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Doença de Bowen

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O que é doença de Bowen?

A doença de Bowen, também conhecida como carcinoma1 espinocelular ou carcinoma1 de células2 escamosas, é uma condição pré-cancerígena pouco comum que afeta a pele3 e que apresenta um desenvolvimento lento. Ela se desenvolve quando as células2 da camada superior da pele3 (epiderme4) crescem de forma anormal e se tornam pré-cancerosas.

O distúrbio ganhou o nome do médico John Templeton Bowen, que falou pela primeira vez sobre a doença em 1912.

Quais são as causas da doença de Bowen?

Ainda não foi identificada a causa efetiva para o desenvolvimento da doença de Bowen. No entanto, são bem conhecidos alguns fatores de risco:

  • idade acima dos 60 anos;
  • pele3 clara;
  • exposição solar frequente;
  • infecção5 por papilomavírus humano (HPV);
  • e sistema imunológico6 debilitado.

Embora quase sempre a doença de Bowen seja devida à exposição diária prolongada à luz ultravioleta do sol, ela também pode ser favorecida pela exposição a certas substâncias carcinogênicas (arsênico, alcatrão industrial, carvão, parafina e certos tipos de óleo, etc.). A doença é mais comum em pessoas idosas (60-70 anos) e em áreas da pele3 expostas ao sol, como o rosto, o pescoço7 e as mãos8. Também é um pouco mais comum em mulheres que em homens.

Alguns outros fatores pessoais podem aumentar o risco de doença de Bowen:

  • pessoas que fizeram tratamento radioterápico anterior;
  • pessoas que já tiveram carcinomas basocelulares e espinocelulares;
  • pessoas que apresentam cicatrizes9 de queimaduras, cicatrizes9 de infecções10 ósseas ou alguma doença inflamatória na pele3;
  • pele3 seca (hereditária);
  • extrema sensibilidade da pele3 à radiação da luz;
  • e pessoas submetidas a tratamentos com doses elevadas de corticosteroides.

Qual é o substrato fisiopatológico da doença de Bowen?

Esta enfermidade é considerada um tipo precoce de carcinoma1 epidermoide intraepidérmico, tumor11 que afeta a parte mais interna da pele3. É um tipo de possível malignidade intraepidérmica não melanocítica.

Nos pacientes que apresentam lesões12 múltiplas em áreas cobertas, deve ser suspeitada a ingestão de arsênico, podendo a doença de Bowen vir acompanhada de câncer13 visceral (laringe14, pulmão15, aparelho gastrointestinal ou urogenital16).

Embora a doença de Bowen seja potencialmente capaz de evoluir para um carcinoma1 espinocelular invasivo, isto não é frequente. Estima-se que na população geral apenas cerca de 3% a 5% da doença se transforme em câncer13 de células2 escamosas invasivo. A doença de Bowen corresponde a cerca de 20% de todos os cânceres de pele3.

Quais são as características clínicas da doença de Bowen?

Os sintomas17 da doença de Bowen podem incluir uma lesão18 na pele3 com crosta ou mancha vermelha ou marrom circular, de cerca de 2,5 cm de diâmetro, escamosa19 e áspera, com grande quantidade de queratina e, às vezes, descamativa, ligeiramente inflamada, que pode crescer lentamente ao longo do tempo. Pode haver hipo ou hiperpigmentação das lesões12 e eventualmente ulcerações20.

As crostas ou manchas podem ser únicas ou múltiplas (20% dos casos), localizadas em qualquer parte do corpo exposta ao sol. No entanto, também podem aparecer nas palmas das mãos8, virilha ou região genital, devidas ao vírus21 HPV.

Na maioria das vezes, a doença de Bowen é assintomática ou apresenta sintomas17 mínimos. A lesão18 também pode sangrar ou coçar. A doença de Bowen afeta indivíduos de ambos os sexos, com mais de 50-60 anos de idade, com ligeiro predomínio das mulheres.

Saiba mais sobre "Bronzeamento artificial", "Queilite actínica22", "Protetor solar ou filtro solar" e "Ceratose".

Como o médico diagnostica a doença de Bowen?

Uma primeira aproximação diagnóstica da doença de Bowen costuma ser feita pela história clínica e o exame físico, constante da observação das manchas através do dermatoscópio. A partir daí, o médico pode indicar uma biópsia23 para verificar se as células2 da lesão18 possuem características benignas ou malignas e indicar o tratamento mais adequado de acordo com o resultado desse exame.

