Talassemia: como ela é?
O que é talassemia1?
A talassemia1 (ou anemia2 do Mediterrâneo, do grego thalassa=mar; haemas=sangue3) é uma doença hereditária autossômica4 recessiva do sangue3 causada por uma mutação5 dos genes que comandam a síntese da globina, acarretando uma diminuição dessa proteína e a formação anômala e deficiente de hemácias6 e da hemoglobina7 dentro delas. Afeta o funcionamento da medula óssea8, o tecido9 que fabrica as células sanguíneas10, que passa a produzir menos hemácias6, com menor taxa de hemoglobina7. Isso leva à anemia2 leve ou severa. A hemoglobina7 das hemácias6 (células11 vermelhas do sangue3) é a substância química que carrega o oxigênio para os tecidos e a diminuição delas causa anemia2. Ao contrário da anemia falciforme12 (enfermidade parecida com a talassemia1), que é um problema qualitativo da síntese e do funcionamento da hemoglobina7, a talassemia1 é um problema quantitativo das globinas, que são sintetizadas em pequena quantidade.
Existem duas formas diferentes de talassemia1: a alfa (α talassemia1) e a beta (β talassemia1), conforme a cadeia de formação da hemoglobina7 que esteja afetada. Ela pode assumir diversos graus: talassemia1 menor, geralmente assintomática e que pode passar totalmente despercebida; talassemia1 intermediária, em que a deficiência da síntese de hemoglobina7 é moderada e as consequências menos graves; talassemia1 maior, uma forma grave da doença que provoca alterações orgânicas profundas.
Quais são as causas da talassemia1?
A talassemia1 é hereditária e transmitida por genes, de uma geração para outra, não sendo transmitida por qualquer contato físico entre as pessoas. Geralmente resulta na produção deficiente de globina, proteína envolvida na produção da hemoglobina7, que então se torna também mais escassa. A talassemia1 pertence a um grupo de doenças do sangue3 caracterizadas por defeitos genéticos que prejudicam a produção das moléculas de hemoglobina7. A talassemia1 e as hemoglobinopatias13 podem assemelhar-se ou mesmo se sobreporem, desde que algumas doenças que causam alterações na hemoglobina7 (hemoglobinopatias13) podem também afetar a sua produção (talassemia1).
Quais são os sintomas14 da talassemia1?
O sintoma15 típico de apresentação da talassemia1 é a anemia2 e tanto ela como os demais sintomas14 que a acompanham dependem da intensidade da doença. O talassêmico menor pode inclusive ser assintomático. Os mais severos podem aparentar normalidade ao nascer, mas já no primeiro ano de vida apresentam uma anemia2 muito acentuada e, na sequência, os sintomas14 se agravam. Geralmente os sintomas14 são: cansaço, fraqueza, palidez, icterícia16, atraso no crescimento, abdome17 desenvolvido, crescimento do baço18 e alterações ósseas. Além disso, a hemólise19 gera icterícia16, hepatomegalia20 (crescimento do fígado21) e esplenomegalia22 (crescimento do baço18). A hiperplasia23 da medula óssea8 leva à osteoporose24 e a deformidades ósseas da face25; a sobrecarga de ferro motiva insuficiências endócrinas várias, fibrose26 hepática27 e insuficiência cardíaca28. Os pacientes com talassemia1 não crescem até o tamanho que teriam se fossem sadios, mas geralmente têm um antebraço29 aumentado de tamanho.
Como o médico diagnostica a talassemia1?
O diagnóstico30 da talassemia1 depende de uma minuciosa história clínica e de se obter informação sobre a origem étnica do paciente, pois a enfermidade provém dos países banhados pelo Mediterrâneo (portugueses, espanhois, italianos, gregos, egípcios, libaneses), embora hoje em dia, graças às emigrações muito mais frequentes, a doença tenha se espalhado pelo mundo todo. A forma menor de talassemia1 muitas vezes só é diagnosticada tardiamente, no curso da investigação de uma anemia2 ligeira. A forma maior geralmente é diagnosticada nos primeiros anos da infância, porque gera uma anemia2 muito intensa, com uma baixa acentuada de hemácias6 (menos de 2 milhões por mm³) e de hemoglobina7 em cada hemácia. A cromatografia e a eletroforese quantitativa e qualitativa da hemoglobina7 permitem separar e dosar os diversos tipos de hemoglobina7, bem como outros exames de laboratório e assim são importantes para determinar o tipo da doença.
Como o médico trata a talassemia1?
Ainda não existe cura para a talassemia1, apenas tratamentos que controlam a doença. Quanto mais cedo for diagnosticada e quanto antes seja iniciado o tratamento, melhores serão as chances de a criança chegar à vida adulta. A talassemia1 menor não necessita tratamento específico, mas a suplementação31 com acido fólico (que em geral se dá na gravidez32) pode trazer benefícios para os portadores da doença. A forma intermediária pode requerer transfusões de sangue3 em alguns momentos especiais (por exemplo, durante ou após infecções33 graves) com a finalidade de aumentar a oferta de glóbulos vermelhos. Já o portador de talassemia1 maior requer transfusões regulares de sangue3, o que acumula um excesso de ferro no organismo, exigindo medicamentos quelantes do ferro (deferoxamina - Desferal) para corrigir esse acúmulo. Para os casos mais graves, o transplante de medula óssea8 pode ser uma solução terapêutica34 necessária, bem como a retirada cirúrgica do baço18.
Como prevenir a talassemia1?
A única forma de estimar-se o risco de gerar um filho com a doença é o aconselhamento genético.
Como evolui a talassemia1?
Há alguns anos atrás, os pacientes com formas graves de talassemia1 morriam ainda na infância. Atualmente, com as evoluções terapêuticas é possível levá-los até a vida adulta.
Bebês35 que nascem com formas graves de talassemia1 geralmente morrem antes do parto ou logo depois.
Crianças com formas graves e não tratadas de talassemia1 não sobrevivem até depois da primeira infância.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.