Insuficiência da válvula mitral
O que é a válvula mitral?
A válvula mitral, também conhecida como válvula bicúspide ou válvula atrioventricular esquerda, é uma válvula com dois flaps (folhetos), localizada entre o átrio esquerdo1 e o ventrículo esquerdo do coração2. A válvula mitral e a válvula tricúspide (entre o átrio direito3 e o ventrículo direito do coração2) são coletivamente conhecidas como válvulas atrioventriculares, pois ficam entre os átrios e os ventrículos do coração4.
O aparato valvular mitral compreende, além dos dois folhetos, o anel ao redor deles, chamado anel valvular mitral, e os músculos papilares5, que prendem os folhetos da válvula ao ventrículo esquerdo. As cordas tendíneas também estão presentes e conectam os folhetos valvulares aos músculos papilares5.
Em condições normais, a válvula mitral se abre durante a diástole6 e se fecha durante a sístole7 para permitir que o sangue8 flua do átrio esquerdo1 para o ventrículo esquerdo e não reflua no sentido inverso. O nome “mitral” se deve a que a válvula tem os seus folhetos parecidos com a mitra usada pelos bispos.
O que é insuficiência9 da válvula mitral?
Em condições anormais, a válvula mitral pode não se fechar completamente e o sangue8 pode refluir através dela. A insuficiência9 da válvula mitral, também chamada regurgitação10 mitral ou incompetência mitral, é um distúrbio do coração2 no qual a válvula mitral não se fecha adequadamente quando o coração2 expele o sangue8. É a regurgitação10 anormal de sangue8 para trás, do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo1, através da válvula mitral, quando o ventrículo esquerdo se contrai.
Fala-se de insuficiência9 mitral primária quando ela é devida a alguma deficiência de suas estruturas próprias e de insuficiência9 mitral secundária quando a insuficiência9 se deve a alterações de outras estruturas.
Quais são as causas da insuficiência9 da válvula mitral?
A disfunção de qualquer uma das partes do aparelho valvular mitral pode levar à insuficiência9 da válvula mitral e causar regurgitação10 do sangue8. O infarto do miocárdio11 é a causa mais comum de regurgitação10 mitral (cerca de 50% dos casos).
A degeneração12 mixomatosa da válvula mitral, mais comum em mulheres que em homens, é outra causa possível, assim como o avanço da idade, que provoca um alongamento dos folhetos e das cordas tendíneas da válvula, impedindo que os folhetos se unam completamente quando a válvula se fecha.
A febre reumática13 e a síndrome14 de Marfan são outras causas típicas. A estenose15 da valva mitral16 às vezes pode ser causa de regurgitação10 mitral e impedir a válvula de fechar completamente.
A insuficiência9 mitral secundária pode ser devido à dilatação do ventrículo esquerdo, causando estiramento do anel valvular mitral e deslocamento dos músculos papilares5. Essa dilatação do ventrículo esquerdo pode ocorrer por diferentes motivos, incluindo cardiomiopatia dilatada, insuficiência9 aórtica e miocardiopatia17 dilatada não isquêmica, entre outros. Como os músculos papilares5, cordas e folhetos valvulares estão normais, essa condição também é chamada de insuficiência9 mitral funcional.
Saiba mais sobre "Infarto do miocárdio11", "Febre reumática13" e "Síndrome14 de Marfan".
Quais são as principais características clínicas da válvula mitral?
A regurgitação10 mitral, se leve, pode permanecer assintomática. Se a regurgitação10 for mais grave, ou se houver fibrilação atrial, os pacientes podem sentir palpitações18 (sensação de batimentos cardíacos anormais) ou dispneia19 (falta de ar). Os pacientes com insuficiência cardíaca20 podem apresentar tosse, falta de ar mesmo em repouso, mas que piora durante o esforço, bem como inchaço21 nas pernas.
Como o médico diagnostica a insuficiência9 da válvula mitral?
No caso de diagnóstico22 de insuficiência9 da válvula mitral, o médico se vê diante da dupla tarefa de reconhecer a condição e de determinar a causa dela. O infarto do miocárdio11 pode ser reconhecido por meio do eletrocardiograma23, que pode indicar aumento do átrio esquerdo1 e hipertrofia24 ventricular esquerda e revela uma fibrilação atrial que pode levar à regurgitação10 mitral crônica.
Além disso, podem ser empregados radiografia do tórax25, ecocardiograma26 transesofágico e outros exames de imagens. O grau de gravidade do infarto do miocárdio11 pode ser quantificado pela fração regurgitante, que é a porcentagem do volume sistólico do ventrículo esquerdo que retorna para o átrio esquerdo1. A técnica ecocardiográfica para medir a fração regurgitante é determinar o fluxo para a frente através da válvula mitral durante a diástole6 ventricular e compará-la ao fluxo para fora do ventrículo esquerdo através da válvula aórtica na sístole ventricular27.
Leia sobre "Taquicardia28", "Falta de ar", "Insuficiência cardíaca congestiva29", "Eletrocardiograma23" e "Ecocardiograma26".
Como o médico trata a insuficiência9 da válvula mitral?
O tratamento da insuficiência9 da válvula mitral depende da gravidade da doença. Na insuficiência9 da válvula mitral por ruptura de um músculo papilar ou cordas tendíneas, devido a um infarto30 agudo31 do miocárdio32, o tratamento de escolha é a cirurgia da válvula mitral.
Os indivíduos com insuficiência9 da válvula mitral crônica podem ser tratados com medicamentos. Em geral, a terapia médica é não curativa e é usada para regurgitação10 leve a moderada ou em pacientes incapazes de tolerar a cirurgia.
A cirurgia, ao contrário, é curativa da regurgitação10 mitral. Há duas opções cirúrgicas para o tratamento da insuficiência9 da válvula mitral: a substituição da válvula ou o reparo dela. O reparo da válvula, quando um reparo é viável, é preferível à troca dela, uma vez que as válvulas de reposição biológica têm uma vida útil limitada de 10 a 15 anos, enquanto as válvulas de substituição sintética exigem o uso contínuo de diluentes para reduzir o risco de acidente vascular cerebral33.
Veja também sobre "Acidente vascular cerebral33", "Sopro cardíaco34", "Cardiopatias congênictas" e "Doenças cardiovasculares35".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.
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