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Pensamentos intrusivos

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O que são pensamentos intrusivos?

Normalmente, uma pessoa dirige seus pensamentos, imagens ou ideias em conformidade com sua vontade. Pensamentos intrusivos são aqueles que, ocasionalmente, parecem ficar ancorados na mente, de modo indesejado. Em geral, os temas desses pensamentos são de natureza agressiva, sexual ou blasfema. Eles podem ocorrer com grande frequência e persistência, o que pode agravar as preocupações das pessoas e gerar uma grande angústia.

Para muitas pessoas, os pensamentos intrusivos não são mais que um “aborrecimento passageiro” que elas conseguem ignorar, com maior ou menor facilidade, retirando-os da mente. Uma pesquisa com estudantes universitários americanos sadios mostrou que praticamente todos tinham esses pensamentos de vez em quando e que eles versavam habitualmente sobre violência sexual, atos sexuais “não naturais”, imagens blasfemas ou obscenas, pensamentos de prejudicar alguém próximo a eles, violência contra animais, falas impulsivas, etc. Tais pensamentos parecem ser universais e, de uma forma ou de outra, acometer todas as pessoas em algum momento da vida.

Os pensamentos intrusivos se diferenciam dos pensamentos obsessivos porque nestes os pacientes são menos capazes de afastar os pensamentos e eles assumem um caráter compulsivo, com forte pressão no sentido de passar ao ato. Além disso, nos quadros obsessivos os pensamentos se tornam paralisantes, severos, permanentes, inamovíveis e são provocadores de ainda maior ansiedade. As tentativas que as pessoas fazem de afastá-los os tornam ainda mais intensos e o fato de eventualmente passarem dos pensamentos aos atos não fazem cessar o aspecto compulsivo deles e novas e infindáveis repetições têm de ser executadas.

Como os pensamentos intrusivos em geral abordam temas censuráveis, é comum que as pessoas sintam vergonha deles e não os relatem ao médico ou a outras pessoas. Contudo, as pessoas que não sentem vergonha de seus pensamentos intrusivos e não os consideram desagradáveis não têm dificuldades de relatá-los.

Leia sobre "Transtorno de ansiedade generalizada", "Neurose1 de angústia", "Estresse", "Esquizofrenia2" e "Paranoia". 

Quais são as causas de pensamentos intrusivos?

Os pensamentos intrusivos simples parecem ser uma característica universal de muitas pessoas ou de todas elas e aparecem sem uma causa aparente. Uma forma grave de pensamentos intrusivos é aquela dos transtornos obsessivo compulsivos (TOC), mas eles também podem ocorrer em associação com outras condições, como transtorno de estresse pós-traumático, depressão clínica, depressão pós-parto e ansiedade, ou sem alguma condição mental definida. Uma dessas condições quase sempre está presente em pessoas cujos pensamentos intrusivos atingem um nível clínico significativo. Nas depressões pós-parto nitidamente patológicas ou “normais” é comum que as mães tenham pensamentos intrusivos de prejudicar o bebê e/ou de tragédias afetando-os.

Qual é o substrato fisiológico3 de pensamentos intrusivos?

Os pensamentos intrusivos não indicam nem revelam o caráter de uma pessoa. Os temas nestes pensamentos não têm um significado compreensível e são aparentemente injustificados. Eles parecem vir do nada, mas podem causar muita ansiedade. Podem ocorrer com qualquer indivíduo, de qualquer idade e geralmente são considerados pensamentos impróprios.

Muitas pessoas ficam envergonhadas e preocupadas, mantendo-os em segredo. Elas lutam contra tais pensamentos, mas, na verdade, o esforço que fazem para combatê-los estimula ainda mais a persistência e o retorno deles. Quanto mais elas tentam suprimir, distrair ou substituir os pensamentos, mais insistentes eles se tornam.

Na realidade, esses pensamentos não são um impulso e raramente (ou nunca) passam ao ato. No entanto, as pessoas que sofrem esse tipo de pensamento experimentam uma grande ansiedade e ficam desesperadas por garantias de que eles não acontecerão.

Quais são as características clínicas de pensamentos intrusivos?

Os pensamentos intrusivos têm características típicas quando estão associados a quadros mórbidos. Eles devem ser diferenciados de pensamentos inúteis, cujos conteúdos são irrelevantes e sem importância. Todo mundo, ocasionalmente, tem pensamentos estranhos, bizarros ou violentos, inúteis e sem sentido. Se a pessoa não prestar especial atenção a eles e não se envolver com eles, eles se dissipam, levados de volta pelo fluxo de consciência.

As ideias que ocorrem na esquizofrenia2 são crenças falsas ou delirantes, acreditadas como verdadeiras e, por isso, não têm exatamente a caracterização de pensamentos intrusivos e são essencialmente diferentes dos que ocorrem no TOC ou na depressão. A principal diferença entre os pensamentos intrusivos do TOC e do transtorno de estresse pós-traumático é que os pensamentos de quem sofre deste último tipo de transtorno são de conteúdo relacionado a eventos traumáticos que realmente aconteceram às pessoas, enquanto os que sofrem de TOC têm pensamentos de catástrofes imaginárias.

Pessoas que estão clinicamente deprimidas podem ter pensamentos intrusivos com maior intensidade, comumente de temas auto desvalorativos. Os pensamentos suicidas, também comuns nas depressões devem ser diferenciados dos pensamentos intrusivos, porque eles, ao contrário dos pensamentos intrusivos, supõem um perigo concreto de passar ao ato.

As mães que experimentam pensamentos intrusivos no pós-parto, em geral contra o bebê, são relutantes em compartilhar esses pensamentos com o médico ou um membro da família e sofrem em silêncio por medo de que elas possam ser consideradas "loucas". E, assim, acabam por não receber o tratamento adequado para essa situação tão comum.

Como tratar os pensamentos intrusivos?

Paradoxalmente, os pensamentos intrusivos indesejados são reforçados ao se lutar contra eles e ao se tentar afastá-los da mente. Ou seja, eles também se tornam cada vez mais fortes ao se procurar evitá-los. A melhor maneira de dissipá-los é deixá-los em paz, tratá-los como desinteressantes e deixar que eles de dissipem por si mesmos. A pessoa deve logo categorizá-los como "pensamentos intrusivos" e lembrar-se de que eles são automáticos e não dependentes do querer da pessoa. Algumas boas alternativas são:

  • Não se sentir culpado por eles e dar tempo para que desapareçam. É importante saber que eles podem retornar outras vezes.
  • Colocar outros pensamentos positivos no lugar, ou alguma ação que traga bem-estar à pessoa, assim que esses pensamentos surgem, também ajuda na mudança do foco. Ou seja, não se deixar envolver por eles, seja de qual maneira for, fazendo esforços para empurrá-los para fora da mente, pode funcionar muito bem.
  • Nunca tentar descobrir o que esses pensamentos "significam", pois esta é uma maneira de afundar-se ainda mais neles, sem nenhum resultado.

Os pensamentos intrusivos associados ao TOC, à esquizofrenia2 e a outros quadros mórbidos exigem tratamentos psiquiátricos e/ou psicológicos especiais.

Veja também sobre "Depressão pós-parto", "Trauma psicológico", "Depressão maior ou transtorno depressivo reativo" e "Suicídio".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Science Direct e do NIH – National Institutes of Health.

ABCMED, 2021. Pensamentos intrusivos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1386245/pensamentos-intrusivos.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Neurose: Doença psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação.
2 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
3 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.

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