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Terapia do sonho acordado dirigido

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O que é sonho acordado dirigido?

O termo “sonho acordado dirigido” refere-se a um estado mental em que uma pessoa está conscientemente imaginando ou fantasiando enquanto permanece acordada. É como criar uma narrativa ou cenário em sua mente, muitas vezes visualizando detalhes vívidos e se envolvendo emocionalmente na história que está sendo construída mentalmente. Esse processo pode ser comparado a um estado de devaneio ou fantasia, em que a pessoa deixa sua mente vagar livremente e constrói histórias, situações ou cenários imaginários.

O termo “dirigido” é usado para indicar que a pessoa está conscientemente controlando o conteúdo do sonho acordado, direcionando-o na direção que deseja ou que é sugerida de fora por outra pessoa.

O sonho acordado dirigido pode ser uma forma de escapismo, criatividade ou até mesmo uma técnica terapêutica1 útil em certos contextos, como ao tentar resolver problemas ou gerar ideias inovadoras. Algumas pessoas também usam o sonho acordado dirigido como uma técnica de relaxamento ou como uma forma de entretenimento pessoal, podendo criar histórias emocionantes ou cenários interessantes em suas mentes.

O sonho acordado dirigido como técnica terapêutica1

A utilização dos sonhos acordados dirigidos como técnica terapêutica1 foi proposto pela primeira vez por Robert Desoille em 1925. Nessa utilização, ele deve ser realizado num ambiente inteiramente privado de estímulos luminosos e sonoros, em estado de completo relaxamento e iniciado por meio de imagens sugeridas pelo terapeuta. Ele faz parte do movimento do pensamento que utiliza o imaginário como via de acesso à vida subjetiva da pessoa.

Para realizá-lo, o indivíduo tem que ter características adequadas para poder fazer esta fantasia guiada, ter um papel ativo na sua terapia e ter confiança no terapeuta. A ansiedade deve estar em níveis bastante baixos para não criar defesas ao que deve ser fantasiado.

Como preparação, o paciente deve ser informado sobre como a sessão de sonhos dirigidos vai se processar e que essa técnica vai possibilitar a ele novos insights e uma compreensão diferente da realidade. O paciente deve ser advertido de que é ele quem terá de lidar com as emoções eventualmente suscitadas e que será ele quem deve controlar as fantasias que produzir. Na conversa prévia, deve ser explicado que, na experiência que se vai seguir, é ele próprio o verdadeiro elemento ativo. Se sentirá livre no imaginário para tomar iniciativas, assim como para aceitar ou recusar os estímulos que lhe são sugeridos.

Quando o paciente estiver relaxado e num estado de atenção passiva, o terapeuta desencadeia a atividade imaginária do indivíduo, sugerindo-lhe uma imagem genérica (por exemplo, “você está no interior de uma floresta”), pedindo uma descrição exata da imagem, do lugar onde se encontra. Em seguida, deixa-se que ele produza eventos imaginários a partir daí. O terapeuta deve intervir o mínimo possível, sugerindo novas imagens, se for o caso, e deixar que o paciente fantasie como quiser. Após alguns 30 a 45 minutos, o terapeuta pede ao indivíduo que percorra em sentido inverso todas as etapas, para facilitar seu regresso ao estado normal de consciência. O terapeuta deve terminar a fantasia (o sonho acordado dirigido) num momento que seja favorável ao sujeito.

Nas etapas “face a face”, o material do sonho é trabalhado e explorado. Em geral, cada sessão tem a duração de 90 minutos e é realizada uma vez por semana. A maior parte do tempo de cada sessão deve ser dedicada a explorar as razões do sonho e o seu conteúdo. Essa terapia pode permitir decifrar os mecanismos inconscientes, ultrapassar conflitos, reestruturar a personalidade, estimular a criatividade e restabelecer o diálogo entre consciente e inconsciente.

Veja sobre "Pavor noturno", "Insônia", "Sonambulismo", "Distúrbios do sono" e "Hipersonia".

Para quem a terapia do sonho acordado dirigido é indicada?

A Terapia do Sonho Acordado Dirigido é frequentemente indicada em situações em que um indivíduo está lidando com problemas emocionais, como:

  1. Traumas, em que ela ajuda a processar eventos traumáticos passados e reduzir os sintomas2 do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
  2. Medos e fobias3, em que ajuda a enfrentar fobias3 e medos específicos, num ambiente seguro.
  3. Ansiedade e estresse, permitindo que o indivíduo explore as causas subjacentes desses sentimentos e desenvolva maneiras de lidar com eles.
  4. Ajuda do crescimento pessoal, por meio de maior autoconhecimento.
  5. Estimulação da criatividade e facilitação da resolução de problemas.
  6. Melhora da qualidade do sono, ao auxiliar o indivíduo a lidar com preocupações e pensamentos intrusivos que podem atrapalhar o sono.
  7. Tratamento auxiliar da depressão, embora a eficácia dessa técnica no tratamento da depressão seja menos comprovada do que em outros transtornos.

A terapia do sonho acordado dirigido é apenas uma abordagem terapêutica1 entre muitas disponíveis. A decisão de usar essa técnica deve ser feita em consulta com um profissional de saúde4 mental qualificado, como psicólogo, psiquiatra ou terapeuta, que poderá avaliar a situação individual do paciente e determinar se essa abordagem é apropriada e útil para suas necessidades.

De qualquer maneira, é claramente estabelecido que a técnica não deve ser aplicada a pacientes psicóticos, nos quais a tendência à fantasia patológica já é muito acentuada. Além disso, esses pacientes dificilmente são capazes de observar a disciplina necessária à realização dessa técnica.

Leia também "Os sonhos e suas interpretações", "Pesadelos - por que eles ocorrem?" e "Ciclos do sono".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e do NIH - National Institutes of Health

ABCMED, 2023. Terapia do sonho acordado dirigido. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1460455/terapia-do-sonho-acordado-dirigido.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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