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Pelagra: o que é e como se manifesta?

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O que é a pelagra?

A pelagra é uma doença sistêmica que resulta de grave deficiência de vitamina1 B3, também chamada niacina ou ácido nicotínico. Embora seja muito menos comum do que costumava ser, graças aos avanços na produção e na tecnologia de alimentos, ainda é um problema em muitos países em desenvolvimento.

Quais são as causas da pelagra?

A vitamina1 B3 pode não ser absorvida pelo organismo, causando sua deficiência. Ou, essa falta pode ser devida à deficiência de triptofano, um precursor da niacina.

A pelagra também pode resultar de condições médicas pré-existentes que levam à deficiência de aminoácidos ou niacina. Alguns exemplos seriam anorexia nervosa2, abuso crônico3 de álcool, doença de Crohn4 e síndrome5 carcinoide. Outras deficiências de vitamina1 B podem ocorrer por conta de medicamentos como a isoniazida, por exemplo. A pelagra também pode surgir em pacientes com doença de Hartnup.

Saiba mais sobre "Hipovitaminoses", "Alcoolismo", "Doença de Crohn4" e "Anorexia nervosa2".

Qual é o substrato fisiológico6 da pelagra?

Muitas enzimas no corpo requerem niacina para funcionar corretamente. A niacina é encontrada em muitos alimentos diferentes, incluindo proteínas7 animais (frango, carne, peixe, fígado8), frutas (abacate, tâmaras, maracujá) e vegetais (cogumelos, brócolis, aspargo). Também pode ser produzida no corpo a partir do triptofano, um aminoácido essencial. O triptofano, como todos os aminoácidos essenciais, não pode ser produzido pelo corpo e, portanto, deve ser consumido na dieta.

Existem dois tipos de pelagra, conhecidos como pelagra primária e pelagra secundária. A pelagra primária é causada por dietas com pouca niacina ou triptofano. O triptofano pode ser convertido em niacina no organismo, portanto, não consumir o suficiente de triptofano pode causar deficiência de niacina. A pelagra primária é mais comum em partes pobres do mundo, como na África e na Índia, que dependem do milho como alimento básico. O milho produz niacitina, uma forma de niacina que normalmente os homens não conseguem digerir e absorver.

A pelagra secundária ocorre quando o corpo não pode absorver niacina. Coisas que podem impedir que o corpo absorva niacina incluem o alcoolismo, os distúrbios alimentares, o uso de certos medicamentos, incluindo anticonvulsivantes e drogas imunossupressoras, o caso de doenças gastrointestinais, a cirrose9 do fígado8, os tumores carcinoides, etc.

Quais são as características clínicas da pelagra?

Os principais sintomas10 da pelagra são caracterizados pelos “três Ds”: demência11, diarreia12 e dermatite13. Se não for corrigida, a pelagra pode ser fatal. Uma deficiência leve pode passar despercebida, mas uma dieta cronicamente baixa ou sem niacina pode resultar num quarto D: morte (death, em inglês). Geralmente, a diarreia12 ocorre antes dos outros D's.

A inflamação14 da mucosa15 pode ocorrer em todo o sistema gastrointestinal, causando dor na língua16, feridas na boca17, náusea18, vômito19 e diarreia12. A dermatite13 começa como uma erupção20 cutânea21 assemelhada a uma queimadura de sol em áreas da pele22 exposta à luz solar. A erupção20 cutânea21 pode se agravar com pigmentação, bolhas e pele22 mais escura no rosto, pescoço23, braços e pernas.

Características neurológicas, como insônia, depressão, alucinações24 e perda de memória (demência11) podem se apresentar mais tarde no processo da doença.

Como o médico diagnostica a pelagra?

A pelagra pode ser difícil de diagnosticar porque, embora ela cause uma grande variedade de sintomas10, eles não são específicos. Também não há teste específico para diagnosticar a deficiência de niacina. Em vez disso, o médico começará verificando se há problemas gastrointestinais, erupções cutâneas25 ou alterações no seu estado mental. Ele também pode testar a urina26 do paciente suspeito.

Em muitos casos, o diagnóstico27 é experimental e envolve verificar se seus sintomas10 respondem aos suplementos de niacina.

Como o médico trata a pelagra?

A pelagra primária é tratada com alterações na dieta e suplementação28 de niacina ou nicotinamida. Também pode ser necessário administrá-las por via intravenosa. O tratamento da pelagra secundária se concentra no tratamento da causa subjacente. No entanto, alguns casos de pelagra secundária também respondem bem ao uso de niacina ou nicotinamida por via oral ou intravenosa.

Ao se recuperar da pelagra primária ou secundária, é importante manter as erupções cutâneas25 hidratadas e protegidas com protetor solar.

Como evolui em geral a pelagra?

Com o tratamento precoce, muitas pessoas se recuperam completamente e começam a se sentir melhor poucos dias após o início do tratamento. A melhora da pele22, contudo, pode levar vários meses. No entanto, se não tratada, a pelagra primária causa morte após quatro ou cinco anos.

Leia sobre "Demência11", "Hemograma", "Anemia megaloblástica29", "Anemia perniciosa30", "Unhas31 fracas" e "Beribéri".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da AOCD – American Osteopathic College of Dermatology e da Encyclopedia Britannica.

ABCMED, 2019. Pelagra: o que é e como se manifesta?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1354538/pelagra-o-que-e-e-como-se-manifesta.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
2 Anorexia nervosa: Distúrbio alimentar caracterizado por uma alteração da imagem corporal associado à anorexia.
3 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
4 Doença de Crohn: Doença inflamatória crônica do intestino que acomete geralmente o íleo e o cólon, embora possa afetar qualquer outra parte do intestino. A doença cursa com períodos de remissão sintomática e outros de agravamento. Na maioria dos casos, a doença de Crohn é de intensidade moderada e se torna bem controlada pela medicação, tornando possível uma vida razoavelmente normal para seu portador. A causa da doença de Crohn ainda não é totalmente conhecida. Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, diarreia, perda de peso, febre moderada, sensação de distensão abdominal, perda de apetite e de peso.
5 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
6 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
7 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
8 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
9 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
12 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
13 Dermatite: Inflamação das camadas superficiais da pele, que pode apresentar-se de formas variadas (dermatite seborreica, dermatite de contato...) e é produzida pela agressão direta de microorganismos, substância tóxica ou por uma resposta imunológica inadequada (alergias, doenças auto-imunes).
14 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
15 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
16 Língua:
17 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
18 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
19 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
20 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
21 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
22 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
23 Pescoço:
24 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
25 Cutâneas: Que dizem respeito à pele, à cútis.
26 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
27 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
28 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
29 Anemia megaloblástica: É uma doença na qual a medula óssea produz hemácias gigantes e imaturas. Esse distúrbio é provocado pela carência de vitamina B12 ou de ácido fólico no organismo. Uma vez que esses fatores são importantes para a síntese de DNA e responsáveis pela eritropoiese, a sua falta causa um defeito na síntese de DNA, levando ao desequilíbrio no crescimento e divisão celular.
30 Anemia Perniciosa: Doença causada pela incapacidade do organismo absorver a vitamina B12. Mais corretamente, ela se refere a uma doença autoimune que resulta na perda da função das células gástricas parietais, que secretam ácido clorídrico para acidificar o estômago e o fator intrínseco gástrico que facilita a absorção da vitamina B12.
31 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
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