Sequestro esplênico - qual é o perigo?
O que é o baço1?
O baço1 é um órgão de coloração arroxeada encontrado em todos os vertebrados. No homem, ele fica localizado no quadrante superior esquerdo do abdômen. Sua estrutura é similar a um grande nódulo2 linfático3 e ele age principalmente como um filtro do sangue4. Desempenha um papel essencial em relação aos glóbulos vermelhos do sangue4 (eritrócitos5) e ao sistema imunológico6, removendo os glóbulos vermelhos envelhecidos, e contém uma reserva de sangue4, que pode ser valiosa em caso de choque7 hemorrágico8.
Ele metaboliza a hemoglobina9 removida dos eritrócitos5 senescentes10. A porção globina da hemoglobina9 é degradada em seus aminoácidos constitutivos e a porção heme é metabolizada em bilirrubina11, que é removida pelo fígado12. O baço1 sintetiza anticorpos13 em sua polpa branca e remove bactérias revestidas de anticorpos13 e células sanguíneas14 cobertas de anticorpos13 por meio da circulação15 sanguínea e linfática.
A polpa vermelha do baço1 é um reservatório que contém mais da metade dos monócitos16 do corpo. Esses monócitos16, ao se moverem para o tecido17 lesionado, se transformam em células dendríticas18 e macrófagos19 que atacam os elementos invasores, enquanto promovem a cicatrização tecidual.
O baço1 é um centro de atividade do sistema mononuclear fagocitário e pode ser considerado análogo a um grande linfonodo20, já que sua ausência causa uma predisposição para certas infecções21.
Saiba mais sobre "Circulação linfática22", "Drenagem23 linfática", "Anemias" e "Cicatrização e cicatrizes24".
O que é sequestro esplênico25?
Sequestro esplênico25 é uma complicação aguda grave, potencialmente fatal, responsável por grande morbidade26 e mortalidade27 em pacientes, sobretudo em crianças. Caracteriza-se pela agregação intraesplênica (dentro do baço1) aguda de grandes quantidades de sangue4 e diminuição da concentração de hemoglobina9 de mais de 2g/dl comparada ao valor basal do paciente, aumento da eritropoiese28 e dilatação das dimensões do baço1.
Dessa forma, grande quantidade de glóbulos vermelhos fica retida no interior do órgão, sobretudo as hemácias29 de formas alteradas. As hemácias29 normais são mais maleáveis e passam facilmente pelo baço1.
Quais são as causas do sequestro esplênico25?
O sequestro esplênico25 ocorre mais comumente como uma complicação da doença falciforme (hemácias29 em forma de foice). O sequestro esplênico25 agudo30 acontece quando os glóbulos vermelhos falciformes ficam aprisionados no baço1, causando o aumento do órgão. A maioria dos casos de sequestro esplênico25, nessa condição, ocorre em crianças entre 5 meses e 2 anos, com doença falciforme. O sequestro esplênico25 plaquetário pode ocorrer em várias outras doenças que causam esplenomegalia31.
Qual é o mecanismo fisiológico32 do sequestro esplênico25?
A doença falciforme afeta o modo como o corpo produz hemoglobina9. Ela é uma parte importante dos glóbulos vermelhos (hemácias29) que transporta oxigênio para o resto do corpo. As hemácias29 são geralmente discos planos e flexíveis que passam facilmente pelo baço1. Com a doença falciforme, elas se tornam rígidas e em forma de lua crescente ou de foice e não vivem tanto quanto os glóbulos vermelhos comuns (cerca de 3 meses, em média) e às vezes ficam retidas em vasos sanguíneos33. Assim, as células34 em forma de foice podem bloquear o fluxo sanguíneo através do baço1, que então se enche de sangue4 e pode ficar inchado e dolorido.
Leia sobre "Anemia falciforme35".
Quais são as principais características clínicas do sequestro esplênico25?
Como dito, o sequestro esplênico25 refere-se a uma condição aguda de agregação de grandes quantidades de sangue4 no interior do baço1. Ele afeta cerca de 30% das crianças com anemia falciforme35. Esplenomegalia31, palidez ou letargia36 aguda podem ser os primeiros sinais37 e sintomas38 clínicos de uma crise de sequestro esplênico25.
A condição faz com que o baço1 fique maior e reduz a quantidade de glóbulos vermelhos transportadores de oxigênio no corpo. Durante crises graves de sequestro, o baço1 cheio de sangue4 pode aumentar até o ponto de preencher todo o abdome39, resultando em choque hipovolêmico40 que pode levar à morte dentro de horas após o seu início.
Eventos de sequestro menores são comuns em crianças pequenas com doença falciforme. Alguns casos estão associados a doenças virais. Entre os sintomas38 mais comuns incluem-se dor no lado esquerdo do abdômen, pele41 pálida, respiração rápida, batimentos cardíacos acelerados e irritabilidade e sonolência incomuns.
Como o médico diagnostica o sequestro esplênico25?
O sequestro esplênico25 agudo30 é uma emergência42 médica. O exame físico mostrará um baço1 inchado (aumentado de tamanho). Um exame de sangue4 deve ser feito para procurar um número menor de glóbulos vermelhos ou outros componentes que compõem o sangue4, como glóbulos brancos ou plaquetas43. Uma radiografia ou tomografia computadorizada44 deve ser feita para obter imagens do interior do corpo.
Como o médico trata o sequestro esplênico25?
O tratamento imediato das crises de sequestro deve ser feito com expansores de volume e transfusão45 de sangue4 para reverter o choque hipovolêmico40. Isso pode ajudar a remobilizar o sangue4 sequestrado no baço1 e levar à regressão da esplenomegalia31 em um período relativamente curto de tempo.
Como o sequestro tende a se repetir e devido à natureza aguda dos sintomas38 potencialmente catastróficos e do desfecho fatal, a esplenectomia deve ser considerada se a criança teve mais de um episódio.
Quais são as complicações possíveis do sequestro esplênico25?
O sequestro esplênico25 já é uma complicação da anemia falciforme35, mas com ele a pessoa fica sem células sanguíneas14 suficientes para transportar oxigênio para o resto do corpo e pode ter anemia46 grave. O sequestro esplênico25 pode causar uma queda perigosa nos glóbulos vermelhos, mesmo que outros sintomas38 ainda não estejam aparecendo.
Veja mais sobre "Atendimento de urgência47", "Doação de sangue4", "Transfusão45 de sangue4", "Priapismo48", "Teste do Pezinho" e "Ferritina".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.