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Vírus de Marburg - Conceito, transmissão, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução e possíveis complicações

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O que é o vírus1 de Marburg?

O vírus1 de Marburg, causador da febre2 hemorrágica3 de Marburg, é um vírus1 altamente contagioso que pertence à família Filoviridae, a mesma família que o vírus1 Ebola, do qual é muito proximamente aparentado. Foi descoberto pela primeira vez em 1967, quando ocorreu um surto em trabalhadores de laboratório e em moradores de Marburg, na Alemanha, que haviam sido expostos a macacos infectados importados da África (Guiné Equatorial).

Muito recentemente (13/02/2023), a Organização Mundial da Saúde4 (OMS) confirmou a existência de um novo surto do vírus1 na Guiné Equatorial. Os primeiros casos foram registrados em uma região de floresta densa e provavelmente o vírus1 foi transmitido ao homem por animais primatas.

O vírus1 tem potencial para se tornar uma nova epidemia mundial, mas a pronta e decisiva atuação das autoridades daquele país africano tem conseguido deter a sua disseminação. Os especialistas tampouco creem que isso possa acontecer porque o vírus1 é muito agressivo, o que faz com que a pessoa contaminada sofra muitos danos, não consiga se locomover após a infecção5 e acabe morrendo antes que possa transmiti-lo.

Com os vírus1, aliás, esta parece ser a regra: quanto mais grave os sintomas6 que geram e quanto mais transmissíveis, menor a possibilidade de se espalharem. Até hoje, o surto mais mortal do vírus1 foi registrado em 2005, em Angola.

Como o vírus1 de Marburg é transmitido?

O vírus1 de Marburg é transmitido a primatas e aos seres humanos por morcegos. Entre humanos, ele é transmitido por contato com fluidos corporais de pessoas infectadas, incluindo sangue7, urina8, fezes, saliva, sêmen9 e leite materno.

Qual é o substrato fisiopatológico da doença causada pelo vírus1 de Marburg?

O vírus1 causador da doença se dissemina facilmente por grande parte de órgãos e vasos sanguíneos10, acabando por produzir uma hemorragia11 de difícil controle.

Veja sobre "Transfusão12 de sangue7", "O que são vírus1" e "Infecção5 pelo vírus1 Ebola".

Quais são as características clínicas da doença transmitida pelo vírus1 de Marburg?

Embora seja diferente do vírus1 Ebola e ainda mais facilmente transmissível que ele, o vírus1 de Marburg desenvolve um quadro clínico praticamente igual ao daquele vírus1. O período de incubação13 varia entre 2 e 21 dias e os sintomas6 costumam evoluir muito rapidamente.

Os sintomas6 iniciais do vírus1 de Marburg incluem:

  • febre2 alta, hemorrágica3;
  • dor de cabeça14;
  • fadiga15 extrema;
  • faringite16;
  • diarreia17 persistente;
  • dores musculares e nas articulações18;
  • dores torácicas e/ou abdominais;
  • câimbras19;
  • tosse;
  • náuseas20;
  • e vômitos21.

À medida que a doença progride, pode haver sangramento interno e externo, incluindo sangramento das gengivas, nariz22, olhos23 e intestinos24. A doença pode levar à morte em cerca de 50% dos casos, podendo chegar a 88% na dependência das condições sanitárias locais e dos fatores de risco dos pacientes, o que faz desse o vírus1 mais perigoso do mundo.

Como o médico diagnostica a doença transmitida pelo vírus1 de Marburg?

Os sintomas6 provocados pela doença causada pelo vírus1 de Marburg são semelhantes aos de outras doenças infecciosas e, por isso, a melhor forma de confirmar o diagnóstico25 é através de exames que identifiquem o vírus1 de Marburg ou anticorpos26 ou antígenos27 relacionados a ele, circulantes no corpo.

O aspecto mais característico talvez seja a febre2 hemorrágica3, mas ela pode acontecer também em outras enfermidades infecciosas, sobretudo virais.

Como o médico trata a doença transmitida pelo vírus1 de Marburg?

Não há cura específica conhecida para a doença causada pelo vírus1 de Marburg, mas o tratamento precoce com suporte médico intensivo, incluindo hidratação e cuidadoso monitoramento dos sinais vitais28, pode melhorar a chance de sobrevivência29. Em alguns casos, pode ser também indicado pelo médico o uso de remédios que ajudem a aliviar os sintomas6.

