo alimentar, mais do que uma dieta temporária. Isso aumenta os riscos dessa forma de se alimentar e por isso deve ser supervisionada por um médico nutrólogo ou um(a) nutricionista10.

Da mesma forma que a falta de um nutriente pode levar a um prejuízo para a saúde2, o excesso dele também pode. Por isso, a dieta hiperproteica, mesmo numa pessoa sadia, deve ser acompanhada de perto por um profissional da área. Esse acompanhamento é ainda mais necessário se a pessoa tiver alguma doença pré-existente.

Praticamente, não há evidências de efeitos desfavoráveis das proteínas1 no desenvolvimento de doenças crônicas, como consequência da dieta hiperproteica bem orientada. Contudo, existem alguns perigos se ela não for devidamente acompanhada.

A dieta hiperproteica pode induzir um aumento do esforço realizado pelos rins11 ao executarem suas funções. Este efeito irá aumentar a taxa de filtração glomerular e a pressão sobre os capilares12 glomerulares que, associada a uma doença renal13 pré-existente pode causar danos glomerulares permanentes.

Por norma, os alimentos ricos em proteína e com um baixo teor de hidratos de carbono têm também um baixo teor de fibra. Deste modo, é possível que uma dieta hiperproteica cause algumas dificuldades de digestão14 e obstipação15.

A dieta hiperproteica libera uma grande quantidade de corpos cetônicos, os quais, em excesso, podem causar mau hálito e náuseas16.

Se a dieta hiperproteica for levada ao exagero, com uma drástica retirada dos carboidratos, ela acidifica muito o sangue17, o que é comum em alguns tipos de cânceres. Além disso, uma dieta feita nessas bases pode elevar a pressão arterial18 e o colesterol19 e levar ao efeito de falta daqueles ingredientes.

Outro risco do consumo excessivo de proteínas1 é o de sofrer problemas ósseos e osteoporose20. Apesar da proteína consumida em níveis padrão ser relacionada com crescimento e manutenção óssea, prevenindo a osteoporose20, a dieta hiperproteica pode ser deletéria à saúde2 óssea porque o incremento de proteína na dieta afeta negativamente a retenção de cálcio, e pode levar à ocorrência de perda óssea por indução de acidose metabólica21 no organismo.

Para completar, a dieta hiperproteica potencializa as chances de elevação no ácido úrico.

A recomendação atual é de consultar um nutrólogo ou nutricionista10 antes de iniciar este tipo de dieta, já que se sabe que o seu uso a longo prazo pode causar alterações metabólicas importantes e problemas renais. Os indivíduos com problemas renais, diabetes mellitus22 e outras doenças crônicas precisam ter um cuidado especial com a alta ingestão de proteínas1 e não devem fazer este tipo de mudança alimentar sem orientação específica quanto aos riscos e benefícios.

Leia sobre "Alimentação saudável", "Dieta do jejum", "Perda de proteína na urina23" e "Cálculo24 renal13".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Mayo Clinic, da Cleveland Clinic e do National Institutes of Health.

ABCMED, 2019. Dieta hiperproteica - benefícios e riscos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1348483/dieta-hiperproteica-beneficios-e-riscos.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
4 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
5 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
6 Dieta Mediterrânea: Alimentação rica em carboidratos, fibras, elevado consumo de verduras, legumes e frutas (frescas e secas) e pobre em ácidos graxos saturados. É recomendada uma ingestão maior de gordura monoinsaturada em decorrência da grande utilização do azeite de oliva. Além de vinho.
7 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
8 Escaras: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
9 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
10 Nutricionista: Especialista em nutricionismo, ou seja, especialista no estudo das necessidades alimentares dos seres humanos e animais, e dos problemas relativos à nutrição.
11 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
12 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
13 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
14 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
15 Obstipação: Prisão de ventre ou constipação rebelde.
16 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
17 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
18 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
19 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
20 Osteoporose: Doença óssea caracterizada pela diminuição da formação de matriz óssea que predispõe a pessoa a sofrer fraturas com traumatismos mínimos ou mesmo na ausência deles. É influenciada por hormônios, sendo comum nas mulheres pós-menopausa. A terapia de reposição hormonal, que administra estrógenos a mulheres que não mais o produzem, tem como um dos seus objetivos minimizar esta doença.
21 Acidose metabólica: A acidose metabólica é uma acidez excessiva do sangue caracterizada por uma concentração anormalmente baixa de bicarbonato no sangue. Quando um aumento do ácido ultrapassa o sistema tampão de amortecimento do pH do organismo, o sangue pode acidificar-se. Quando o pH do sangue diminui, a respiração torna-se mais profunda e mais rápida, porque o corpo tenta liberar o excesso de ácido diminuindo o volume do anidrido carbônico. Os rins também tentam compensá-lo por meio da excreção de uma maior quantidade de ácido na urina. Contudo, ambos os mecanismos podem ser ultrapassados se o corpo continuar a produzir excesso de ácido, o que conduz a uma acidose grave e ao coma. A gasometria arterial é essencial para o seu diagnóstico. O pH está baixo (menor que 7,35) e os níveis de bicarbonato estão diminuídos (<24 mmol/l). Devido à compensação respiratória (hiperventilação), o dióxido de carbono está diminuído e o oxigênio está aumentado.
22 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
23 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
24 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
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