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Ondas de calor da menopausa ou Fogachos

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O que é a menopausa1?

Menopausa1 é o nome dado à última menstruação2, um episódio que ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos. Isso significa que a partir daí a mulher esgotou o seu estoque de óvulos e, com isso, sua capacidade de se reproduzir. Ao contrário dos homens, que produzem as células3 sexuais (espermatozoides4) por toda a vida, as mulheres já nascem com uma quantidade determinada de óvulos e liberam um óvulo5 a cada mês, por mais de 30 anos, desde a puberdade até sobrevir a menopausa1.

Segue-se um período de transição entre uma fase reprodutiva e outra não reprodutiva, chamada climatério6, que inclui a menopausa1 e que dura cerca de sete anos, durante o qual a mulher experimenta diversas alterações físicas e psicológicas.

Quais são as causas das ondas de calor da menopausa1?

As ondas de calor da menopausa1 são causadas pela queda repentina do estrogênio, hormônio7 responsável, entre outras coisas, pela regulação da temperatura corporal. A temperatura do corpo é controlada por um processo denominado vasodilatação/vasoconstrição8, que mantém os vasos sanguíneos9 contraídos ou relaxados, determinando o fluxo do sangue10, e depende, em parte, do hormônio7 estrogênio.

Leia sobre "Queda da libido11", "Mau humor ao acordar" e "Insônia".

Qual é o substrato fisiopatológico das ondas de calor da menopausa1?

As ondas de calor da menopausa1 surgem por uma desregulação no mecanismo de controle térmico do corpo, aparentemente causada por diminuições dos níveis circulantes de alguns hormônios. Durante a menopausa1, os níveis de estrogênio e progesterona começam a diminuir de forma mais acentuada e o corpo reage a isso de diversas formas, uma delas com o aumento e diminuição da sensação térmica, que ocorre por conta de uma confusão no cérebro12 que acaba reagindo de forma inadequada quando tenta controlar a temperatura corporal.

Quais são as características clínicas das ondas de calor da menopausa1?

As alterações hormonais da menopausa1 ocasionam vários sintomas13 acompanhantes das ondas de calor, tais como:

  1. Aumento de irritabilidade, ansiedade, fadiga14 e mau humor, que são sintomas13 que podem indicar que a menopausa1 está próxima e continuarem em seguida a ela. Essas alterações podem ocorrer por causa das variações hormonais próprias desse período e aumentar o risco de desenvolver depressão.
  2. Com a diminuição da produção de hormônios ovarianos, a mulher pode ter secura vaginal e perda de elasticidade15 do órgão com queda do desejo sexual, o que pode causar desconforto e sangramento leve durante a relação sexual.
  3. Após a menopausa1, o metabolismo16 fica mais lento e a queima de calorias17 fica menor, com perda de tônus muscular18, especialmente se a mulher não pratica exercícios regularmente. Em geral, isso gera ganho de peso.
  4. Durante a menopausa1 também é comum que algumas mulheres comecem a ter problemas com o sono, como acordar durante a noite e ter dificuldade para voltar a dormir ou mesmo insônia. Além disso, o sono da mulher na menopausa1 pode ser menos reparador, fazendo com que se sinta mais cansada ou irritada durante o dia.
  5. Podem acontecer suores noturnos tão intensos, devidos às ondas de calor, que podem interromper o sono. Esse sintoma19 pode variar muito de mulher para mulher, sendo que algumas podem apresentar o suor noturno antes mesmo de entrar na menopausa1 e ele pode continuar depois.
  6. À medida que os tecidos da vagina20 e da uretra21 perdem elasticidade15, é comum que algumas mulheres sintam vontade frequente e repentina de urinar, seguidas por uma perda involuntária22 de urina23. A incontinência urinária24 pode ocorrer na menopausa1, pois a redução de estrógeno25 também afeta o revestimento da uretra21, que é o canal por onde a urina23 é eliminada, tornando-a mais fina, menos flexível e menos elástica, o que pode ocasionar perda persistente de urina23.
  7. As irregularidades menstruais numa mulher antes muito regular podem indicar que ela esteja se aproximando da menopausa1 ou entrando nela. As menstruações podem passar a acontecer com menos ou com mais frequência, serem mais ou menos abundantes que o normal ou durar menos ou mais dias do que habitualmente.
  8. A diminuição da produção de estrógeno25 na menopausa1 torna a memória mais fraca, dificultando o aprendizado e a recordação de palavras, de nomes ou lugares, por exemplo.
  9. As alterações da pele26 são outro sintoma19 que pode indicar que a mulher está entrando na menopausa1. A pele26 fica mais seca, mais fina, mais flácida e/ou sem brilho. Isto devido à baixa produção do estrógeno25, já que esse hormônio7 é essencial para produção de colágeno27, que deixa a pele26 mais úmida, hidratada e firme.