Ainda não há vacina30 específica contra o vírus1 de Marburg. Segundo a OMS, vários tratamentos baseados em hemoderivados, imunoterapia e tratamentos com medicamentos estão sendo desenvolvidos.

Como evolui a doença transmitida pelo vírus1 de Marburg?

Em consequência da afetação de vários órgãos vitais, a infecção5 pelo vírus1 Marburg é potencialmente fatal, de forma que o óbito31 pode acontecer 8 a 9 dias após o início dos primeiros sintomas6.

No entanto, ao contrário da crença popular, a hemorragia11 não é a causa da morte. Em vez disso, a morte ocorre em razão da síndrome32 da disfunção de múltiplos órgãos, devido à redistribuição de fluidos, hipotensão33, coagulação34 intravascular35 disseminada e necroses teciduais focais.

Quais são as complicações possíveis com o vírus1 Marburg?

À medida que a doença vai se tornando mais grave, o paciente pode desenvolver icterícia36 (cor amarelada dos olhos23 e da pele37), pancreatite38, perda acentuada do peso corporal, delírios, choque39, insuficiência hepática40, hemorragias41 graves e disfunção de múltiplos órgãos.

Leia mais sobre "Hemorragias41", "Coagulograma", "Coagulação34 sanguínea", "Choque hipovolêmico42".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da OMS - Organização Mundial de Saúde e do MSD Manuals.

ABCMED, 2023. Vírus de Marburg - Conceito, transmissão, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução e possíveis complicações. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1433380/virus-de-marburg-conceito-transmissao-sintomas-diagnostico-tratamento-evolucao-e-possiveis-complicacoes.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
2 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
3 Hemorrágica: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
6 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
7 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
9 Sêmen: Sêmen ou esperma. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O sêmen é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
10 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
11 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
12 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
13 Incubação: 1. Ato ou processo de chocar ovos, natural ou artificialmente. 2. Processo de laboratório, por meio do qual se cultivam microrganismos com o fim de estudar ou facilitar o seu desenvolvimento. 3. Em infectologia, é o período que vai da penetração do agente infeccioso no organismo até o aparecimento dos primeiros sinais da doença.
14 Cabeça:
15 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
16 Faringite: Inflamação da mucosa faríngea em geral de causa bacteriana ou viral. Caracteriza-se por dor, dificuldade para engolir e vermelhidão da mucosa, acompanhada de exsudatos ou não.
17 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
18 Articulações:
19 Câimbras: Contrações involuntárias, espasmódicas e dolorosas de um ou mais músculos.
20 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
21 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
22 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
23 Olhos:
24 Intestinos: Seção do canal alimentar que vai do ESTÔMAGO até o CANAL ANAL. Inclui o INTESTINO GROSSO e o INTESTINO DELGADO.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
27 Antígenos: 1. Partículas ou moléculas capazes de deflagrar a produção de anticorpo específico. 2. Substâncias que, introduzidas no organismo, provocam a formação de anticorpo.
28 Sinais vitais: Conjunto de variáveis fisiológicas que são pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e temperatura corporal.
29 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
30 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
31 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
32 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
33 Hipotensão: Pressão sanguínea baixa ou queda repentina na pressão sanguínea. A hipotensão pode ocorrer quando uma pessoa muda rapidamente de uma posição sentada ou deitada para a posição de pé, causando vertigem ou desmaio.
34 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
35 Intravascular: Relativo ao interior dos vasos sanguíneos e linfáticos, ou que ali se situa ou ocorre.
36 Icterícia: Coloração amarelada da pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo. Existem dois tipos de icterícia que têm etiologias e sintomas distintos: icterícia por acumulação de bilirrubina conjugada ou direta e icterícia por acumulação de bilirrubina não conjugada ou indireta.
37 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
38 Pancreatite: Inflamação do pâncreas. A pancreatite aguda pode ser produzida por cálculos biliares, alcoolismo, drogas, etc. Pode ser uma doença grave e fatal. Os primeiros sintomas consistem em dor abdominal, vômitos e distensão abdominal.
39 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
40 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
41 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
42 Choque hipovolêmico: Choque é um distúrbio caracterizado pelo insuficiente suprimento de sangue para os tecidos e células do corpo. O choque hipovolêmico tem como causa principal a perda de sangue, plasma ou líquidos extracelulares. É o tipo mais comum de choque e deve-se a uma redução absoluta e geralmente súbita do volume sanguíneo circulante em relação à capacidade do sistema vascular.
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