Síndrome de Sudeck: a dor persistente após lesões aparentemente simples
O que é a síndrome1 de Sudeck?
A síndrome1 de Sudeck, também conhecida como distrofia2 simpático3-reflexa ou síndrome1 de dor regional complexa tipo I, é uma condição crônica caracterizada por dor intensa e persistente em um membro (mão4, braço, perna ou pé) que surge após uma lesão5, cirurgia, acidente vascular cerebral6 ou infarto7 agudo8 do miocárdio9.
Costuma estar associada à alodinia10 (dor desencadeada por estímulos normalmente não dolorosos) e à hiperalgesia11 (resposta exagerada a estímulos dolorosos). Trata-se de uma doença rara, marcada pela presença de dor desproporcional na ausência de lesão5 nervosa identificável.
A síndrome1 foi descrita inicialmente pelo cirurgião alemão Paul Sudeck, em 1900, embora Mitchell já a tivesse referido em 1864, sob o termo causalgia.
Quais são as causas da síndrome1 de Sudeck?
A síndrome1 de dor regional complexa tipo I ocorre geralmente após uma lesão5 ou cirurgia que não danifica diretamente os nervos, diferindo da síndrome1 de dor regional complexa tipo II, na qual há lesão5 nervosa definida.
As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que envolvam uma resposta anormal do sistema nervoso central12 e periférico, com hiperatividade do sistema nervoso13 simpático3 e inflamação14 neurogênica contribuindo para a perpetuação da dor e das alterações vasomotoras.
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Sudeck?
O trauma inicial desencadeia uma resposta anormal do sistema nervoso13 simpático3, resultando em vasoconstrição15, isquemia16 e dor. A inflamação14 neurogênica exerce papel central, levando ao edema17 e aumento da sensibilidade local. A sensibilização periférica (hiperatividade dos nociceptores) e a sensibilização central (amplificação da percepção dolorosa no sistema nervoso central12) explicam a intensidade e a persistência da dor.
Pacientes frequentemente apresentam alterações de temperatura e coloração da pele18, que pode tornar-se fria e azulada ou quente e avermelhada. Com o tempo, a imobilidade e o desuso do membro resultam em atrofia19 muscular, rigidez articular e osteoporose20 localizada.
Há ainda evidências de participação imunológica, com liberação de citocinas21 pró-inflamatórias que perpetuam a dor e a inflamação14.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Sudeck?
Os sintomas22 surgem após um evento desencadeante, geralmente em questão de semanas. Para o diagnóstico23, a dor deve persistir por mais de seis meses. A dor é intensa, contínua e desproporcional à gravidade da lesão5 original, frequentemente descrita como ardente, latejante ou cortante.
O paciente pode apresentar edema17, alterações tróficas da pele18 e das unhas24, limitação de movimentos, perda de força e massa muscular, além de redução da amplitude articular por desuso. Em estágios mais avançados, podem ocorrer atrofias25 musculares evidentes e contraturas.
Veja sobre "Dor crônica", "Gelo ou calor - qual o melhor em caso de lesão5" e "Considerações sobre a clínica da dor".
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Sudeck?
O diagnóstico23 é essencialmente clínico, baseado na história detalhada, sintomatologia característica e exclusão de outras condições que causem dor semelhante.
O exame físico deve valorizar alterações cutâneas26, tróficas e vasomotoras, além de avaliar a mobilidade e a função articular. A investigação complementar pode incluir:
- Radiografia, que pode revelar desmineralização óssea ou osteoporose20 localizada.
- Ressonância magnética27, útil para avaliar tecidos moles e alterações ósseas iniciais.
- Cintilografia28 óssea, que pode detectar alterações precoces do fluxo sanguíneo e da atividade óssea.
Não há exame laboratorial específico para o diagnóstico23, e a abordagem multidisciplinar é recomendada para exclusão de diagnósticos diferenciais e manejo global do paciente.
Como o médico trata a síndrome1 de Sudeck?
Não existe cura definitiva, mas o tratamento visa controlar a dor, restaurar a função e prevenir a progressão da doença. As principais abordagens incluem:
- Medicações: analgésicos29, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes (como gabapentina e pregabalina), antidepressivos tricíclicos, bisfosfonatos e, em alguns casos, corticosteroides em curto prazo.
- Fisioterapia30 e terapia ocupacional31, com exercícios graduais e mobilização precoce para prevenir rigidez e atrofia19.
- Bloqueios simpáticos ou estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) para alívio da dor.
- Psicoterapia e terapia cognitivo32-comportamental, que auxiliam no controle da dor crônica e na redução do sofrimento emocional.
O tratamento deve ser individualizado, ajustado conforme a resposta clínica e centrado na reabilitação funcional precoce.
Como evolui a síndrome1 de Sudeck?
O prognóstico33 é mais favorável quando o tratamento é iniciado precocemente, reduzindo o risco de cronificação da dor e deformidades. Quando o diagnóstico23 é tardio, a síndrome1 pode progredir e afetar todo o membro, levando a alterações irreversíveis em ossos, nervos e músculos34.
O desuso do membro e o sofrimento psicológico estão associados a pior evolução. Apesar disso, até 70% dos casos podem apresentar remissão parcial ou completa, embora recidivas35 sejam possíveis.
Em alguns pacientes, a dor crônica pode persistir por anos, exigindo acompanhamento prolongado e suporte multidisciplinar.
Leia sobre "Como é a fisioterapia30", "Reeducação postural global (RPG)" e "Reabilitação funcional".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e da Biblioteca Virtual em Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.










