Crise hiperglicêmica
O que é crise hiperglicêmica?
A cetoacidose diabética1 e o estado hiperglicêmico hiperosmolar2 são crises hiperglicêmicas agudas do diabetes3, potencialmente fatais. Embora tenham diferenças importantes, ambas ocorrem devido à falta de efeito da insulina4 e podem ser consideradas duas manifestações do mesmo mecanismo subjacente: deficiência de insulina4.
Saiba mais sobre "Cetoacidose diabética1" e "Coma5 hiperosmolar2 hiperglicêmico".
Quais são as causas da crise hiperglicêmica?
As crises hiperglicêmicas ocorrem devido à falta de efeito da insulina4 ou à deficiência dela. É importante não negligenciar outras possíveis causas da cetoacidose diabética1 e estado hiperglicêmico hiperosmolar2.
O infarto do miocárdio6 também pode precipitar hiperglicemia7 e cetoacidose diabética1 por meio do aumento dos hormônios, como a epinefrina, por exemplo. Uma isquemia8 silenciosa pode ocorrer em até um em cada cinco pacientes diabéticos tipo 2 maiores de 50 anos de idade. Certos medicamentos e acidentes vasculares9 cerebrais também podem precipitar uma resposta similar.
Outros distúrbios que podem precipitar a hiperglicemia7 incluem pancreatite10 e uso de drogas ilícitas11. Em mulheres em idade reprodutiva, os médicos devem considerar a possibilidade de ela ocorrer durante a gravidez12 (diabetes gestacional13).
Qual é o mecanismo fisiológico14 da crise hiperglicêmica?
Como dito, a causa básica das crises hiperglicêmicas é o efeito insuficiente da insulina4. Combinado com ela, há um aumento nos níveis hormonais regulatórios, incluindo o glucagon15, o cortisol, as catecolaminas e o hormônio16 do crescimento. Todos eles contribuem para a hiperglicemia7.
A deficiência de insulina4 provoca uma falta de utilização de glicose17 em tecidos dependentes de insulina4, tais como músculo e tecido adiposo18 e, portanto, leva à hiperglicemia7. A falta de insulina4 também estimula a hiperglicemia7 por aumentar a gliconeogênese19 hepática20. Privado da utilização de glicose17, o corpo deve procurar combustível em outro lugar para sobreviver. Além da hiperglicemia7, a falta de insulina4 aumenta a degradação de triglicérides21 em ácidos graxos livres no tecido adiposo18.
A cetoacidose diabética1 e o estado hiperglicêmico hiperosmolar2 podem ser considerados como dois extremos de um espectro de manifestação da doença hiperglicêmica. Em uma extremidade do espectro estão a deficiência absoluta de insulina4, cetose profunda e acidose22, que é a cetoacidose diabética1, que tende a ocorrer em pacientes com diabetes3 tipo 1. No outro extremo do espectro está a hiperglicemia7 extrema sem cetose e acidose22, que tende a ocorrer em pacientes com diabetes tipo 223.
Leia sobre "Diabetes gestacional13", "Papel da insulina4 no corpo" e "Diabetes3".
Quais são as principais características clínicas da crise hiperglicêmica?
Normalmente, os pacientes com diabetes tipo 124 são mais propensos a apresentar cetoacidose diabética1, devido à sua deficiência absoluta de insulina4, e os pacientes com diabetes tipo 223 são mais propensos a experimentar o estado hiperglicêmico hiperosmolar2, por causa da presença de alguma secreção de insulina4. No entanto, um número significativo de pacientes se desvia desses padrões.
Os pacientes que apresentam estados hiperglicêmicos tipicamente exibem uma história de poliúria25 e polidipsia26. Frequentemente, pode-se identificar um fator precipitante que leva à hiperglicemia7. Tais fatores podem incluir o uso inadequado de insulina4, doença cardiovascular ou infecção27. Além disso, a deficiência no controle do diabetes3 e hiperglicemia7 pode indicar o aparecimento de uma doença autoimune28 da tireoide29.
A hiperglicemia7 pode ter um desenvolvimento progressivo ao longo de semanas ou dias, ou um início mais rápido. Os sintomas30 clínicos da hiperglicemia7 incluem poliúria25, polidipsia26 e sinais31 de desidratação32, entre os quais contam-se falta de turgor cutâneo33, hipotensão arterial34, mucosa35 oral seca, taquicardia36, fraqueza e sensório alterado.
Pacientes com cetoacidose exibem dor abdominal, náusea37, vômito38 e respiração de Kussmaul39 (padrão respiratório profundo e trabalhoso). A hipotermia40, caso esteja presente, é um indicador de mau prognóstico41.
Como o médico diagnostica a crise hiperglicêmica?
Achados laboratoriais em exames de sangue42 com pacientes com cetoacidose diabética1 incluem hiperglicemia7, cetose e acidose22 metabólica. Pacientes com essa suspeita devem também dosar a creatinina43, o nitrogênio ureico, as cetonas séricas e fazer análise de urina44. Também devem verificar o hemograma completo e a gasometria arterial.
Além disso, o eletrocardiograma45, a radiografia de tórax46, o escarro e as hemoculturas podem ser necessários. Os níveis séricos de potássio são tipicamente elevados, mas o potássio corporal total é reduzido. Os pacientes que apresentam hipocalemia47 (baixas taxas de potássio) requerem reposição de potássio. A amilase e a lipase podem estar elevadas no sangue42, mas não são necessariamente indicativas de pancreatite10.
Veja mais sobre "Cetose", "Acidose22" e "Pancreatite10".
Como o médico trata a crise hiperglicêmica?
Os pilares do tratamento da hiperglicemia7 são a administração de insulina4, de fluidos, correção de anormalidades eletrolíticas e monitoramento rigoroso. A administração de fluidos isotônicos visa restaurar a perfusão renal48. A terapia com insulina4 é tipicamente administrada por via intravenosa, embora casos leves a moderados não complicados possam ser tratados com insulina4 subcutânea49.
Em casos mais graves, os eletrólitos50, a glicose17, o nitrogênio ureico no sangue42, a osmolaridade51, a creatinina43 e o pH arterial ou venoso devem ser medidos a cada 2-4 horas para monitorar as respostas dos pacientes à terapia e para permitir a titulação de insulina4 e fluidos.
Leia também sobre "Comportamento da glicose17 no sangue42" e "Bomba de insulina52".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.