De todos esses sintomas13, um dos que representa o motivo das queixas mais frequentes em consultório, devido ao incômodo que causa, são as famosas ondas de calor (fogachos). Em geral, as ondas de calor aparecem de repente e duram 4 minutos, em média, provocando um calor muito incomodativo na região da cabeça28, pescoço29 e peito30, sentido mesmo se o ambiente ou o clima estiverem frios. Elas são causadas pela dilatação abrupta dos vasos sanguíneos9 e logo em seguida a mulher pode suar intensamente.

Quando a menopausa1 está próxima de acontecer, esses calores se tornam mais frequentes, principalmente à noite. É comum durante uma onda de calor que a mulher sinta também o coração31 bater mais forte, enjoos, dor de cabeça28 e tontura32.

Embora seja uma fase de mudanças pouco confortáveis, essas ondas de calor e os demais sintomas13 que as acompanham não são uma doença nem devem ser considerados como tal. São apenas uma etapa fisiológica33 do envelhecimento feminino. Bons hábitos de vida e o acompanhamento médico ajudam a aliviar os sintomas13.

Como o médico trata as ondas de calor da menopausa1?

Com o tempo, as ondas de calor tendem a cessar por si mesmas. Contudo, alguns tratamentos para a menopausa1 como um todo ajudam a controlar também as ondas de calor. Tanto as terapias de reposição hormonal, que ajudam a controlar os níveis de estrogênio e fazer com que essa transição corporal não seja tão turbulenta, quanto os tratamentos naturais para elas podem gerar bons resultados.

Porém, é preciso ter consciência que, assim como cada corpo reage de uma maneira diferente à menopausa1, cada um também terá diferentes reações aos tratamentos. Por esse motivo, toda mulher deve saber que o tratamento é individualizado e deve ser acompanhado de perto por um médico especialista no assunto. Além disso, o suporte psicossocial é muito importante para a mulher nessa fase da vida.

Como prevenir as ondas de calor da menopausa1?

Não há como prevenir de maneira absoluta as ondas de calor. No entanto, pode-se minorá-las com algumas providências. Evitar certos agentes causadores como alimentos picantes, cafeína e álcool pode ser de grande ajuda. Vestir-se com roupas leves e perder peso também pode ajudar.

Veja também sobre "Motivos da menstruação2 atrasada", "Perda involuntária22 de urina23 em mulheres", "Cistocele34 ou bexiga35 caída" e "Urodinâmica".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital Israelita Albert Einstein e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

ABCMED, 2022. Ondas de calor da menopausa ou Fogachos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/1419405/ondas-de-calor-da-menopausa-ou-fogachos.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
2 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Espermatozóides: Células reprodutivas masculinas.
5 Óvulo: Célula germinativa feminina (haplóide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO.
6 Climatério: Conjunto de mudanças adaptativas que são produzidas na mulher como conseqüência do declínio da função ovariana na menopausa. Consiste em aumento de peso, “calores” freqüentes, alterações da distribuição dos pêlos corporais, dispareunia.
7 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
8 Vasoconstrição: Diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos.
9 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
10 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
11 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
12 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
13 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
14 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
15 Elasticidade: 1. Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração, e retornar parcial ou totalmente à forma original. 2. Flexibilidade, agilidade física. 3. Ausência de senso moral.
16 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
17 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
18 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
19 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
21 Uretra: É um órgão túbulo-muscular que serve para eliminação da urina.
22 Involuntária: 1.    Que se realiza sem intervenção da vontade ou que foge ao controle desta, automática, inconsciente, espontânea. 2.    Que se encontra em uma dada situação sem o desejar, forçada, obrigada.
23 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
24 Incontinência urinária: Perda do controle da bexiga que provoca a passagem involuntária de urina através da uretra. Existem diversas causas e tipos de incontinência e muitas opções terapêuticas. Estas vão desde simples exercícios de fisioterapia até complicadas cirurgias. As mulheres são mais freqüentemente acometidas por este problema.
25 Estrógeno: Grupo hormonal produzido principalmente pelos ovários e responsáveis por numerosas ações no organismo feminino (indução da primeira fase do ciclo menstrual, desenvolvimento dos ductos mamários, distribuição corporal do tecido adiposo em um padrão feminino, etc.).
26 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
27 Colágeno: Principal proteína fibrilar, de função estrutural, presente no tecido conjuntivo de animais.
28 Cabeça:
29 Pescoço:
30 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
31 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
32 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
33 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
34 Cistocele: Hérnia da bexiga.
35 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
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