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Criptococose - definição, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção

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O que é criptococose1?

A criptococose1 é uma infecção2 por fungos, classificada como micose3 sistêmica que, dependendo do caso, pode matar. Essa é a única levedura encapsulada que causa doenças.

Quais são as causas da criptococose1?

A criptococose1 é adquirida por inalação de solo contaminado com a levedura do Cryptococcus neoformans ou Cryptococcus gattii. O principal reservatório desses fungos é matéria orgânica morta presente no solo, em frutas secas, cereais e nas árvores. A infecção2 também pode ser contraída pelo contato direto com um indivíduo infectado.

O Cryptococcus sempre esteve presente em todo o mundo, mas a infecção2 era relativamente rara até começar a epidemia da AIDS. A partir daí, a criptococose1 tornou-se a infecção2 fúngica4 mais comum em pessoas com a baixa imunidade5 causada pela AIDS. Ela pode ocorrer mesmo em pessoas com a imunidade5 reduzida por outras causas, que têm maior risco de contrair infecções6 em geral.

Contudo, a criptococose1 causada por Cryptococcus gattii pode se desenvolver mesmo em pessoas com um sistema imunológico7 sem alterações.

Saiba mais sobre "Fungos", "AIDS", "Como evitar micoses" e "Micoses superficiais".

Quais são as características fisiológicas8 da criptococose1?

A infecção2 pelos agentes etiológicos da criptococose1 se dá, na maioria dos casos, através da inalação de esporos9 dos fungos. Após a infecção2, o Cryptococcus neoformans pode se disseminar através da circulação10 sanguínea ou linfática. A partir daí, a patogenia causada pelo fungo11 vai depender de fatores divididos em dois grupos:

(1) relacionado com as características do estabelecimento da infecção2 e capacitação de sobrevivência12 no hospedeiro

(2) relacionado a fatores de virulência13 do Cryptococcus

 O fungo11 possui um tropismo14 pelo sistema nervoso central15, normalmente causando uma meningite16 criptocócica, quando há, concomitantemente, uma queda da imunidade5 celular. Outros tecidos podem ser afetados, sendo que a resposta tecidual varia muito.

Nas pessoas imunodeprimidas, há o crescimento de massas de consistência gelatinosa nos tecidos. Quando há uma imunodepressão grave, a infecção2 se espalha para a pele17, órgãos parenquimatosos e ossos. Já nos indivíduos imunocompetentes ou com doença crônica, acontece uma reação granulomatosa.

Quais são as principais características clínicas da criptococose1?

Dependendo do local onde se encontra a infecção2, da intensidade dela, do estado imunológico do paciente e do subtipo do fungo11 em questão, as pessoas podem não ter sintomas18 ou tê-los de maneira tão intensa que leve à morte.

Como a infecção2 geralmente ocorre quando as pessoas inalam os esporos9 do fungo11, a criptococose1 normalmente afeta os pulmões19 em primeiro lugar e a partir deles se dissemina comumente para o cérebro20 e meninges21, resultando em meningite16.

Ela também pode se disseminar para a pele17 e outros tecidos, como os ossos, as articulações22, o baço23, os rins24 e a próstata25, onde não causam sintomas18 ou apenas sintomatologia pobre.

Os sintomas18 variam dependendo de onde a infecção2 se encontra, mas pode-se descrever três tipos principais deles:

  1. A infecção2 pulmonar pode não gerar sintomas18 ou, em algumas pessoas, gerar tosse e/ou tórax26 dolorido. Se a infecção2 for grave, pode ocorrer dificuldade respiratória
  2. A meningite16 pode causar dor de cabeça27, visão28 turva, depressão, agitação, confusão mental e infecção2 cutânea29
  3. A erupção30 cutânea29 consiste de caroços ou ulcerações31 abertas

A infecção2 pulmonar raramente é perigosa, mas a meningite16 traz risco à vida.

Como o médico diagnostica a criptococose1?

O diagnóstico32 da criptococose1 depende dos sintomas18 e da demonstração da presença do Cyptococcus neoformans em fluidos ou tecidos corporais colhidos para cultura (sangue33, pus34, urina35, líquor36). O diagnóstico32 da criptococose1, portanto, é clínico e laboratorial. Como exame complementar, a tomografia computadorizada37, a ressonância magnética38 ou a radiografia de tórax26 podem demonstrar danos pulmonares, presença de massa única ou nódulos múltiplos distintos. O sangue33 e o líquor36 também podem ser examinados para detectar certas substâncias liberadas pelo Cryptococcus.

