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Cistos hepáticos - preciso me preocupar com eles?

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O que são cistos hepáticos?

Os cistos hepáticos são crescimentos benignos, sacos cheios de líquido que se formam no fígado1. Esses cistos são pouco comuns, afetando apenas cerca de 5% da população. Eles geralmente não requerem tratamento, a menos que se desenvolvam incomodamente e gerem sintomas2 ou afetem a função hepática3.

Algumas pessoas têm um único cisto e não apresentam sintomas2, mesmo com o crescimento dele. Outras podem desenvolver uma condição caracterizada por muitos crescimentos císticos no fígado1, chamada doença hepática3 policística. Embora essa doença seja representada por vários cistos, o fígado1 pode continuar funcionando adequadamente e sua presença pode não diminuir a expectativa de vida4.

Quais são as causas dos cistos hepáticos?

Embora a causa exata dos cistos seja desconhecida, sabe-se que essas formações são o resultado de uma malformação5 nos ductos biliares6. Algumas pessoas nascem com cistos no fígado1, enquanto outras os desenvolvem posteriormente, quando mais velhas.

Há também uma ligação entre cistos no fígado1 e um parasita7 chamado Echinococcus, encontrado em áreas onde vivem gado e ovelhas. Uma pessoa pode ser infectada por esse microrganismo ao ingerir alimentos contaminados: o parasita7 pode causar o desenvolvimento de cistos em diferentes partes do corpo, incluindo o fígado1.

A doença hepática3 policística pode ser herdada quando há um histórico familiar ou pode ocorrer arbitrariamente, sem motivo aparente.

Leia sobre "Provas de função hepática3", "Cirrose8 hepática3" e "Esteatose hepática9".

Qual é o mecanismo fisiológico10 dos cistos hepáticos?

Em geral, os cistos partem dos canais biliares11 e são estruturas de paredes finas que contêm fluido. A maioria dos cistos é única, embora alguns pacientes possam ter vários. Os cistos no fígado1 normalmente não prejudicam a capacidade do fígado1 de executar sua função.

Quais são as principais características clínicas dos cistos hepáticos?

Os cistos hepáticos ocorrem em aproximadamente 5% da população. No entanto, apenas cerca de 5% desses pacientes desenvolvem sintomas2. Mesmo se os cistos estiverem presentes desde o nascimento, eles podem passar despercebidos até que os sintomas2 surjam mais tarde, na idade adulta.

Somente quando o cisto aumenta, algumas pessoas sentem dor na parte superior direita da região gástrica, ou outro desconforto, como inchaço12 abdominal ou sensação de plenitude abdominal, por exemplo. Se o cisto começar a sangrar, pode ocasionar dor aguda e repentina na parte superior do estômago13, embora o sangramento possa parar por conta própria, em alguns dias.

Um número muito pequeno de pacientes (0,6% da população geral) tem a doença hepática3 policística, caracterizada pelo fato de aparecerem cistos no fígado1 como "cachos de uvas". Ao longo de vários anos, os pacientes com essa doença podem desenvolver um aumento maciço do fígado1, o que resulta em inchaço12 e desconforto abdominais. Em casos extremos, o paciente pode ter uma qualidade de vida muito ruim por causa da dor.

Diferente da inevitável insuficiência renal14 associada à doença renal15 policística, que pode coexistir com ela, a doença hepática3 policística não causa insuficiência hepática16. A única solução a longo prazo para pacientes17 com doença hepática3 policística grave é o transplante de fígado1.

Como o médico diagnostica os cistos hepáticos?

Como um pequeno cisto hepático geralmente não causa sintomas2, ele pode não ser diagnosticado por anos. Frequentemente, os cistos hepáticos são descobertos acidentalmente, quando a pessoa faz um exame de imagem do abdome18 que visualize o fígado1, como um ultrassom ou uma tomografia computadorizada19. Ambos os procedimentos podem então ser usados para confirmar ou descartar uma massa tumoral.

Depois de detectar um cisto no fígado1, o médico poderá solicitar um exame de sangue20 para descartar a presença de um parasita7. Se a pessoa tiver um parasita7, receberá antibióticos específicos para tratar a infecção21. Um diagnóstico22 diferencial de cisto hepático deve ser feito com a doença hepática3 policística, a infecção21 por Echinococcus e o câncer23 de fígado1.

