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Uncoartrose - A artrose das vértebras cervicais

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O que é uncoartrose?

A uncoartrose, também dita uncartrose, é uma condição que resulta de alterações causadas por uma artrose1 que compromete os processos unciformes das vértebras cervicais2, que são duas protuberâncias ósseas prismáticas laterais localizadas nas placas3 terminais vertebrais superiores, desde a vértebra cervical4 C3 até a C7.

Quais são as causas da uncoartrose?

Fatores genéticos, hereditários e ambientais podem levar à uncoartrose. Esses fatores quase sempre atuam em conjunto, causando o quadro clínico típico da doença. Contribuem para eles:

  1. a idade, porque a uncoartrose é uma parte normal do envelhecimento;
  2. a ocupação, por trabalhos que envolvem movimentos repetitivos do pescoço5, posicionamento desajeitado ou muita sobrecarga sobre a coluna;
  3. lesões6 cervicais anteriores parecem aumentar o risco de espondilose cervical;
  4. alguns indivíduos em certas famílias passarão por mudanças mais intensas, enquanto outros não, demonstrando o papel da hereditariedade7;
  5. o ato de fumar tem sido associado ao aumento da dor no pescoço5.
Leia sobre "O processo do envelhecimento", "Artrose1 da coluna vertebral8", "Síndrome9 cervicobraquial" e "Torcicolo10".

Qual é o substrato fisiopatológico da uncoartrose?

Com o avançar da idade, a coluna vertebral8 sofre várias alterações:

  1. Os discos intervertebrais, que agem como almofadas entre as vértebras, vão perdendo água e nutrientes e começam a secar e encolher, com isso, diminuem sua espessura e elasticidade11, o que permite mais contato de osso com osso entre as vértebras e compromete o papel deles de dar estabilidade funcional à coluna.
  2. Externamente, surgem rachaduras nos discos intervertebrais, levando a hérnias12 que às vezes podem pressionar a medula espinhal13 e as raízes nervosas14.
  3. Para compensar essas alterações, a coluna vai criando expansões ósseas (osteófitos15 ou “bicos de papagaios”) e essas “esporas” ósseas às vezes podem comprimir a medula espinhal13 e as raízes nervosas14.
  4. Os ligamentos16 (cordões de tecido17 que conectam osso a osso) se tornam rígidos, tornando o pescoço5 menos flexível.

Na parte cervical da coluna vertebral8, todas essas mudanças vão progressivamente diminuindo o diâmetro dos forames intervertebrais, que são os orifícios entre as duas últimas vértebras por onde passam as raízes nervosas14 que formam os nervos que vão servir aos membros superiores. Essa diminuição do diâmetro dos forames pode comprimir as raízes nervosas14 e gerar os sintomas18 da uncoartrose.

Quais são as características clínicas da uncoartrose?

A uncoartrose não causa sintomas18 na maioria das pessoas. Quando os sintomas18 ocorrem, incluem dor e rigidez no pescoço5. Se a medula espinhal13 ou raízes nervosas14 forem comprimidas, o paciente pode experimentar dormência19 nos braços e mãos20 e falta de coordenação dos movimentos.

Como o médico diagnostica a uncoartrose?

O diagnóstico21 da uncoartrose é orientado pelas queixas do paciente que, em geral, são bastante típicas, e por imagens radiológicas que mostram os desgastes dos discos intervertebrais e as excrescências22 ósseas características.

A uncoartrose aparece na imagem como uma corrosão da superfície articular e uma distorção geral dos processos uncinados, com formação de osteófitos15 associada, e mais as características pertinentes à artrose1 uncinada, que incluem hipertrofia23 e embotamento24 do processo uncinado25, estenose26 lateral da articulação27 vertebral, articulação27 uncovertebral na projeção lateral devido a osteófitos15 e estreitamento do forame28 intervertebral em vista radiográfica oblíqua29.

Como tratar a uncoartrose?

Nos casos mais simples, o tratamento é basicamente sintomático30 com analgésicos31 e anti-inflamatórios. A fisioterapia32 deve ser usada para melhorar a amplitude dos movimentos da coluna cervical33. O tratamento cirúrgico está reservado para casos graves em que é preciso descomprimir a medula34 ou as raízes nervosas14 comprometidas.

Como evolui a uncoartrose?

Se a medula espinhal13 ou as raízes nervosas14 forem severamente comprimidas como resultado da uncoartrose cervical, o dano causado a elas pode ser permanente.

Veja também sobre "Fisioterapia32", "Reeducação postural global (RPG)", "Yoga" e "Pilates".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da BVS - Biblioteca Virtual em Saúde e da U.S. National Library of Medicine.

