Gostou do artigo? Compartilhe!

Alergia ocular e as diferenças em relação à conjuntivite infecciosa

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é alergia1 ocular?

A alergia1 ocular, também conhecida como conjuntivite2 alérgica, é uma condição na qual a membrana conjuntiva3 dos olhos4 fica inflamada devido a uma reação alérgica5. A alergia1 ocular é uma forma não contagiosa6 de conjuntivite2, ao contrário da conjuntivite2 infecciosa, que é altamente contagiosa6, mas resulta em extremo desconforto para o paciente.

A conjuntiva3 é a membrana transparente que reveste a parte branca do olho7 e a parte interna das pálpebras8. Quando essa membrana é exposta a substâncias às quais uma pessoa é alérgica, pode ocorrer uma resposta imunológica que leva à inflamação9.

Como diferenciar a alergia1 ocular (conjuntivite2 alérgica) da conjuntivite2 infecciosa?

Tanto a alergia1 ocular quanto a conjuntivite2 infecciosa podem causar sintomas10 semelhantes, nem sempre sendo possível estabelecer uma diferença entre ambas apenas com base nos sintomas10. No entanto, existem algumas características distintivas que podem ajudar a diferenciá-las:

  • A alergia1 ocular é causada por uma reação a alérgenos11 e a conjuntivite2 infecciosa é causada por vírus12, bactérias ou outros agentes infecciosos.
  • Na alergia1 ocular pode haver uma secreção clara e aquosa e na conjuntivite2 infecciosa a secreção pode ser mais espessa e amarelada ou esverdeada.
  • Na alergia1 ocular os sintomas10 persistem enquanto a pessoa estiver exposta ao alérgeno13, mas podem diminuir com a remoção do alérgeno13, e na conjuntivite2 infecciosa podem durar de alguns dias a algumas semanas, dependendo da causa.
  • Nas alergias oculares as pessoas têm histórico de alergias sazonais e os sintomas10 podem ser sazonais e estarem associados à exposição a alérgenos11 específicos, já as conjuntivites14 infecciosas ocorrem após exposição a uma pessoa infectada ou a superfícies contaminadas.
  • A alergia1 ocular pode estar associada a sintomas10 alérgicos em outras partes do corpo, como espirros, coriza15 e coceira no nariz16. E a conjuntivite2 infecciosa pode ser acompanhada por sintomas10 como febre17, dor de garganta18 e mal-estar geral.
Veja sobre "Síndrome19 de Sjogren", "Sinais20 e sintomas10 oftálmicos que precisam de avaliação médica" e "Diagnóstico21 precoce de Retinoblastoma".

Quais são as causas da alergia1 ocular?

As alergias oculares atingem em especial pessoas que já sofrem com outras alergias, como rinite22, asma23 ou alergias de pele24, e está relacionada com a predisposição do organismo a reações alérgicas. Elas são mais frequentes em pessoas que fazem contato direto com possíveis alérgenos11, como pólen, mofo, poeira, pelos de animais e produtos químicos. A possibilidade dessas pessoas desenvolverem uma alergia1 nos olhos4 é dobrada em relação às demais.

Além disso, as alergias podem ser causadas por reações a certos tipos de cosméticos, colírios e produtos de cuidado pessoal. Algumas pessoas podem experimentar alergias oculares devido ao uso de lentes de contato ou aos produtos de limpeza delas e a alguns medicamentos, especialmente aqueles aplicados diretamente nos olhos4. Ademais, a exposição à fumaça, a vapores químicos ou a contaminantes ambientais podem desencadear sintomas10 alérgicos nos olhos4.

Qual é o substrato fisiopatológico da alergia1 ocular?

A exposição aos alérgenos11 da alergia1 ocular pode desencadear a liberação de histaminas e outras substâncias químicas no corpo, resultando nos sintomas10 da condição. A alergia1 ocular é uma condição na qual os olhos4 reagem de maneira exagerada a substâncias estranhas, desencadeando uma resposta alérgica. A resposta alérgica ocular pode ser causada por vários alérgenos11, como pólen, pelos de animais, ácaros, mofo e produtos químicos.

