Síndrome do respirador bucal
O que é síndrome1 do respirador bucal?
As pessoas têm duas passagens de ar para os pulmões2: o nariz3 e a boca4. Pessoas saudáveis normalmente usam o nariz3 para respirar e só excepcionalmente e por tempo limitado usam a boca4, se tem congestão nasal, crise alérgica ou resfriado. Além disso, quando a pessoa está se exercitando vigorosamente, a respiração bucal pode ajudar a obter oxigênio para os músculos5 mais rapidamente.
No entanto, respirar pela boca4 o tempo todo, inclusive quando a pessoa está dormindo, pode levar a problemas. A síndrome1 da respiração bucal é definida como um conjunto de sinais6 e sintomas7 que podem estar presentes completa ou incompletamente em indivíduos que, por motivos diversos, substituem o padrão correto de respiração nasal por um padrão oral ou misto.
Quais são as causas da síndrome1 do respirador bucal?
A causa mais comum de respiração bucal é o bloqueio parcial ou completo das vias aéreas nasais ou obstrução nasofaríngea. No entanto, mesmo após a remoção desses fatores mecânicos, a respiração bucal continua na maioria dos casos devido ao hábito.
A obstrução nasal (nariz3 entupido) ou nasofaríngea pode ocorrer devido a vários fatores:
- mucosas8 inflamadas;
- dilatações vasculares9;
- adenoides aumentadas;
- alergias nasais;
- pólipos10 nasais;
- tumores ou anormalidades genéticas que afetam a arquitetura do nariz3;
- hipertrofia11 de tonsilas;
- cornetos hipertrofiados;
- rinites;
- tumores;
- doenças infecciosas ou inflamatórias.
A apneia12 do sono também pode causar respiração bucal enquanto a pessoa dorme.
Leia também sobre "Sangramento nasal ou epistaxe13", "Pólipos10 nasais" e "Disfunção da articulação temporomandibular14 ou ATM".
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 do respirador bucal?
A respiração bucal tem uma qualidade muito inferior que aquela que se dá pelas narinas. O nariz3 processa o ar inspirado de maneira diferente e mais vantajosa que a boca4. Na pessoa saudável, o nariz3 aquece ou resfria o ar que entra em seus pulmões2, conforme as circunstâncias. A respiração bucal não faz isso. Além disso, o nariz3 filtra toxinas15 e detritos, por meio de pequenas estruturas pilosas chamadas cílios16 nasais. A respiração bucal deixa tudo que a pessoa inspira chegar aos pulmões2.
As passagens nasais umidificam o ar inalado. A boca4 normalmente não faz isso e é por isso que os respiradores bucais acordam com a boca4 seca e sofrem mais dores de garganta17. Ademais, o nariz3 pode sentir o cheiro de substâncias nocivas no ar ou na comida e permite que a pessoa se defenda delas. A boca4 não consegue fazer isso de forma tão eficaz.
Quais são as características clínicas da síndrome1 do respirador bucal?
Muitas vezes, a pessoa que tem respiração bucal mantém a boca4 ligeiramente aberta e pode ouvir os sons da respiração vindos de sua boca4. Aqueles que respiram pela boca4 também praticam ruídos ao comer porque é mais difícil comer e respirar ao mesmo tempo. As pessoas que respiram pela boca4 em geral têm mau hálito, devido a um maior ressecamento da boca4 e dos dentes. Além disso, elas podem apresentar problemas dentários, como mau posicionamento da mandíbula18, ranger de dentes e mordida defeituosa que pode demandar correção ortodôntica.
Outros sintomas7 podem ser uma voz rouca, devido a um ressecamento das vias aéreas, e alterações na fala, com dificuldades para pronunciar todos os sons da língua19. Vários estudos têm mostrado que as crianças que respiram pela boca4 experimentam mudanças no desenvolvimento de seus maxilares20 e são propensas a terem rostos mais longos e mandíbulas mal posicionadas.
Os dentistas costumam ser os primeiros profissionais de saúde21 a ter contato com uma criança que respira pela boca4 devido às alterações dentárias que o problema pode ocasionar.
Como diagnosticar a síndrome1 do respirador bucal?
Não existe um exame único para diagnosticar a respiração bucal. O médico partirá da história clínica, na qual fará perguntas sobre sono, ronco, problemas de sinusite22 e dificuldade para respirar e fará também um exame físico para observar as narinas, a garganta17 e a faringe23 do paciente, com especial atenção para suas amígdalas24 e adenoides.
Um dentista pode diagnosticar a respiração bucal durante um exame odontológico de rotina se a pessoa tiver mau hálito, cáries25 frequentes ou doença gengival. Se o dentista ou o médico notarem amígdalas24 inchadas, pólipos10 nasais e outras condições anômalas, eles poderão encaminhar o paciente a um otorrinolaringologista para uma avaliação adicional e tratamento.
Como tratar a síndrome1 do respirador bucal?
O tratamento da Síndrome1 do Respirador Bucal consiste basicamente em eliminar os fatores causais. A ortodontia também pode precisar ser abordada para correção de eventuais distúrbios dentários já instalados.
Uma vez que essas questões sejam corrigidas, a respiração bucal pode ser revertida por meio de exercícios dirigidos, envolvendo a língua19 e os lábios. Um fisioterapeuta e/ou um fonoaudiólogo poderá ser de grande utilidade.
Quais são as complicações possíveis com a síndrome1 do respirador bucal?
Respirar pela boca4 traz diversas consequências indesejáveis: pode ressecar as gengivas e as mucosas8 que revestem a boca4 e pode levar a doenças gengivais ou a cáries25. Ao longo do tempo, a respiração oral também pode levar a mudanças físicas nas crianças, como rosto alongado, olhos26 caídos, manchas escuras sob os olhos26, narinas estreitas, problemas de vedação dos lábios, lábios secos, lábio27 superior estreito, mordida aberta para frente, etc.
Outras complicações possíveis podem incluir maior incidência28 de ronco e apneia12 do sono, problemas com as articulações29 da mandíbula18, dificuldades de fala e deglutição30, dentes que não se encaixam corretamente devido a uma mordida alterada, amígdalas24 e adenoides aumentadas e agravamento dos sintomas7 da asma31.
Veja sobre "Usos e abusos dos descongestionantes nasais", "Desvio de septo nasal32" e "Rinoplastia33 ou plástica no nariz3".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.