Através da dermatoscopia e da biópsia23 é também possível estabelecer um diagnóstico24 diferencial entre a doença de Bowen e outras doenças dermatológicas, como psoríase25, eczema26, carcinoma1 basocelular, queratose actínica22 ou infecção5 por fungos.

Como o médico trata a doença de Bowen?

O tratamento da doença de Bowen depende do tamanho, quantidade e localização das lesões12. Opções de tratamento incluem:

  • Remoção cirúrgica
  • Curetagem27
  • Terapia de luz
  • Crioterapia28 (congelamento)
  • Quimioterapia29 tópica
  • Laser
  • Terapia imunológica

Além disso, no caso de a doença ser devida à infecção5 pelo HPV, por exemplo, o médico deve indicar o tratamento para a infecção5.

Como evolui a doença de Bowen?

A doença de Bowen é altamente curável e mortes causadas por ela são incomuns, ocorrendo, embora raramente, entre idosos e pessoas com sistema imunológico6 enfraquecido. Contudo, se não tratada, a doença de Bowen, pode se transformar em um câncer13 invasivo, que pode se espalhar para outras partes do corpo. Mas tratada, o prognóstico30 é geralmente muito bom.

Como prevenir a doença de Bowen?

A melhor maneira de se prevenir da doença de Bowen é proteger-se do sol com o uso de protetores solares, camisetas, bonés, chapéus ou até lenços presos à cabeça31. A pessoa deve manter consultas regulares com o dermatologista, já que uma lesão18 aparentemente normal pode ser uma lesão18 da doença de Bowen ou outro tipo de câncer13 de pele3.

Leia sobre "Nevos32 cutâneos", "Câncer13 de pele3 não-melanoma33" e "Melanoma33".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do MSD Manuals e do Hospital Sírio-Libanês - São Paulo.

ABCMED, 2023. Doença de Bowen. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1435255/doenca-de-bowen.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Carcinoma: Tumor maligno ou câncer, derivado do tecido epitelial.
2 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
3 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
4 Epiderme: Camada superior ou externa das duas camadas principais da pele.
5 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
6 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
7 Pescoço:
8 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
9 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
10 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
11 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
12 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
13 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
14 Laringe: É um órgão fibromuscular, situado entre a traqueia e a base da língua que permite a passagem de ar para a traquéia. Consiste em uma série de cartilagens, como a tiroide, a cricóide e a epiglote e três pares de cartilagens: aritnoide, corniculada e cuneiforme, todas elas revestidas de membrana mucosa que são movidas pelos músculos da laringe. As dobras da membrana mucosa dão origem às pregas vocais.
15 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
16 Urogenital: Na anatomia geral, é a região relativa aos órgãos genitais e urinários; geniturinário.
17 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
18 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
19 Escamosa: Cheia ou coberta de escamas, ou seja, de pequenas lâminas epidérmicas que se desprendem espontaneamente da pele.
20 Ulcerações: 1. Processo patológico de formação de uma úlcera. 2. A úlcera ou um grupo de úlceras.
21 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
22 Actínica: Referente às radiações capazes de ativar transformações químicas em certas substâncias (por exemplo, a luz do sol ao incidir sobre o tecido humano ou vegetal).
23 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
24 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
25 Psoríase: Doença imunológica caracterizada por lesões avermelhadas com descamação aumentada da pele dos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e costas juntamente com alterações das unhas (unhas em dedal). Evolui através do tempo com melhoras e pioras, podendo afetar também diferentes articulações.
26 Eczema: Afecção alérgica da pele, ela pode ser aguda ou crônica, caracterizada por uma reação inflamatória com formação de vesículas, desenvolvimento de escamas e prurido.
27 Curetagem: Operação ou cirurgia que consiste em esvaziar o interior de uma cavidade natural ou patológica com o auxílio de uma cureta; raspagem.
28 Crioterapia: Processo terapêutico baseado em aplicações de gelo, neve carbônica e outros veículos de frio intenso.
29 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
30 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
31 Cabeça:
32 Nevos: Popularmente conhecidos como “pintas“ ou sinais de nascença“. São manchas na pele que podem ser uma lesão plana ou elevada, pigmentada (de cor marrom, cinza, azul ou preto) ou não e podem apresentar potencial de malignização dependendo do tipo.
33 Melanoma: Neoplasia maligna que deriva dos melanócitos (as células responsáveis pela produção do principal pigmento cutâneo). Mais freqüente em pessoas de pele clara e exposta ao sol.Podem derivar de manchas prévias que mudam de cor ou sangram por traumatismos mínimos, ou instalar-se em pele previamente sã.
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