Na primeira exposição ao alérgeno13, o sistema imunológico25 pode reconhecê-lo como uma substância estranha e iniciar a produção de anticorpos26, especialmente imunoglobulina27 E (IgE). Na exposição subsequente ao mesmo alérgeno13, os anticorpos26 IgE ligam-se aos mastócitos28, que são células29 encontradas na pele24 e membranas mucosas30. Isso sensibiliza os mastócitos28 para responderem ao alérgeno13 específico. Quando os mastócitos28 são reativados, eles liberam mediadores químicos, como histamina31 e outras citocinas32, na corrente sanguínea. A liberação desses mediadores químicos leva à inflamação9 localizada nos tecidos oculares e a inflamação9 resulta nos sintomas10.

Quais são as características clínicas da alergia1 ocular?

alergia1 nos olhos4 pode causar o aparecimento de sintomas10 que acometem as pálpebras8 e a região ao redor dos olhos4. A conjuntiva3, a membrana mucosa33 que recobre a parte branca do olho7, e a córnea34, a camada transparente na frente do olho7, são particularmente afetadas. A inflamação9 nessas áreas pode levar à conjuntivite2 alérgica.

Os sintomas10 mais comuns incluem prurido35 (coceira), hiperemia36 (vermelhidão), lacrimejamento, fotofobia37 (sensibilidade à luz), inchaço38 das pálpebras8 e sensação de corpo estranho nos olhos4. Tais sintomas10 também costumam estar presentes em casos de conjuntivite2 infecciosa.

Como o médico diagnostica a alergia1 ocular?

Não há um exame específico para diagnosticar a alergia1 ocular. O médico deve tomar um histórico médico detalhado e realizar um exame físico do paciente, observando os sinais20 característicos da alergia1 ocular. Às vezes, testes cutâneos ou exames de sangue39 podem ser realizados para identificar os alérgenos11 específicos que podem estar causando a reação alérgica5. Esses testes podem ajudar a determinar se a alergia1 ocular é causada por pólen, ácaros, pelos de animais ou outros alérgenos11.

O médico também pode descartar outras possíveis causas dos sintomas10 oculares, como infecções40, doenças autoimunes41 ou outras condições oculares. Em casos de dúvidas, o médico pode recomendar um tratamento para a alergia1 ocular de forma empírica para ver se os sintomas10 melhoram. Se houver uma melhora significativa com o tratamento antialérgico, isso pode apoiar o diagnóstico21 de alergia1 ocular.

Como o médico trata a alergia1 ocular?

O tratamento da alergia1 ocular envolve evitar a exposição aos alérgenos11 sempre que possível e o uso de medicamentos antialérgicos, como colírios antialérgicos, para aliviar os sintomas10. Em casos mais graves, o médico pode prescrever medicamentos anti-inflamatórios ou corticosteroides para reduzir a inflamação9.

Como prevenir a alergia1 ocular?

Algumas dicas para prevenir a alergia1 ocular incluem:

  1. Evitar os alérgenos11
  2. Forrar colchão e travesseiros com capas de tecidos impermeáveis ou antialérgicos
  3. Lavar roupas guardadas há muito tempo antes de usá-las
  4. Evitar objetos que acumulem poeira, como cortinas, carpete, tapete, bicho de pelúcia, etc.
  5. Evitar o uso de vassouras ou espanador que espalhem poeira
  6. Evitar ambientes com muito pó, fumaça ou com odores fortes
  7. Evitar contato com o pelo de animais domésticos
  8. Evitar vasos com flores dentro de casa
  9. Evitar manusear objetos empoeirados
  10. Evitar coçar os olhos4, pois isso estimula mais a alergia1 ocular, podendo causar um círculo vicioso. O melhor é fechar os olhos4 por algum tempo até que a coceira se torne suportável.
Leia sobre "Fadiga42 ocular e sua relação com o uso de telas", "Olhos4 coçando", "Conjuntivite2".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da American Academy of Allergy, Asthma and Immunology.

