Ducto arterial persistente: da fisiologia fetal à correção definitiva
O que é ducto arterial persistente?
O ducto arterial persistente (DAP) é uma cardiopatia congênita1 caracterizada pela manutenção de uma comunicação vascular2 entre a aorta3 e a artéria pulmonar4, denominada ducto arterial, que normalmente deveria se fechar logo após o nascimento.
Durante a vida fetal, essa estrutura é essencial para desviar o sangue5 dos pulmões6 não funcionantes, permitindo que o sangue5 oxigenado proveniente da placenta circule pelo corpo do feto7. Após o nascimento, com o início da respiração e o aumento da oxigenação, o ducto arterial costuma se fechar espontaneamente em horas ou dias. Quando isso não ocorre, o fluxo sanguíneo anormal entre a aorta3 e a artéria pulmonar4 caracteriza o ducto arterial persistente. A condição permite que o sangue5 flua da aorta3 (pressão mais alta) para a artéria pulmonar4 (pressão mais baixa), resultando em hiperfluxo pulmonar.
O DAP representa cerca de 5 a 10% das cardiopatias congênitas8, sendo uma das mais frequentes. O impacto clínico varia conforme o diâmetro do ducto e o volume de sangue5 desviado, podendo o DAP ser assintomático em ductos pequenos ou causar sintomas9 graves em ductos maiores.
Quais são as causas do ducto arterial persistente?
As causas exatas do DAP não são completamente compreendidas, mas fatores genéticos e ambientais têm papel importante. Prematuridade é o principal fator de risco10, pois o mecanismo de fechamento do ducto, dependente de alterações na oxigenação e de mediadores hormonais, como a queda das prostaglandinas11 E2, pode estar imaturo.
Infecções12 maternas como rubéola13, exposição a medicamentos teratogênicos14, síndromes genéticas (por exemplo, síndrome de Down15), hipóxia16 fetal crônica e infecções12 intrauterinas também estão associadas. Em muitos casos, contudo, o DAP é idiopático17 e multifatorial.
Qual é o substrato fisiopatológico do ducto arterial persistente?
O DAP causa um shunt18 esquerda-direita, em que o sangue5 oxigenado da aorta3 flui para a artéria pulmonar4 devido à diferença de pressão entre elas. Esse desvio aumenta o volume e a pressão nas artérias19 pulmonares, sobrecarregando o átrio e o ventrículo esquerdos, que precisam bombear um volume maior de sangue5.
Quando o ducto é amplo, ocorre hipertensão20 pulmonar, insuficiência cardíaca congestiva21 e dilatação das câmaras cardíacas esquerdas. Com o tempo, a elevação crônica da pressão pulmonar pode inverter o fluxo (shunt18 direita-esquerda), levando à cianose22 e caracterizando a síndrome23 de Eisenmenger.
Leia sobre "Hipertrofia24 ventricular esquerda", "Parada cardíaca" e "Desfibrilador".
Quais são as características clínicas do ducto arterial persistente?
As manifestações clínicas dependem do tamanho do ducto e do volume de sangue5 desviado. Em recém-nascidos prematuros, o DAP pode causar taquipneia25, taquicardia26, dificuldade alimentar e baixo ganho ponderal27.
Em crianças a termo com ducto pequeno, o DAP pode ser assintomático, sendo detectado apenas por um sopro contínuo em “máquina”, audível principalmente na região infraclavicular esquerda. Ductos maiores podem causar fadiga28 aos esforços, infecções12 respiratórias de repetição, retardo no crescimento e, em casos graves, insuficiência cardíaca29 com congestão pulmonar e hepática30.
Em adultos não tratados, complicações como hipertensão20 pulmonar, cianose22 diferencial e arritmias31 podem ocorrer.
Como o médico diagnostica o ducto arterial persistente?
O diagnóstico32 é baseado na suspeita clínica e confirmado por exames de imagem. O ecocardiograma33 com Doppler é o método de escolha, permitindo visualizar o ducto, medir seu calibre, avaliar o sentido do fluxo e o impacto hemodinâmico.
Radiografia de tórax34 pode revelar cardiomegalia35 e hiperfluxo pulmonar. Eletrocardiograma36 pode mostrar sinais37 de sobrecarga de câmaras esquerdas. Em casos complexos, ressonância magnética38 ou tomografia cardíaca auxiliam na avaliação anatômica detalhada.
Em prematuros internados em UTI neonatal, a triagem ecocardiográfica precoce é essencial diante de sinais37 clínicos de instabilidade hemodinâmica39.
Como o médico trata o ducto arterial persistente?
O tratamento depende da idade, do tamanho do ducto e da repercussão clínica.
Em recém-nascidos prematuros, o fechamento farmacológico é a primeira opção, com inibidores da síntese de prostaglandinas11 como indometacina, ibuprofeno ou paracetamol, que promovem constrição40 do ducto. Em ductos pequenos e assintomáticos, pode-se adotar conduta expectante, pois há chance de fechamento espontâneo.
Nos ductos sintomáticos ou persistentes, indica-se o fechamento intervencionista41 por cateterismo42, com implante43 de dispositivo oclusor (espirais ou plugs). Cirurgia de ligadura é reservada a casos em que o cateterismo42 não é viável, especialmente em prematuros muito pequenos ou em ductos de grande calibre.
A decisão deve ser individualizada, considerando riscos e benefícios.
Como evolui o ducto arterial persistente?
A evolução depende do calibre do ducto e do momento do tratamento. Ductos pequenos podem fechar espontaneamente ou permanecer hemodinamicamente insignificantes. Ductos maiores, se não tratados, podem causar hipertensão20 pulmonar irreversível, insuficiência cardíaca29 e endocardite44 infecciosa.
Após o fechamento, seja farmacológico, percutâneo ou cirúrgico, o prognóstico45 costuma ser excelente, com normalização da função cardíaca. Pacientes tratados tardiamente, contudo, podem manter sequelas46 de hipertensão20 pulmonar.
Quais são as complicações possíveis do ducto arterial persistente?
Sem tratamento, o DAP pode evoluir com insuficiência cardíaca congestiva21, hipertensão20 pulmonar grave, síndrome23 de Eisenmenger e endocardite44 infecciosa. Arritmias31 atriais e dilatação do ventrículo esquerdo são achados frequentes em casos crônicos.
Raramente, pode ocorrer formação de aneurisma47 do ducto. O tratamento precoce é fundamental para prevenir tais complicações e assegurar boa qualidade de vida.
Veja também sobre "Tetralogia de Fallot", "Sopro cardíaco48" e "Hipertensão20 pulmonar".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, da U.S. National Library of Medicine, do Hospital Infantil Sabará e do Cincinnati Childrens Hospital.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.














