Como é a anemia fetal? Ela pode ser diagnosticada dentro do útero?
O que é anemia1 fetal?
A anemia1 fetal é reconhecida há muitos anos como uma complicação perigosa da gravidez2 e uma importante causa de adoecimento do feto3. Corresponde a um nível de hemácias4 na circulação5 fetal abaixo do normal esperado (hematócrito<30%), diminuindo assim o nível de hemoglobina6 e de oxigênio transportado para os órgãos periféricos.
Embora seja uma ocorrência relativamente rara, a anemia1 fetal é uma condição sempre grave, que pode levar ao óbito7 do bebê ainda na barriga da mãe ou logo após o parto. No entanto, embora seja grave, é uma condição que já pode ser tratada antes do nascimento, reduzindo os impactos sobre a formação do feto3.
Quais são as causas da anemia1 fetal?
Pode haver uma anemia1 fetal fisiológica8, que se recupera por si mesma ao longo do tempo. Dentre as patologias imunes, a mais comum é a doença hemolítica materno-fetal ou eritroblastose fetal, seguida por causas não imunes, tais como infecção9 por vírus10 (parvovírus B19) e, mais raramente, hemoglobinopatias11, hemorragia12 feto3 materna e complicações da gemelaridade mono coriônica (dois gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta), entre outras.
A anemia1 fetal pode ser também provocada por diversas doenças, como:
- destruição das hemácias4 fetais causada por anticorpos13 maternos anti-Rh;
- destruição de elementos figurados do sangue14, provocada por tumores fetoplacentários;
- diminuição da produção de hemácias4 pelo baço15, fígado16 e medula óssea17;
- perda sanguínea;
- produção de hemácias4 anômalas, como nas alfa talassemias;
- e outras doenças genéticas.
Veja sobre "Pré-natal", "Teste de Coombs" e "Exsanguineotransfusão18 do recém-nascido".
Qual é o substrato fisiopatológico da anemia1 fetal?
A queda abaixo do normal das hemácias4 no sangue14 do feto3 (anemia1 fetal) pode ocorrer:
- por hemólise19 dos glóbulos vermelhos do feto;20
- se o feto3 não estiver produzindo glóbulos vermelhos em quantidade suficiente para substituir os que estão sendo destruídos;
- pela produção inadequada (defeituosa) deles;
- por infecções21 congênitas22, como toxoplasmose23, citomegalovírus24, etc.
Quais são as características clínicas da anemia1 fetal?
Os sinais25 e sintomas26 da anemia1 fetal são semelhantes, independentemente da sua causa, mas variam com a gravidade e a intensidade da anemia1. Ao nascer, os bebês27 geralmente são pálidos e se a anemia1 for grave apresentam taquipneia28, taquicardia29 e, às vezes, sopro. Surge também hipotensão30 com a perda aguda de sangue14, caso tenha sido essa a causa. Se houve hemólise19, a icterícia31 pode ser um acompanhante do quadro clínico.
As consequências para o feto3 podem ser hidropsia32 fetal, insuficiência cardíaca33, óbito7 intraútero ou neonatal, parto prematuro, dentre outras. Quando há redução na concentração da hemoglobina6 fetal, a viscosidade34 sanguínea é diminuída e a velocidade circulatória aumentada.
Como o médico diagnostica a anemia1 fetal?
A anemia1 fetal pode ser detectada durante a gravidez2 por meio de testes pré-natais. Alguns deles podem fazer parte da rotina de exames pré-natais, enquanto outros são realizados especificamente para verificar a anemia1 fetal.
A ultrassonografia35 pré-natal é incapaz de detectar a anemia1, mas pode registrar sinais25 indiretos dela, como hidropisia, líquido no coração36 ou pulmão37 (derrame38 pericárdico e pleural), ascite39, edema40 na pele41 (edema40 de subcutâneo42), aumento da espessura placentária, aumento do fígado16, do baço15 e da área cardíaca, além do aumento do volume de líquido amniótico43.
Já em associação com o Doppler, a ultrassonografia35 se torna o método de escolha para identificação precoce da anemia1 fetal. O Doppler capta a maior velocidade do fluxo de sangue14 na artéria cerebral média44, devido à redução da viscosidade34 do sangue14 nos fetos anêmicos. Essa medida deve ser realizada a cada 1 ou 2 semanas a partir da 16ª semana de gestação.
Os exames de sangue14 da mãe são capazes de detectar os anticorpos13 específicos capazes de causar anemia1 no bebê. A amniocentese45 pode testar o líquido amniótico43 e determinar como os glóbulos vermelhos estão se decompondo no sistema circulatório46. Uma coleta de sangue fetal47 na veia umbilical pode medir a anemia1.
Como o médico trata a anemia1 fetal?
Durante mais de 20 anos, a transfusão48 intraperitoneal tem sido o tratamento de escolha para a anemia1 fetal. Quando a anemia1 ocorre precocemente na gestação, a transfusão48 fetal intrauterina pode ser a única maneira de salvar a vida do feto3. O local ótimo de punção da veia umbilical é próximo da sua inserção na placenta. Tem sido usada também a veia umbilical em sua porção intra-hepática49.
A quantidade de sangue14 a ser transfundido depende do hematócrito50 inicial, do peso estimado fetal e do hematócrito50 do doador. Trabalhos recentes contraindicam a punção em alça de cordão pelo aumento de complicações.
Quando a última transfusão48 tiver sido realizada com 35 semanas de gestação e o parto antecipado para 37-38 semanas, fica praticamente eliminada a necessidade de exsanguinotransfusão neonatal.
Taxas de nascidos vivos de até 95% tem sido relatadas nos últimos anos. Sempre que detectada a causa subjacente da anemia1 fetal, ela deve ser tratada e, se possível, corrigida ainda no útero51.
Quais são as complicações possíveis com a anemia1 fetal?
A anemia1 fetal pode levar a várias complicações, incluindo comprometimento do crescimento fetal, hidropsia32, insuficiência cardíaca33, icterícia31, privação de oxigênio, que pode afetar o cérebro52 e outros órgãos e, em casos graves, até mesmo levar à morte fetal.
A anemia1 fetal pode aumentar o risco de complicações durante o parto devido à fragilidade dos glóbulos vermelhos e à possibilidade de insuficiência cardíaca33 fetal.
Leia também sobre "Talassemia53", "Anemia hemolítica54" e "Reticulocitopenia e suas características".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e da University of California San Francisco.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.