Amigdalectomia: o que é? Como é feita? Quem deve fazer? Quem não deve fazer?
O que é amigdalectomia?
Chama-se amigdalectomia à remoção cirúrgica das amígdalas1. As amígdalas1 são glândulas2 de defesa que compõem o anel linfático3 de Waldeyer, conjunto de aglomerados de tecido linfoide4 localizados na cavidade oral5 e na faringe6. Se estas glândulas2 sofrem inflamações7 reiteradas, que acabam por gerar certo grau de necrose8 e aumento do tamanho da glândula9, o tecido10 necrótico resultante das inflamações7 dá margem a mais infecções11, num processo vicioso, repetitivo. Assim, a glândula9 que tinha a função primária de defesa passa a ser um órgão causador de doença e precisa ser retirada. A maioria das amigdalectomias é realizada em crianças, embora ela possa se dar também num adulto. Quanto mais cedo for realizada a amigdalectomia, mais fácil será o pós-operatório e menores serão os riscos de complicações.
Como é feita a amigdalectomia?
Qualquer amigdalectomia só deve ser realizada após avaliações cuidadosas de um especialista. O paciente deve ser orientado por um otorrinolaringologista da sua confiança antes de ser submetido a este procedimento cirúrgico.
A preparação para a amigdalectomia é feita com jejum de oito horas, uma vez que o paciente será submetido à anestesia12 geral. O paciente deve ter feito previamente os exames pré-operatórios. Depois, com ele deitado em decúbito dorsal13 e em hiperextensão14 cervical, é introduzido um abridor de boca15 e feita a colocação de gazes, para vedação e proteção das vias aéreas inferiores, para que não caia nelas qualquer resíduo da operação. Juntamente com as amígdalas1, costumam ser retiradas também as adenoides, porque se elas não forem retiradas os quadros de faringite16 podem se manter. A cirurgia de retirada das amígdalas1 é feita através da dissecção elétrica delas, pela qual é passada uma corrente elétrica entre a amígdala17 e a garganta18.
Depois da cirurgia o paciente deve fazer repouso vocal e evitar alimentos quentes, de consistência dura ou que gerem aumento da acidez digestiva que possa causar refluxo gástrico. Bem como também deve evitar cigarros e bebidas alcoólicas. A duração da cirurgia varia de acordo com o estado das amígdalas1, mas em geral vai de trinta minutos a uma hora. Nos sete primeiros dias depois da amigdalectomia deve ser mantida uma dieta líquida e fria e oferecido muito líquido (com exceção de sucos cítricos). A partir do sétimo dia deve-se retornar gradualmente à dieta normal, mas ainda evitando comidas picantes ou muito temperadas.
Se o operado for uma criança, ela deve permanecer dentro de casa por três dias. Deve-se evitar tossir e limpar a garganta18 com muita força. Podem também ocorrer mau hálito, dor de ouvido ou febre19 baixa e uma membrana branca poderá aparecer na garganta18. Medicamentos à base de aspirina não devem ser tomados por duas semanas, devido ao risco de sangramento. Um pequeno sangramento é normal no primeiro dia, mas caso aconteça um sangramento maior o médico deve ser avisado.
Quem deve fazer amigdalectomia?
Antes da existência dos antibióticos era muito grande o número de crianças submetidas a amigdalectomias. Embora hoje em dia muitas infecções11 possam ser controladas com remédios, existem ainda casos em que há necessidade de extirpar cirurgicamente as amígdalas1, seja pela repetitividade das infecções11, seja pelo risco que representam de complicações graves ou porque exigem altas doses de antibióticos cada vez mais potentes e arriscados.
Não há um consenso absoluto sobre a retirada ou não das amígdalas1, no entanto, isso parece ser conveniente se existe aumento exagerado do tamanho delas, levando a dificuldades de deglutição20 ou à obstrução das vias aéreas superiores (dificuldades respiratórias), se são afetadas por tumores, se ocorrem amigdalites de repetição muito frequentes, se há abscesso21 periamigdalino, se geram mau hálito, convulsões febris ou apneia obstrutiva do sono22. A cirurgia costuma provocar uma melhora rápida e importante dessas condições.
Quem não deve fazer amigdalectomia?
A amigdalectomia não deve ser feita em pessoas com alterações dos fatores de coagulação23 e processos inflamatórios ou infecciosos ativos nas vias aéreas superiores. A imunodeficiência24, a alergia25, a insuficiência cardíaca26, a fissura27 palatina, etc., devem ser vistas como contraindicações relativas que não chegam a impossibilitar a amigdalectomia, mas que impõem cuidados especiais.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, da Fundação Otorrinolaringologia, do International Archives of Otorhinolaryngology e do Brazilian Journal of Otorhinolaryngology.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.