ABCMED, 2024. Alergia ocular e as diferenças em relação à conjuntivite infecciosa. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1468577/alergia-ocular-e-as-diferencas-em-relacao-a-conjuntivite-infecciosa.htm>. Acesso em: 2 mai. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Alergia: Reação inflamatória anormal, perante substâncias (alérgenos) que habitualmente não deveriam produzi-la. Entre estas substâncias encontram-se poeiras ambientais, medicamentos, alimentos etc.
2 Conjuntivite: Inflamação da conjuntiva ocular. Pode ser produzida por alergias, infecções virais, bacterianas, etc. Produz vermelhidão ocular, aumento da secreção e ardor.
3 Conjuntiva: Membrana mucosa que reveste a superfície posterior das pálpebras e a superfície pericorneal anterior do globo ocular.
4 Olhos:
5 Reação alérgica: Sensibilidade a uma substância específica, chamada de alérgeno, com a qual se entra em contato por meio da pele, pulmões, deglutição ou injeções.
6 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
7 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
8 Pálpebras:
9 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Alérgenos: Substância capaz de provocar reação alérgica em certos indivíduos.
12 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
13 Alérgeno: Substância capaz de provocar reação alérgica em certos indivíduos.
14 Conjuntivites: Inflamações da conjuntiva ocular. Podem ser produzidas por alergias, infecções virais, bacterianas, etc. Produzem vermelhidão ocular, aumento da secreção e ardor.
15 Coriza: Inflamação da mucosa das fossas nasais; rinite, defluxo.
16 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
17 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
18 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
19 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
20 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
21 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
22 Rinite: Inflamação da mucosa nasal, produzida por uma infecção viral ou reação alérgica. Manifesta-se por secreção aquosa e obstrução das fossas nasais.
23 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
24 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
25 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
26 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
27 Imunoglobulina: Proteína do soro sanguíneo, sintetizada pelos plasmócitos provenientes dos linfócitos B como reação à entrada de uma substância estranha (antígeno) no organismo; anticorpo.
28 Mastócitos: Células granulares que são encontradas em quase todos os tecidos, muito abundantes na pele e no trato gastrointestinal. Como os BASÓFILOS, os mastócitos contêm grandes quantidades de HISTAMINA e HEPARINA. Ao contrário dos basófilos, os mastócitos permanecem normalmente nos tecidos e não circulam no sangue. Os mastócitos, provenientes das células-tronco da medula óssea, são regulados pelo FATOR DE CÉLULA-TRONCO.
29 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
30 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
31 Histamina: Em fisiologia, é uma amina formada a partir do aminoácido histidina e liberada pelas células do sistema imunológico durante reações alérgicas, causando dilatação e maior permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Ela é a substância responsável pelos sintomas de edema e irritação presentes em alergias.
32 Citocinas: Citoquina ou citocina é a designação genérica de certas substâncias segregadas por células do sistema imunitário que controlam as reações imunes do organismo.
33 Membrana Mucosa: EPITÉLIO com células secretoras de MUCOS, como as CÉLULAS CALICIFORMES. Forma o revestimento de muitas cavidades do corpo, como TRATO GASTROINTESTINAL, TRATO RESPIRATÓRIO e trato reprodutivo. Mucosa, rica em sangue e em vasos linfáticos, compreende um epitélio interno, uma camada média (lâmina própria) do TECIDO CONJUNTIVO frouxo e uma camada externa (muscularis mucosae) de células musculares lisas que separam a mucosa da submucosa.
34 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
35 Prurido: 1.    Na dermatologia, o prurido significa uma sensação incômoda na pele ou nas mucosas que leva a coçar, devido à liberação pelo organismo de substâncias químicas, como a histamina, que irritam algum nervo periférico. 2.    Comichão, coceira. 3.    No sentido figurado, prurido é um estado de hesitação ou dor na consciência; escrúpulo, preocupação, pudor. Também pode significar um forte desejo, impaciência, inquietação.
36 Hiperemia: Congestão sanguínea em qualquer órgão ou parte do corpo.
37 Fotofobia: Dor ocular ou cefaléia produzida perante estímulos visuais. É um sintoma freqüente na meningite, hemorragia subaracnóidea, enxaqueca, etc.
38 Inchaço: Inchação, edema.
39 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
40 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
41 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
42 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.