Fibrodisplasia ossificante progressiva - o osso fora do esqueleto
O que é fibrodisplasia ossificante progressiva?
A fibrodisplasia ossificante progressiva (FOP), ou miosite ossificante progressiva, é um distúrbio no qual o osso se forma no interior do tecido1 muscular e/ou conjuntivo, como tendões2 e ligamentos3, os quais são gradualmente substituídos por osso (ossificados), formando um osso fora do esqueleto4, chamado osso extra-esquelético ou heterotópico.
Quais são as causas da fibrodisplasia ossificante progressiva?
A maioria de casos de FOP ocorre esporadicamente. Quando se identifica um padrão familiar, vê-se que a FOP é herdada de forma autossômica5 dominante com penetração completa. Ou seja, basta uma cópia de gene alterada para o aparecimento da doença. Essa cópia pode ter sido herdada de qualquer um dos progenitores ou pode ser o resultado de uma mutação6 no indivíduo afetado. O risco de transmissão do gene anormal de um progenitor para um filho é de 50% em cada gestação, independentemente do sexo do bebê. Os surtos também podem ser causados por doenças virais, como a gripe7.
Qual é o substrato fisiológico8 da fibrodisplasia ossificante progressiva?
A FOP é causada por mutações no gene ACVR1. A proteína produzida por esse gene ajuda a controlar o crescimento e o desenvolvimento dos ossos e músculos9, incluindo a substituição gradual da cartilagem10 por osso (ossificação) que ocorre na maturação esquelética normal desde o nascimento até a idade adulta jovem.
Estudos mostram que mutações no gene ACVR1 interrompem os mecanismos que controlam a atividade do receptor dessa proteína. Como resultado, o receptor é ativado quando normalmente não deveria ser. O excesso de atividade do receptor causa crescimento excessivo de ossos e cartilagens11, resultando em sinais12 e sintomas13 de fibrodisplasia ossificante progressiva.
Qualquer trauma nos músculos9 de um indivíduo com fibrodisplasia ossificante progressiva, como queda ou procedimentos médicos invasivos, pode desencadear episódios de inchaço14 e inflamação15 musculares (miosite), seguidos por uma ossificação mais rápida na área lesada.
Leia sobre "Miosite", "Miosite ossificante", "Miopatias", "Dermatomiosite".
Quais são as principais características clínicas da fibrodisplasia ossificante progressiva?
Os pacientes afetados pela FOP podem ser reconhecidos pela formação de dois esqueletos: um esqueleto4 normal, formado durante a embriogênese16, e um esqueleto4 heterotópico, desenvolvido após o nascimento. O esqueleto4 formado durante a gestação é basicamente normal, porém, algumas pessoas com FOP têm defeitos congênitos17 na coluna cervical18, encurtamento do colo femoral19 e dos dedos dos pés e mãos20, malformações21 dos dedões dos pés e osteocondromas na porção proximal22 das tíbias.
As primeiras manifestações de ossificação heterotópica ocorrem na primeira década de vida. O quadro clínico nessa fase inicial ocorre como agudizações que são caracterizadas por edema23 e massas dolorosas que aparecem espontaneamente ou após traumas, quedas, cirurgias, biópsias24, injeções intramusculares e várias doenças virais.
Essas agudizações frequentemente levam à formação óssea heterotópica nas áreas afetadas, podendo comprometer os tendões2, ligamentos3, aponeuroses, fáscias e outros tecidos conjuntivos do sistema musculoesquelético. O osso neoformado pode causar a imobilização da parte do corpo onde se instala, à medida que as articulações25 são afetadas. Isso também leva à escoliose26, por causa da formação de barras ósseas assimétricas que ligam o tórax27 à pelve28.
A progressão da FOP é tipicamente de axial para apendicular (por exemplo, o pescoço29 e os ombros são afetados antes dos membros), de cranial para caudal (os ombros e cotovelos são afetados antes dos quadris e dos joelhos) e de proximal22 para distal30 (os ombros são afetados antes dos cotovelos e punhos; os quadris são afetados antes dos joelhos e dos tornozelos).
Como o médico diagnostica a fibrodisplasia ossificante progressiva?
Diagnósticos errados de FOP são comuns, mas podem ser evitados simplesmente com um detido exame físico que examine os dedos dos pés e se constate suas feições características: dedões do pé caracteristicamente curtos. O diagnóstico31 pode ser confirmado pela evolução clínica, outros achados físicos característicos e sequenciação do gene ACVR1.
Como o médico trata a fibrodisplasia ossificante progressiva?
Não existem tratamentos específicos e eficazes para a FOP. Certos tipos de drogas (principalmente corticosteroides) têm sido utilizados para aliviar a dor e o inchaço14 durante crises agudas, e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides são usados entre as crises.
Os indivíduos afetados podem se beneficiar da terapia ocupacional32. Sapatos especiais, suspensórios e outros dispositivos que auxiliam na caminhada e sustentação de peso têm sido usados para ajudar as pessoas com FOP. Dispositivos ou ferramentas especiais podem ajudar nas atividades diárias.
As biópsias24 e injeções intramusculares devem ser evitadas porque podem provocar um rápido crescimento ósseo no local. O tratamento dentário deve evitar injeções ou anestesia33 local. Além disso, os indivíduos devem evitar qualquer situação como quedas e lesões34 que possam causar trauma contuso, pois o trauma pode causar desenvolvimento ósseo anormal na maioria dos casos. Várias doenças virais, incluindo influenza35 e doenças semelhantes à influenza35, podem provocar surtos da doença.
Como evolui a fibrodisplasia ossificante progressiva?
O ritmo de evolução da FOP é altamente variável de paciente para paciente36. Há casos em que a doença se manifesta por agudizações repetidas, enquanto em outros a condição parece entrar em longos períodos de latência37. Na maioria dos casos, os pacientes adultos já estão confinados a uma cadeira de rodas, mas é possível encontrar pacientes de idade avançada com grau menor de restrição.
Veja também sobre "Tumores ósseos", "Sarcoma38 de Ewing", "Osteossarcoma", "Condrossarcoma" e "Rabdomiossarcoma39".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da NORD – National Organization for Rare Disorders, da U.S. National Library of Medicine e da RBO - Revista Brasileira de Ortopedia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.