ABCMED, 2021. Uncoartrose - A artrose das vértebras cervicais. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/1400420/uncoartrose-a-artrose-das-vertebras-cervicais.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Artrose: Também chamada de osteoartrose ou processo degenerativo articular, resulta de um processo anormal entre a destruição cartilaginosa e a reparação da mesma. Entende-se por cartilagem articular, um tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos que possuem algum grau de movimentação entre eles, sua função básica é a de diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam qualquer tipo de movimento, funcionando como mecanismo de absorção de choque. O estado de hidratação da cartilagem e a integridade da mesma, é fator preponderante para o não desenvolvimento da artrose.
2 Vértebras Cervicais:
3 Placas: 1. Lesões achatadas, semelhantes à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
4 Vértebra cervical:
5 Pescoço:
6 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
7 Hereditariedade: Conjunto de eventos biológicos responsáveis pela transmissão de uma herança a seus descendentes através de seus genes. Existem dois tipos de hereditariedade: especifica e individual. A hereditariedade especifica é responsavel pela transmissão de agentes genéticos que determinam a herança de características comuns a uma determinada espécie. A hereditariedade individual designa o conjunto de agentes genéticos que atuam sobre os traços e características próprios do indivíduo que o tornam um ser diferente de todos os outros.
8 Coluna vertebral:
9 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
10 Torcicolo: Distúrbio freqüente produzido por uma luxação nas vértebras da coluna cervical, ou a espasmos dos músculos do pescoço que produzem rigidez e rotação lateral do mesmo.
11 Elasticidade: 1. Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração, e retornar parcial ou totalmente à forma original. 2. Flexibilidade, agilidade física. 3. Ausência de senso moral.
12 Hérnias: É uma massa circunscrita formada por um órgão (ou parte de um órgão) que sai por um orifício, natural ou acidental, da cavidade que o contém. Por extensão de sentido, excrescência, saliência.
13 Medula Espinhal:
14 Raízes nervosas:
15 Osteófitos: Desenvolvimentos patológicos de tecido ósseo em torno de uma articulação, cuja cartilagem está alterada pela artrose.
16 Ligamentos: 1. Ato ou efeito de ligar(-se). Tudo o que serve para ligar ou unir. 2. Junção ou relação entre coisas ou pessoas; ligação, conexão, união, vínculo. 3. Na anatomia geral, é um feixe fibroso que liga entre si os ossos articulados ou mantém os órgãos nas respectivas posições. É uma expansão fibrosa ou aponeurótica de aparência ligamentosa. Ou também uma prega de peritônio que serve de apoio a qualquer das vísceras abdominais. 4. Vestígio de artéria fetal ou outra estrutura que perdeu sua luz original.
17 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
18 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
19 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
20 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
21 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
22 Excrescências: Ponto que se eleva acima de uma superfície, saliência, proeminência.
23 Hipertrofia: 1. Desenvolvimento ou crescimento excessivo de um órgão ou de parte dele devido a um aumento do tamanho de suas células constituintes. 2. Desenvolvimento ou crescimento excessivo, em tamanho ou em complexidade (de alguma coisa). 3. Em medicina, é aumento do tamanho (mas não da quantidade) de células que compõem um tecido. Pode ser acompanhada pelo aumento do tamanho do órgão do qual faz parte.
24 Embotamento: Ato ou efeito de perder ou tirar o vigor ou a sensibilidade; enfraquecer-se.
25 Processo uncinado: Diz-se do processo provido de unha, garra ou gancho; ou daquele que tem forma de unha ou garra; que é curvo ou recurvado.
26 Estenose: Estreitamento patológico de um conduto, canal ou orifício.
27 Articulação: 1. Ponto de contato, de junção de duas partes do corpo ou de dois ou mais ossos. 2. Ponto de conexão entre dois órgãos ou segmentos de um mesmo órgão ou estrutura, que geralmente dá flexibilidade e facilita a separação das partes. 3. Ato ou efeito de articular-se. 4. Conjunto dos movimentos dos órgãos fonadores (articuladores) para a produção dos sons da linguagem.
28 Forame: Mesmo que forâmen. Abertura, buraco, furo, cova. Na anatomia geral, é um orifício, abertura ou perfuração através de um osso ou estrutura membranosa.
29 Oblíqua: Reta que intercepta não perpendicularmente uma outra reta ou um plano.
30 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
31 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
32 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
33 Coluna cervical: A coluna cervical localiza-se no pescoço entre a parte inferior do crânio e a superior do tronco no nível dos ombros. Ela é composta por sete vértebras cervicais unidas por ligamentos, músculos e por elementos que preenchem o espaço entre elas, os discos intervertebrais. No interior da coluna cervical está o canal vertebral por onde passa a medula espinhal, que comanda todos os nossos movimentos e sensações. Nesta região, a medula emite oito raízes nervosas que se ramificam para a cabeça, pescoço, membros superiores, ombros e parte anterossuperior do tórax.
34 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
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