Como o médico trata os cistos hepáticos?

Como dito, a maioria dos cistos no fígado1 não causam sintomas2 nem transtornos funcionais e o tratamento nem sempre é necessário. E, além disso, como os cistos hepáticos simples são sempre benignos, os únicos pacientes que necessitam de tratamento são aqueles que desenvolvem sintomas2 ou incômodos graves.

O melhor tratamento cirúrgico é remover o cisto ou uma grande parte da parede dele. Simplesmente puncionar o líquido do cisto com uma agulha não é eficaz porque o cisto se enche novamente dentro de algum tempo. Para evitar uma recorrência24, outra opção é remover cirurgicamente todo o cisto. Esse procedimento cirúrgico geralmente pode ser feito através do laparoscópio25, que requer apenas 2 ou 3 pequenas incisões26 e uma pernoite no hospital.

Como evoluem os cistos hepáticos?

Mesmo quando os cistos no fígado1 aumentam e causam dor, a perspectiva prognóstica com o tratamento é muito positiva. Embora o recebimento de um diagnóstico22 de cisto hepático possa ser motivo de preocupação, esses cistos geralmente não levam à insuficiência hepática16 ou ao câncer23 de fígado1.

Nos casos mais simples, que requeiram tratamento, a maioria dos pacientes se recupera totalmente em 2 semanas depois da retirada de um cisto. O risco de recorrência24 do cisto é muito baixo.

Como prevenir os cistos hepáticos?

Não há maneira conhecida de prevenir um cisto no fígado1. Além disso, ainda não há pesquisas suficientes para determinar se a dieta ou o fumo contribuem para os cistos no fígado1.

Quais são as complicações possíveis dos cistos hepáticos?

Alguns incidentes27 da doença hepática3 policística são graves. Nesse caso, os cistos podem sangrar muito, causar dor intensa, reaparecer após o tratamento ou começar a afetar a função hepática3. Nessas situações, o médico pode recomendar um transplante de fígado1.

Saiba mais sobre "Insuficiência hepática16", "Hemangioma de fígado1", "Hepatectomia" e "Transplante de fígado1".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2019. Cistos hepáticos - preciso me preocupar com eles?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1348138/cistos-hepaticos-preciso-me-preocupar-com-eles.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
4 Expectativa de vida: A expectativa de vida ao nascer é o número de anos que se calcula que um recém-nascido pode viver caso as taxas de mortalidade registradas da população residente, no ano de seu nascimento, permaneçam as mesmas ao longo de sua vida.
5 Malformação: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
6 Ductos Biliares: Canais que coletam e transportam a secreção biliar dos CANALÍCULOS BILIARES (o menor ramo do TRATO BILIAR no FÍGADO), através dos pequenos ductos biliares, ductos biliares (externos ao fígado) e para a VESÍCULA BILIAR (para armazenamento).
7 Parasita: Organismo uni ou multicelular que vive às custas de outro, denominado hospedeiro. A presença de parasitos em um hospedeiro pode produzir diferentes doenças dependendo do tipo de afecção produzida, do estado geral de saúde do hospedeiro, de mecanismos imunológicos envolvidos, etc. São exemplos de parasitas: a sarna, os piolhos, os áscaris (lombrigas), as tênias (solitárias), etc.
8 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
9 Esteatose hepática: Esteatose hepática ou “fígado gorduroso“ é o acúmulo de gorduras nas células do fígado.
10 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
11 Canais Biliares: Canais que coletam e transportam a secreção biliar dos CANALÍCULOS BILIARES (o menor ramo do TRATO BILIAR no FÍGADO), através dos pequenos ductos biliares, ductos biliares (externos ao fígado) e para a VESÍCULA BILIAR (para armazenamento).
12 Inchaço: Inchação, edema.
13 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
14 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
15 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
16 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
17 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
18 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
19 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
20 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
21 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
22 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
23 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
24 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
25 Laparoscópio: É um instrumento endoscópico, munido de um sistema óptico, que é introduzido no abdome do paciente para fins diagnósticos ou cirúrgicos.
26 Incisões: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
27 Incidentes: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
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