Como o médico trata a criptococose1?

Se a infecção2 afetar apenas uma pequena parte do pulmão39 e não causar sintomas18, nenhum tratamento é necessário. Entretanto, alguns médicos preferem tratar sempre a criptococose1, qualquer que seja seu grau de gravidade.

A terapêutica40 deve ser feita com medicamentos antifúngicos e dependerá da forma clínica de cada paciente, podendo ser feita por via oral ou por via intravenosa, se a infecção2 for grave. As medicações usadas para tratar a criptococose1 podem ter efeitos colaterais41 sérios, por isso é importante que seu uso seja monitorado com cuidado pelo médico.

Indivíduos com sistema imunológico7 comprometido ou sob terapia imunossupressora devem receber tratamento medicamentoso prolongado para evitar recaídas.

Como prevenir a criptococose1?

Não existem medidas preventivas específicas para a criptococose1. Entretanto, recomenda-se a utilização de equipamento de proteção individual, sobretudo de máscaras, na limpeza de galpões onde há criação de aves ou aglomerado de pombos. Medidas de controle populacional de pombos podem e devem ser implementadas, como, por exemplo, reduzir a disponibilidade de alimento, água e, principalmente, abrigos para as aves.

Os locais com acúmulo de fezes desses animais devem ser higienizados com água e cloro para que os fungos possam ser removidos com segurança. Outra questão importante é inclinar superfícies, durante as construções, para evitar o pouso dos pombos. 

Leia sobre "Micoses", "Micoses de unha" e "Meningites42".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do Ministério da Saúde, da National Organization of Rare Diseases e do Manual MSD para Profissionais de Saúde.

ABCMED, 2019. Criptococose - definição, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1347488/criptococose-definicao-causas-sintomas-diagnostico-tratamento-e-prevencao.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Criptococose: É uma doença infecciosa (micose sistêmica) que afeta o homem e outros animais, provocada por um fungo conhecido como Cryptococcus neoformans. Ela é caracterizada por lesões nodulares ou abscessos em pulmões, tecidos subcutâneos, articulações e especialmente cérebro e meninges.
2 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Micose: Infecção produzida por fungos. Pode ser superficial, quando afeta apenas pele, mucosas e seus anexos, ou profunda, quando acomete órgãos profundos como pulmões, intestinos, etc.
4 Fúngica: Relativa à ou produzida por fungo.
5 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
6 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
8 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
9 Esporos: Estruturas unicelulares e uninucleares, resistentes ao calor e à dessecação, capazes de germinar em determinadas condições e reproduzirem assexuadamente o indivíduo que as originou.
10 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
11 Fungo: Microorganismo muito simples de distribuição universal que pode colonizar uma superfície corporal e, em certas ocasiões, produzir doenças no ser humano. Como exemplos de fungos temos a Candida albicans, que pode produzir infecções superficiais e profundas, os fungos do grupo dos dermatófitos que causam lesões de pele e unhas, o Aspergillus flavus, que coloniza em alimentos como o amendoim e secreta uma toxina cancerígena, entre outros.
12 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
13 Virulência: 1. Qualidade ou estado do que é ou está virulento. 2. Capacidade de um vírus ou bactéria de se multiplicar dentro de um organismo, provocando doença. 3. No sentido figurado, caráter daquilo ou daquele que está carregado de violência ou de ímpeto violento.
14 Tropismo: Reação de organismos fixos ou de suas partes, que consiste na mudança de orientação determinada por estímulos externos, dita positiva quando em direção ao estímulo e negativa quando se afasta do mesmo.
15 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
16 Meningite: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
17 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
18 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
19 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
20 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
21 Meninges: Conjunto de membranas que envolvem o sistema nervoso central. Cumprem funções de proteção, isolamento e nutrição. São três e denominam-se dura-máter, pia-máter e aracnóide.
22 Articulações:
23 Baço:
24 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
25 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
26 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
27 Cabeça:
28 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
29 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
30 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
31 Ulcerações: 1. Processo patológico de formação de uma úlcera. 2. A úlcera ou um grupo de úlceras.
32 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
33 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
34 Pus: Secreção amarelada, freqüentemente mal cheirosa, produzida como conseqüência de uma infecção bacteriana e formada por leucócitos em processo de degeneração, plasma, bactérias, proteínas, etc.
35 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
36 Líquor: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.
37 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
38 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
39 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
40 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
41 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
42 Meningites: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
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